quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Crítica - Emoji: O Filme



Resenha Emoji: O Filme

Review Emoji: O Filme
São tempos difíceis para a publicidade. Antigamente era certo de que as pessoas veriam ou ouviriam os anúncios publicitários veiculados nos intervalos comerciais de rádio e televisão e aqueles impressos em jornais. O consumo midiático migrou para internet, com serviços de streaming como a Netflix sem intervalos para publicidade e programas como Adblock que bloqueiam desde pop-ups e janelas de publicidade aos comerciais que passam no início dos vídeos de plataformas como Youtube. A publicidade passou a ser um inconveniente a ser evitado. Como, então, fazer publicidade em uma época na qual o consumidor foge dela como o diabo da cruz? Este Emoji: O Filme fornece uma resposta fácil para essa pergunta: simplesmente engane seu público. Faça ele acreditar que está vendo uma narrativa de fantasia e aventura e então despeje sem dó mensagens de consumo sobre ele.

Filmes feitos para venderem coisas não são exatamente novidade. Uma Aventura Lego (2014) tinha o claro interesse de vender seus brinquedos, mas fazia isso entregando uma narrativa genuinamente divertida e que lembrava do valor do componente lúdico, cooperativo e imaginativo do ato de brincar. Emoji: O Filme, no entanto, sequer parece se esforçar para encantar seu espectador, repetindo um monte de clichês pouco inspirados e algumas frases de efeito cheias de sensos comuns para dar a impressão de engajamento com uma determinada mensagem.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Crítica - Como Nossos Pais

Resenha Como Nossos Pais


Review Como Nossos Pais
Quando nos tornamos adultos eventualmente nos damos conta de que há algo em nossa conduta ou visão de mundo que reproduz um comportamento que víamos em nossos pais e nos incomodava quando criança. É provável que ao longo de nossa vida adulta tenhamos aquele momento de surpresa no qual dizemos a nós mesmos "nossa, estou falando/agindo igualzinho a meu pai/minha mãe". Para o bem e para o mal nossa relação com nossos pais impactam no resto de nossas vidas e é exatamente sobre isso que trata este Como Nossos Pais, novo filme da diretora Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças, Chega de Saudade).

A trama é centrada em Rosa (Maria Ribeiro), uma mulher com problemas no casamento que descobre, durante uma discussão com a mãe, que ela é fruto de um ato de traição da mãe, Clarice (Clarisse Abujamra), com outro homem. A revelação, somada à crescente crise em seu casamento com Dado (Paulo Vilhena), a faz questionar os rumos de sua vida e sua própria identidade.

Crítica - Os Guardiões

Análise Os Guardiões


Review Os Guardiões
Desde o início de sua divulgação aqui no Brasil este Os Guardiões tem sido vendido uma espécie de equivalente russo de filmes de super-heróis como Vingadores (2012). A primeira coisa que chamava atenção em sua publicidade era o visual exótico e exagerado de seus heróis, um deles sendo um tipo de homem-urso enorme com uma metralhadora imensa. Um homem-urso. Com uma metralhadora. Imensa. Imagino que se isso não convencer as pessoas a assistirem nada mais o fará. Afinal, um filme com um personagem desses deve ser ao menos divertido mesmo que seja ruim, certo? Bem, não.

Na trama, o governo russo desenvolveu um programa durante a Guerra Fria para criar soldados geneticamente alterados. Alguns experimentos são bem sucedidos, mas o programa acaba cancelado e as cobaias são liberadas. Anos depois, o maligno cientista Kuratov (Stanislav Shirin), um dos envolvidos no programa, ganha poderes em um acidente de laboratório quando os militares russos tentam capturá-lo. Transformado em um plágio do vilão Bane (sério, tem até uma cena em que ele quebra as costas de um dos heróis com o joelho), ele parte em um plano vago de destruição global, mas para isso precisa ativar um satélite que o permitirá controlar todas as máquinas do mundo. Assim, o governo precisa localizar as antigas cobaias, já que só eles podem deter o vilão.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Crítica - Atômica

Análise Atômica


Review Atômica
Apesar do pano de fundo histórico e uma trama que remete a antigas tramas de espionagem, este Atômica é muito mais um filme de ação do que um suspense histórico. Isso, claro, não é um problema e o resultado é bem enérgico e divertido, ainda que não reinvente a roda.

A trama se passa em 1989, meses antes da queda do muro de Berlim. A espiã britânica Lorraine Broughton (Charlize Theron) é enviada à capital alemã para recuperar uma lista contendo os nomes e operações de todos os agentes britânicos e soviéticos e descobrir quem é o agente duplo britânico que está vendendo informações para os inimigos.

É uma premissa simples e funcional, mas que o filme insiste em complicar mais do que deveria enchendo a narrativa de traições em cima de traições e constantes reviravoltas ao ponto em que tudo fica um pouco enfadonho e confuso. Eu sei que personagens tentando enganar uns aos outros faz parte da estrutura de filmes de espionagem, mas não é preciso apresentar uma reviravolta em cada cena. Afinal, se a todo momento o público tem o tapete puxado sob seus pés, não há razão para ficarmos tensos ou em suspense, pois não importa o que aconteça, a cena seguinte sempre tentará ser ainda mais surpreendente ao ponto em que o impacto das reviravoltas acaba esvaziado.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Crítica - Death Note

Análise Death Note


Review Death Note
Confesso que me aproximei deste Death Note sem conhecer muito do anime ou do mangá que o inspirou. Não tenho, portanto, como falar sobre o quanto é fiel ou deixa de ser ao material original, mas mesmo para alguém que conhece pouco da obra que inspirou essa produção original da Netflix o resultado não foi muito positivo.

A trama se passa nos Estados Unidos, na cidade de Seattle, e acompanha o jovem Light Turner (Nat Wolff) que acaba ficando em posse de um caderno místico chamado Death Note. O caderno pode matar qualquer pessoa cujo nome seja escrito em suas páginas, desde que o usuário também conheça o rosto da pessoa. Light decide usar o caderno para matar criminosos e acaba recrutando a colega Mia (Margaret Qualley) para ajudá-lo. Para que as mortes não sejam ligadas a ele, Light decide adotar o codinome Kira, que logo passa a ser celebrado e temido ao redor do mundo. Os crimes de Kira chamam a atenção do genial detetive L (Lakeith Stanfield) que decide parar seus crimes. Light decide parar um pouco de usar o caderno para não chamar tanta atenção, mas Ryuk (Willem Dafoe), a criatura sobrenatural responsável pelo caderno, o pressiona a continuar.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Crítica - Top of the Lake: 1ª Temporada

Análise Top of the Lake: 1ª Temporada


Review Top of the Lake: 1ª Temporada
Top of the Lake foi lançada em 2013 como uma minissérie, sem planos para outras temporadas ou novas histórias com a detetive Robin Griffin (Elizabeth Moss, a Offred de The Handmaid's Tale). O sucesso da série, no entanto, acabou motivando a diretora e showrunner Jane Campion a fazer uma nova temporada trazendo uma nova investigação da detetive e talvez tenhamos outras mais adiante.

A trama se passa no interior da Nova Zelândia e segue a detetive Robin Griffin, que é especializada em casos de abuso. Quando uma menina de doze anos é encontrada quase se afogando à beira de um lago e descobrem que ela está grávida de cinco meses, Robin é chamada para cuidar do caso e descobrir quem foi o responsável. As coisas se complicam quando a menina, Tui (Jacqueline Joe), desaparece e ela precisa correr contra o tempo para encontrar a garota. A investigação acaba levando a detetive a desenterrar segredos do passado que a cidadezinha e ela própria prefeririam não lembrar.

Apesar da trama ser bem típica da narrativa policial (detetive vai a uma pequena cidade na qual todos tem segredos), o olhar e a abordagem da trama são menos focados no "quem cometeu o crime" e mais na questão do trauma das vítimas, em como esse trauma se manifesta naquelas pessoas e nas possibilidades (se é que existem) de superar esse trauma.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Crítica - Agents of Mayhem

Análise Agents of Mayhem


Review Agents of Mayhem
Depois de levar a franquia Saints Row literalmente para o espaço (em Saints Row IV) e para o inferno (em Gat Out of Hell), parecia que a desenvolvedora Volition não tinha mais para onde levar a aloprada gangue e provavelmente tentaria outras coisas em projetos futuros. De certa forma foi o que aconteceu, já que este Agents of Mayhem traz uma nova história e um novo grupo de personagens ainda que se passe em uma espécie de universo alternativo de Saints Row criado durante um dos finais de Gat Out of Hell.

O conhecimento do que acontece nos jogos dos Saints, no entanto, não chega a ser necessário para compreender o que acontece aqui. Alguns personagens dos games dos Saints aparecem, mas como é um universo alternativo, o que aconteceu nos jogos anteriores não chega a afetar muita coisa. A trama gira em torno da Mayhem, uma organização internacional com agentes excêntricos de diferentes países. A entidade trava uma longa batalha com a maligna organização intitulada Legion, liderada pelo nefasto Dr. Babylon, que também tem sua cota de agentes excêntricos.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Crítica - Bingo: O Rei das Manhãs

Análise Bingo: O Rei das Manhãs


Review Bingo: O Rei das Manhãs
Levemente baseado na história real de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo na década de 80, este Bingo: O Rei das Manhãs é uma típica história de ascensão, queda e redenção de um artista. A trama é centrada em Augusto (Vladimir Brichta), um ator de filmes de conteúdo erótico que tenta fazer carreira nas telenovelas. Rejeitado pela emissora Mundial, a maior do país, ele tenta a sorte em uma emissora concorrente. Lá ele consegue um teste para ser o protagonista de um programa infantil, o palhaço Bingo (o nome Bozo não pôde ser usado por questões jurídicas). Ele consegue o papel e se torna um sucesso, mas o fato de que seu contrato proíbe a divulgação de seu nome como intérprete do palhaço começa a pesar em Augusto, que se afunda em drogas e bebidas.

A narrativa se beneficia ao explorar o contexto da televisão brasileira da época ao abordar a hegemonia quase que absoluta de uma única emissora que sozinha podia dizer o que faria ou não sucesso. Uma rede de televisão que podia condenar alguém ao ostracismo e esquecimento simplesmente porque parava de mencionar o nome de um ator quando ele deixava seus corredores. A Mundial é claramente um simulacro da Rede Globo (até o logo é parecido), provavelmente alterando o nome para evitar maiores problemas, que ainda hoje ocupa um lugar hegemônico no campo televisivo e exibindo práticas semelhantes às da empresa fictícia do filme, o que torna ainda mais relevante.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Crítica - O Castelo de Vidro

Análise O Castelo de Vidro


Review O Castelo de Vidro
Dividido entre duas temporalidades, o presente e o passado da protagonista, O Castelo de Vidro tem dificuldade em manter as duas frentes narrativas interessantes. Durante boa parte do tempo a sensação é que ele contém dois filmes em um, embora ainda assim o resultado seja satisfatório.

A trama é baseada na história real de Jeanette Wall (Brie Larson), uma repórter de Nova Iorque cuja infância foi passada em um estilo de vida nômade e pobre ao lado de seu complicado pai, Rex (Woody Harrelson), que constantemente tinha que se mudar para fugir de cobradores.

Os segmentos no presente, envolvendo Jeanette e seu noivo, David (Max Greenfield), são os menos interessantes. É aquela típica história da pessoa que conseguiu tudo o que queria, sucesso profissional, conforto material e um belo cônjuge, mas continua se sentindo incompleta. Não é o primeiro filme a contar esse tipo de história e outros, como Jerry Maguire: A Grande Virada (1996) já abordaram esse material de maneira mais satisfatória. O que incomoda nem é apenas a repetição de lugares comuns, mas a maneira óbvia como o filme apresenta tudo isso. Já em uma das primeiras cenas, em um jantar, fica evidente o senso de deslocamento de Jeanette, o incômodo em poder não falar abertamente sobre o passado da família e como o noivo dela quer afastá-la de seu passado e família.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Crítica - Os Defensores: 1ª Temporada

Análise Os Defensores: Primeira Temporada


Review The Defenders: Temporada 1
Desde que o projeto conjunto entre Marvel e Netflix foi anunciado, com séries individuais de super heróis "urbanos" eventualmente culminando em uma série conjunta de todos, esta primeira temporada de Os Defensores, havia a expectativa de que essa reunião resultasse em algo tão bacana quanto o primeiro filme dos Vingadores. Os Defensores não chega a ser tão bacana ou divertido quanto o primeiro encontro dos heróis cinematográficos da Marvel, mas tem sua parcela de qualidades. Aviso que a partir desse ponto o texto pode conter SPOILERS.

A trama demora um pouco a engrenar e o primeiro episódio passa tempo demais contextualizando cada um dos quatro protagonistas até começar a colocá-los para convergir no segundo. Mesmo o segundo episódio ainda não delineia com clareza o arco geral da temporada, que envolve a misteriosa Alexandra (Sigourney Weaver) querendo capturar Danny Rand (Finn Jones) para usar seu poder para abrir algo oculto no subterrâneo de Nova Iorque e consolidar o poder do clã ninja Tentáculo. Aos poucos, Matt Murdock (Charlie Cox), Luke Cage (Mike Colter) e Jessica Jones (Krysten Ritter) também vão se envolvendo com o Tentáculo, até que no terceiro episódio a série finalmente encontra seu ritmo.