A nostalgia pelos anos 80 e 90
parece estar em alta no cinema brasileiro. Depois do competente Bingo: O Rei das Manhãs chega aos
cinemas este Chocante, claramente
inspirado por bandas do anos 90 como Dominó e Menudo. Se Bingo conseguia contar uma história competente sobre o fascínio da
fama e a cultura oitentista, Chocante
não consegue ser nada mais que um exercício vazio de nostalgia que não tem nada
a dizer sobre a época que referencia além de um raso "lembra disso
daqui?".
A trama se passa nos dias atuais
quando um dos membros da antiga banda Chocante morre em um acidente insólito.
Os membros restantes: Téo (Bruno Mazzeo), Toni (Bruno Garcia), Clay (Marcus
Majella) e Tom (Lúcio Mauro Filho) se encontram no velório e começam a
relembrar dos velhos tempos. Juntamente com a antiga presidente do fã-clube,
Quézia (Débora Lamm), eles começam a pensar em retornar aos holofotes.
É um filme de praticamente dois
tipos de piadas. A primeiro tipo consiste em criar situações para mostrar como
eles estão velhos demais para tentar ser uma boy band. A segunda em mostrar como as vidas deles se tornaram
patéticas com um deles sendo anunciante de supermercado e outro virando
motorista de Uber (como se fossem profissões humilhantes). O filme passa boa
parte do tempo alternando entre essas situações rasas e superficiais até que
tudo se torne exaustivamente aborrecido e os 90 minutos de projeção pareçam
mais três horas. Os diálogos são igualmente óbvios e vomitam sem sutileza os
temas do roteiro. Um exemplo da conversa entre Téo e Tom na qual ele diz algo
como "você quer ficar vivendo no passado para não ter que encarar o
futuro" comunicando o espectador um sentimento que ele já deveria ter sido
capaz de perceber nos personagens.