quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Crítica - Blade Runner 2049


Análise Blade Runner 2049


Review Blade Runner 2049
Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) não era um filme que requisitava uma continuação. Considerando que é uma obra incrivelmente influente, tendo inspirado (estética e tematicamente) do mangá (e anime) Ghost in the Shell (1995) e filmes como Estranhos Prazeres (1995), Gattaca (1997) ou Cidade das Sombras (1998), era de se imaginar que talvez as possibilidades para um novo filme já tivessem sido exploradas e esgotadas. Felizmente esse Blade Runner 2049 é perfeitamente capaz de ampliar o que foi antes construído e ainda se manter respeitoso ao original.

A narrativa é centrada em K (Ryan Gosling), um novo e mais "dócil" modelo de replicante que trabalha para a polícia de Los Angeles caçando antigos modelos rebeldes. Ele estava no que deveria ser uma missão de rotina para capturar o replicante Sapper (Dave Bautista), quando encontra enterrado na casa dele os restos mortais de uma antiga replicante. A ossada traz sinais de que a replicante, apesar de ser uma criatura sintética, estava grávida e provavelmente morreu no parto. A chefe de K. a tenente Joshi (Robin Wright), fica preocupada com as implicações dessa descoberta. Se os replicantes podem se reproduzir, eles então poderiam ser considerados uma forma de vida autônoma e não meros produtos, criando assim uma série de conflitos éticos na exploração de seu trabalho de maneira escrava. A tenente ordena Joshi que descubra o que aconteceu com o suposto filho da replicante e apague todas as evidências para evitar um conflito social. K, no entanto, não é o único em busca desse filho perdido. O bilionário Wallace (Jared Leto), que controla a produção de replicantes, também deseja encontrá-lo, já que isso seria a chave para acelerar e baratear a criação de novos replicantes.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Crítica - Chocante

Análise Chocante


Review Chocante
A nostalgia pelos anos 80 e 90 parece estar em alta no cinema brasileiro. Depois do competente Bingo: O Rei das Manhãs chega aos cinemas este Chocante, claramente inspirado por bandas do anos 90 como Dominó e Menudo. Se Bingo conseguia contar uma história competente sobre o fascínio da fama e a cultura oitentista, Chocante não consegue ser nada mais que um exercício vazio de nostalgia que não tem nada a dizer sobre a época que referencia além de um raso "lembra disso daqui?".

A trama se passa nos dias atuais quando um dos membros da antiga banda Chocante morre em um acidente insólito. Os membros restantes: Téo (Bruno Mazzeo), Toni (Bruno Garcia), Clay (Marcus Majella) e Tom (Lúcio Mauro Filho) se encontram no velório e começam a relembrar dos velhos tempos. Juntamente com a antiga presidente do fã-clube, Quézia (Débora Lamm), eles começam a pensar em retornar aos holofotes.

É um filme de praticamente dois tipos de piadas. A primeiro tipo consiste em criar situações para mostrar como eles estão velhos demais para tentar ser uma boy band. A segunda em mostrar como as vidas deles se tornaram patéticas com um deles sendo anunciante de supermercado e outro virando motorista de Uber (como se fossem profissões humilhantes). O filme passa boa parte do tempo alternando entre essas situações rasas e superficiais até que tudo se torne exaustivamente aborrecido e os 90 minutos de projeção pareçam mais três horas. Os diálogos são igualmente óbvios e vomitam sem sutileza os temas do roteiro. Um exemplo da conversa entre Téo e Tom na qual ele diz algo como "você quer ficar vivendo no passado para não ter que encarar o futuro" comunicando o espectador um sentimento que ele já deveria ter sido capaz de perceber nos personagens.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Crítica - Jogo Perigoso

Análise Jogo Perigoso


Review Jogo Perigoso
Um casal sai de férias e vai para uma isolada cabana perto de um lago. Para apimentar a relação Gerald (Bruce Greenwood) propõe a Jessie (Carla Gugino) algemá-la nas barras da cama. A contragosto Jessie aceita, mas seu marido tem um infarto fulminante e cai morto aos seus pés. As chaves das algemas não estão perto, a cama é resistente e não há ninguém por perto para ouvir seus gritos de socorro. Se Jessie não conseguir se libertar é provável que ela morra de desidratação ou fome, mas as coisas pioram quando um cão faminto entra na cabana para se alimentar do cadáver de Gerald e Jessie sabe que ela será a próxima. É com essa premissa tensa e desesperadora que começa Jogo Perigoso, adaptação de um romance do célebre Stephen King.

Com pouquíssimo uso de música o filme investe em silêncios e nos efeitos sonoros de sons da floresta e da casa para construir a sensação de isolamento e solidão de Jessie, deixando claro o perigo e precariedade de sua situação. O trabalho de maquiagem é igualmente eficiente em denotar a decadência física e psicológica de Jessie, conforme os dias passam e a fome e a sede passam a abatê-la. A inanição começa a provocar delírios que mostram não só o desespero da personagem e como ela está perdendo seu senso de realidade, mas seu processo mental de pensar em maneiras de se libertar.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Crítica - Amores Canibais

Análise Amores Canibais


Review Amores CanibaisDepois de ver o ótimo Garota Sombria Caminha Pela Noite (2014) estava curioso pelo próximo trabalho da diretora Ana Lily Amirpour. Com esse Amores Canibais parecia que a realizadora conseguiria conciliar suas ambições artísticas com algo mais mainstream e facilmente vendável para o público frequentador de multiplexes, mas infelizmente o filme falha nas duas frentes.

A trama se passa em um futuro no qual o governo dos Estados Unidos desenvolveu uma maneira bastante peculiar para lidar com cidadãos indesejados. Eles são despachados para viver em um deserto no Texas, isolados do resto do país e no qual as leis não tem validade alguma, criando um ambiente brutal e hostil (pensem em Mad Max). Arlen (Suki Waterhouse) é uma dessas pessoas despachadas para o deserto e chegando lá é capturada por uma tribo de canibais que cortam seu braço e sua perna para comer. Mesmo com dois membros a menos, ela consegue escapar e chega à cidade de Conforto. Meses se passam até que ela se recupere e consiga uma prótese para sua perna, mas uma vez restabelecida, Arlen decide ir atrás de quem a mutilou. Ela mata uma das canibais, mas fica com pena da pequena garota que acompanhava a mulher e a leva consigo. O que Arlen não sabia é que a menina é a filha de Miami Man (Jason Momoa), líder dos canibais, e ele está disposto a qualquer coisa para recuperar a criança.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Crítica - Kingsman: O Círculo Dourado

Análise Kingsman: O Círculo Dourado


Review Kingsman: O Círculo Dourado
Ninguém esperava que Kingsman: O Serviço Secreto (2014) fosse ser tão bom com sua sátira anárquica dos tradicionais filmes espiões. O sucesso, no entanto, pode ser uma faca de dois gumes, já que este Kingsman: O Círculo Dourado chega com a expectativa de ser algo tão bacana quanto o primeiro filme e o resultado final pode frustrar quem entrar na sala de cinema com hype em alta. O problema mais grave do filme, porém, é que ele parece não entender o que seu anterior tinha de mais interessante.

A trama começa quando a Kingsman é atacada pela traficante de drogas Poppy (Julianne Moore). Com suas bases destruídas e sem recursos, Eggsy (Taron Egerton) e Merlin (Mark Strong) vão pedir ajuda à "agência-irmã" Statesman, o equivalente dos Estados Unidos da Kingsman. Lá recebem ajuda dos agentes Tequila (Channing Tatum), Uísque (Pedro Pascal) e Ginger Ale (Halle Berry) e descobrem que Harry (Colin Firth) sobreviveu aos eventos do filme anterior. Com o auxílio dos novos agentes Eggsy corre contra o tempo para impedir os planos de Poppy.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Crítica - Gaga: Five Foot Two

Análise Gaga: Five Foot Two


Review Gaga: Five Foot Two
Dos últimos anos pra cá houve uma onda crescente de documentários sobre música e artistas desse universo, tanto no cinema hollywoodiano quanto no brasileiro. Muitos desses filmes que tratavam de fenômenos pop recentes como Justin Bieber, One Direction, Katy Perry e outros, pareciam mais grandes publicidades ou making of de suas turnês a serem colocados como extra nos DVDs dos shows. Nos primeiros minutos deste Gaga: Five Foot Two temi que o filme se encaixasse nessa categoria ao ver a cantora sendo alçada ao alto minutos antes de começar sua apresentação no intervalo do Super Bowl.

Felizmente o resultado final passa longe de ser mera publicidade e há um esforço da equipe e do diretor Chris Moukabel em entender quem é Stefani Germanotta (nome real de Gaga) quando não está sob os holofotes. O que a impele, como ela enxerga o mundo, sua arte e a si mesma, como ela se relaciona com o impacto do estrelato e outras coisas mais. Nesse sentido o filme está mais próximo de obras como o seminal Don't Look Back (1967) sobre Bob Dylan do que essa onda recente de documentários pop.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Crítica - Dragon Quest Heroes 2

Análise Dragon Quest Heroes 2


Review Dragon Quest Heroes 2
Quando joguei o primeiro Dragon Quest Heroes, uma mistura entre a jogabilidade de Dynasty Warriors e o universo da franquia Dragon Quest, não esperava que o resultado fosse ser tão divertido e que conseguisse mesclar tão bem os elementos basilares das duas franquias. Este Dragon Quest 2 segue o que tinha funcionado bem antes, tentando corrigir alguns problemas e adicionar novos elementos, embora as novidades nem sempre funcionem.

A trama é melhor elaborada em relação à narrativa simplória do primeiro. Aqui acompanhamos as tensões entre dois reinos vizinhos que são manipulados ao confronto por uma força sombria. É uma premissa bem típica de RPGs japoneses, mas é bem executada o suficiente para gerar uma interessante intriga palaciana e reviravoltas. Os novatos não precisam se preocupar, já que não é preciso ter jogado o primeiro para entender o que acontece aqui.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Crítica - How to Get Away With Murder: 3ª Temporada

Análise How to Get Away With Murder: 3ª Temporada


Review How to Get Away With Murder: Season 3
Chegando na sua terceira temporada, a série How to Get Away With Murder continua a trabalhar com a mesma estrutura narrativa de mostrar um crime acontecendo e então retornar ao passado para mostrar como ele aconteceu, resolvendo tudo nos últimos episódios. Se antes tudo funcionava pelo afiado manejo da intriga, agora a série já não demonstra o mesmo vigor com algumas tramas que não decolam e resoluções que soam como trapaças. Aviso que o texto a seguir contem SPOILERS.

A narrativa começa no exato ponto em que a segunda temporada acabou, com Wes (Alfred Enoch) testemunhando o assassinato do homem que acredita ser seu pai biológico. Sem perder tempo, ficamos sabendo que Frank (Charlie Weber) foi o responsável, já que se Wes ou Annalise (Viola Davis) tentassem entregá-lo às autoridades, ele revelaria que a vítima era o pai de Wes, colocando as suspeitas sobre o estudante. Assim, Annalise tenta encontrar um meio de encontrar Frank e fazê-lo pagar por este assassinato, mas pelo que fez com ela no passado. A temporada tenta criar um clima de que todas as mentiras construídas pelos personagens até então podem ruir a qualquer momento com ameaças vindo por todos os lados, mas muitos desses arcos não rendem o que deveriam.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Crítica - Mãe!

Resenha Mãe!


Review Mãe!
O diretor Darren Aronofsky é famoso por obras enigmáticas e cheias de simbolismos, como Fonte da Vida (2006) e Cisne Negro (2010), que costumam exigir muito do espectador para penetrar em seus universos e decifrar seus segredos. Nesse sentido, Mãe! é talvez seu trabalho mais complexo e de difícil penetração, já que filmes anteriores tinham alguma linha narrativa que conseguia ser acompanhada pelo espectador mesmo que ele não se interessasse em interpretar seus subtextos. Mãe!, por outro lado, tem pouquíssima trama, se construindo em cima de alegorias, simbolismos e subtextos. Isso não é de maneira alguma uma falha, mas é preciso deixar clara a natureza da obra já que quem entrar desavisado no cinema certamente irá se frustrar e imagino que não serão muitos a estarem predispostos a embarcar na jornada alegórica proposta pelo filme.

O filme é focado em uma mulher (Jennifer Lawrence), a Mãe, e um homem (Javier Bardem), o Poeta, que vivem em uma isolada casa vitoriana. Ela trabalha na reforma da casa, desejando transformar tudo em um paraíso para os dois. Ele fica em seu escritório tentando escrever sua próxima grande poesia. O cotidiano tranquilo dos dois é bruscamente interrompido com a chegada de um novo casal (Ed Harris e Michelle Pfeiffer) que acaba se hospedando na casa a convite do Poeta, mesmo sob os protestos da Mãe. Com o tempo, a presença dos recém chegados começa a causar problema na relação entre dois.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Crítica - O Assassino: O Primeiro Alvo

Resenha O Assassino: O Primeiro Alvo


Análise O Assassino: O Primeiro Alvo
Não conheço os livros de Vince Flynn sobre o agente Mitch Rapp, mas confesso que este O Assassino: O Primeiro Alvo, que adapta o personagem para os cinemas, não me deixou com muita vontade de buscar ou conhecer mais sobre as aventuras literárias de Rapp. Apresentado aqui como uma espécie de James Bond, Jason Bourne ou Jack Bauer de quinta categoria, a trama que o filme tece ao redor do personagem soa como uma mera colcha de retalhos de clichês e nem mesmo isso é bem executado.

Mitch (Dylan O'Brien) acaba de pedir sua namorada em casamento em uma praia da Espanha quando um grupo de terroristas aparece e começa a atirar nas pessoas. A namorada de Mitch morre, mas ele sobrevive. Um ano e meio depois descobrimos que ele esteve treinando e se preparando para se infiltrar em uma célula terrorista para se vingar pela morte da noiva. Logicamente, a CIA o estava vigiando e ele é abordado pela agente Kennedy (Sanaa Lathan) para se juntar à agência. Ele aceita e vai treinar sob o comando do implacável Stan Hurley (Michael Keaton), mas seu treinamento é interrompido quando uma grande quantidade de plutônio cai nas mãos de terroristas iranianos e Stan e Mitch são chamados para impedir a ameaça.