terça-feira, 17 de outubro de 2017

Crítica - Além da Morte

Análise Além da Morte


Review Além da Morte
Linha Mortal (1990) não era lá grande coisa a despeito de sua premissa intrigante sobre o que acontece quando morremos e do carisma de seu elenco formado por (então) jovens astros como Julia Roberts, Kiefer Sutherland e Kevin Bacon. A ideia de um remake, este Além da Morte, só faria sentido se houvesse algum esforço para finalmente fazer jus ao potencial de sua premissa. Esta nova versão, no entanto, não demonstra qualquer disposição ou esforço de melhorar coisa alguma e ainda piora algumas coisas.

A trama é praticamente a mesma do filme original. Um grupo de estudantes de medicina decide pesquisar o há além da vida e que tipo de experiência uma pessoa tem depois da morte. A equipe é liderada por Courtney (Ellen Page) e a experiência consiste em zerar os batimentos cardíacos para depois ser revivido com o desfibrilador. Ao serem revividos, eles tem suas capacidades mentais ampliadas, mas também são atormentados por horrendas visões.

Assim como o original, a premissa sobrenatural/existencial acaba desperdiçada com explicações pouco convincentes que não dão conta do que exatamente está acontecendo. Se as visões são uma manifestação de seus traumas produzidos em sua mente em seus últimos momentos de vida, como essas visões, mesmo as que correspondem a pessoas que estão vivas, conseguem aparecer no mundo físico e ferir esses personagens? Suas mentes estão fazendo esses traumas se manifestar fisicamente no nosso mundo? Eles trouxeram para nosso mundo algum tipo de criatura que se alimenta do medo como o palhaço de It: A Coisa?

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Crítica - Mindhunter: 1ª Temporada

Análise Mindhunter: 1ª Temporada


Review Mindhunter: 1ª Temporada
Há uma frase do filósofo Friedrich Nietszche em seu livro Além do Bem e do Mal que diz que quem enfrenta monstros pena tornar-se um deles e que ao olhar o abismo o observador por ele também é contemplado. É possível interpretar que Nietszche queria falar sobre como é impossível passar por situações de moral questionável sem se afetado por elas e perseguir um inimigo significa absorver e se deixar "contaminar" em alguma medida por sua visão de mundo e maneira de pensar. É sobre isso que irá tratar essa primeira temporada de Mindhunter.

A série se passa na década de 70 e é centrada no agente do FBI Holden Ford (Jonathan Groff, a voz do Kristoff de Frozen). Holden trabalha como negociador de reféns e instrui novos agentes neste tipo de atividade, mas vai percebendo que seus conhecimentos não são suficientes para dar conta da conduta dos criminosos. Ele decide voltar à universidade e conhece Wendy Carr (Anna Torv), uma acadêmica que pesquisa condutas sociopatas. Ao lado dela e do agente Tench (Holt McCallany), também um instrutor do FBI, Holden propõe um estudo consistindo em entrevistar presos condenados por múltiplos crimes violentos para entender o que move esse tipo de criminoso.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Crítica - A Babá

Resenha Crítica - A Babá


Review A Babá
Curioso para saber o que sua babá faz depois que ele vai dormir, o garoto Cole (Judah Lewis) decide ficar acordado. Depois de um tempo ele desce de seu quarto e encontra sua babá, Bee (Samantha Weaving), recebendo alguns colegas na sala de sua casa. Parece uma festinha adolescente, com direito à brincadeira do "verdade ou desafio", mas as coisas dão uma guinada inesperada quando Bee esfaqueia um dos colegas. A babá e os amigos na verdade estavam ali para realizar um ritual satânico. É com essa premissa que inicia este A Babá, que podia ser um típico filme de terror, mas acaba se voltando mais para a comédia.

O filme investe no senso de absurdo e nas brincadeiras com as convenções de filmes de terror adolescentes como Sexta Feira 13 ou A Hora do Pesadelo. Os personagens são claramente caricaturas de arquétipos tradicionais como o atleta sempre sem camisa vivido por Robbie Amell, a líder de torcida burra e fútil interpretada por Bella Thorne ou a gótica trevosa de Hana Mae Lee. Os atores abraçam esses estereótipos entregando atuações cheias de exagero e canastrice que servem bem aos propósitos cômicos do filme.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Crítica - Entre Irmãs

Análise Entre Irmãs


Review Entre Irmãs
Com Entre Irmãs o diretor Breno Silveira (de Gonzaga: De Pai Para Filho e Dois Filhos de Francisco) ambiciona ser um grande épico sobre relações familiares e a formação da sociedade brasileira. Da duração do filme à música sempre presente e em alto volume tudo evoca grandiosidade, mas não deixa de ser curioso que os momentos em que tudo realmente funciona se dão quando a obra deixa essa pretensa grandiosidade de lado e foca nas pequenas coisas do cotidiano de suas duas protagonistas.

A narrativa é centrada nas irmãs Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano), que vivem no interior pernambucano nas primeiras décadas do século XX. As irmãs acabam separadas quando o cangaceiro Carcará (Júlio Machado) leva Luzia à força para acompanhar seu bando e Emília se casa com Degas (Romulo Estrela), um jovem abastado que vive em Recife, e se muda com ele para a capital.

Já na primeira cena, com as personagens ainda crianças, o filme estabelece as personalidades contrastantes das irmãs. Luzia é destemida e resoluta, Emília é romântica e ingênua. Poderiam ser personagens unidimensionais, mas Nanda Costa e Marjorie Estiano as preenchem de sentimentos, dúvidas, conflitos e frustrações tão verdadeiras que acreditamos nas personagens mesmo quando o texto deixa a desejar. Há uma grande naturalidade na relação entre elas e as duas comunicam muito uma para outra mesmo sem falarem diretamente.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Crítica - Logan Lucky: Roubo em Família

Resenha Logan Lucky: Roubo em Família


Review Logan Lucky: Roubo em Família
Retornando ao universo dos filmes de roubo depois de anos sem um novo projeto, o diretor Steven Soderbergh faz praticamente uma versão caipira de Onze Homens e Um Segredo (2001), também dirigido por ele, neste Logan Lucky: Roubo em Família. Depois de anos afastado da cadeira de direção nos cinemas, seu último filme foi Terapia de Risco (2013), o retorno de Soderbergh acaba rendendo uma esquisita e engraçada história de assalto.

A trama acompanha Jimmy Logan (Channing Tatum) que está em um péssimo momento em sua vida. Ele acaba de perder seu emprego e descobre que sua ex-mulher, Bobbie (Katie Holmes), vai se mudar para outro estado e levar sua filha junto. Sem perspectivas, ele decide roubar o cofre de um grande autódromo e para isso convoca a ajuda de seu irmão maneta Clyde (Adam Driver), sua irmã Mellie (Riley Keough) e do arrombador de cofres Joe Bang (Daniel Craig), que está preso, para realizar o golpe.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Crítica - As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme

Análise As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme'


Review As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme
Com super-heróis estando em evidência constante na produção hollywoodiana nos últimos anos, é de se imaginar que os estúdios tentem colocar as mãos em qualquer material envolvendo combatentes do crime fantasiados. Este As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme, adaptação dos livros de Dav Pilkey (que, confesso, nunca li), é basicamente o tipo de história de origem que Hollywood consegue fazer de olhos fechados, o que não significa necessariamente que este é um filme ruim. Na verdade, é bem divertido.
                                     
A trama é centrada nos meninos Jorge (Kevin Hart) e Haroldo (Thomas Middletich) que tentam enfrentar Krupp (Ed Helms), o diretor mal humorado de seu colégio, pregando peças e pegadinhas nele e nos professores. Eles também passam o tempo livre criando histórias em quadrinhos envolvendo um super-herói chamado Capitão Cueca, que enfrenta o crime usando apenas suas roupas de baixo. Quando uma brincadeira deles passa dos limites e o diretor Krupp ameaça colocá-los em salas separadas, os meninos o hipnotizam para que ele pense ser o Capitão Cueca. Simultaneamente o novo professor da escola, o Prof. Fraldinhasuja (Nick Kroll), se revela um cientista do mal que quer acabar com o riso do mundo. Cabe aos garotos e o Capitão Cueca salvar o dia.

Jogamos o beta de Star Wars Battlefront 2

Preview Star Wars Battlefront 2


O Star Wars Battlefront lançado dois anos atrás prometia muito, mas se revelou uma grande decepção. Sem um modo campanha, se limitando apenas à trilogia original quando até mesmo os antigos Battlefronts de PS2 exploravam as duas trilogias (a original e a prelúdio), com pouca variedade de modo e mapas e um caro passe de temporada, parecia um jogo incompleto.

A desenvolvedora EA prometeu sanar todas as queixas nesse Star Wars Battlefront 2. O jogo deve trazer uma campanha de um jogador que se estende ao longo dos três períodos retratados nos filmes e o multiplayer também deve explorar essas três eras. O jogo não terá mais um passe de temporada e o conteúdo adicional será gratuito, além de uma reformulação de várias mecânicas, prometendo mais conteúdo e uma melhor experiência de jogabilidade. O beta mostra essa evolução, mas ao mesmo tempo levanta algumas preocupações.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Crítica - Blade Runner 2049


Análise Blade Runner 2049


Review Blade Runner 2049
Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) não era um filme que requisitava uma continuação. Considerando que é uma obra incrivelmente influente, tendo inspirado (estética e tematicamente) do mangá (e anime) Ghost in the Shell (1995) e filmes como Estranhos Prazeres (1995), Gattaca (1997) ou Cidade das Sombras (1998), era de se imaginar que talvez as possibilidades para um novo filme já tivessem sido exploradas e esgotadas. Felizmente esse Blade Runner 2049 é perfeitamente capaz de ampliar o que foi antes construído e ainda se manter respeitoso ao original.

A narrativa é centrada em K (Ryan Gosling), um novo e mais "dócil" modelo de replicante que trabalha para a polícia de Los Angeles caçando antigos modelos rebeldes. Ele estava no que deveria ser uma missão de rotina para capturar o replicante Sapper (Dave Bautista), quando encontra enterrado na casa dele os restos mortais de uma antiga replicante. A ossada traz sinais de que a replicante, apesar de ser uma criatura sintética, estava grávida e provavelmente morreu no parto. A chefe de K. a tenente Joshi (Robin Wright), fica preocupada com as implicações dessa descoberta. Se os replicantes podem se reproduzir, eles então poderiam ser considerados uma forma de vida autônoma e não meros produtos, criando assim uma série de conflitos éticos na exploração de seu trabalho de maneira escrava. A tenente ordena Joshi que descubra o que aconteceu com o suposto filho da replicante e apague todas as evidências para evitar um conflito social. K, no entanto, não é o único em busca desse filho perdido. O bilionário Wallace (Jared Leto), que controla a produção de replicantes, também deseja encontrá-lo, já que isso seria a chave para acelerar e baratear a criação de novos replicantes.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Crítica - Chocante

Análise Chocante


Review Chocante
A nostalgia pelos anos 80 e 90 parece estar em alta no cinema brasileiro. Depois do competente Bingo: O Rei das Manhãs chega aos cinemas este Chocante, claramente inspirado por bandas do anos 90 como Dominó e Menudo. Se Bingo conseguia contar uma história competente sobre o fascínio da fama e a cultura oitentista, Chocante não consegue ser nada mais que um exercício vazio de nostalgia que não tem nada a dizer sobre a época que referencia além de um raso "lembra disso daqui?".

A trama se passa nos dias atuais quando um dos membros da antiga banda Chocante morre em um acidente insólito. Os membros restantes: Téo (Bruno Mazzeo), Toni (Bruno Garcia), Clay (Marcus Majella) e Tom (Lúcio Mauro Filho) se encontram no velório e começam a relembrar dos velhos tempos. Juntamente com a antiga presidente do fã-clube, Quézia (Débora Lamm), eles começam a pensar em retornar aos holofotes.

É um filme de praticamente dois tipos de piadas. A primeiro tipo consiste em criar situações para mostrar como eles estão velhos demais para tentar ser uma boy band. A segunda em mostrar como as vidas deles se tornaram patéticas com um deles sendo anunciante de supermercado e outro virando motorista de Uber (como se fossem profissões humilhantes). O filme passa boa parte do tempo alternando entre essas situações rasas e superficiais até que tudo se torne exaustivamente aborrecido e os 90 minutos de projeção pareçam mais três horas. Os diálogos são igualmente óbvios e vomitam sem sutileza os temas do roteiro. Um exemplo da conversa entre Téo e Tom na qual ele diz algo como "você quer ficar vivendo no passado para não ter que encarar o futuro" comunicando o espectador um sentimento que ele já deveria ter sido capaz de perceber nos personagens.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Crítica - Jogo Perigoso

Análise Jogo Perigoso


Review Jogo Perigoso
Um casal sai de férias e vai para uma isolada cabana perto de um lago. Para apimentar a relação Gerald (Bruce Greenwood) propõe a Jessie (Carla Gugino) algemá-la nas barras da cama. A contragosto Jessie aceita, mas seu marido tem um infarto fulminante e cai morto aos seus pés. As chaves das algemas não estão perto, a cama é resistente e não há ninguém por perto para ouvir seus gritos de socorro. Se Jessie não conseguir se libertar é provável que ela morra de desidratação ou fome, mas as coisas pioram quando um cão faminto entra na cabana para se alimentar do cadáver de Gerald e Jessie sabe que ela será a próxima. É com essa premissa tensa e desesperadora que começa Jogo Perigoso, adaptação de um romance do célebre Stephen King.

Com pouquíssimo uso de música o filme investe em silêncios e nos efeitos sonoros de sons da floresta e da casa para construir a sensação de isolamento e solidão de Jessie, deixando claro o perigo e precariedade de sua situação. O trabalho de maquiagem é igualmente eficiente em denotar a decadência física e psicológica de Jessie, conforme os dias passam e a fome e a sede passam a abatê-la. A inanição começa a provocar delírios que mostram não só o desespero da personagem e como ela está perdendo seu senso de realidade, mas seu processo mental de pensar em maneiras de se libertar.