quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Crítica - Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca

Análise Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca


Review Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca
O escândalo Watergate já foi bastante explorado pelo cinema hollywoodiano. O mais lembrado desses filmes é Todos Os Homens do Presidente (1976), que mostrava a investigação dos repórteres do Washington Post que expuseram o acobertamento cometido pelo governo com a ajuda de um informante de dentro do FBI. Este Mark Felt: O Homem Que Derrubou a Casa Branca acaba sendo um Todos Os Homens do Presidente sob a perspectiva do informante, o vice-diretor do FBI Mark Felt que acabou sendo apelidado como Garganta Profunda.

Ao reverter o ponto de vista em relação a uma história já conhecida era de se imaginar que a narrativa fosse se deter mais sobre a figura de Felt, seus conflitos e motivações, do que os eventos em si, que já foram exaustivamente explorados, mas o diretor e roteirista Peter Landesman (responsável pelo igualmente decepcionante Um Homem Entre Gigantes) parece mais interessado em recontar uma história já conhecida do que acrescentar algo a ela. A impressão é que em tempos de governo Trump, suspeita de conspiração com a Rússia e a demissão de um diretor do FBI por investigá-lo, a indústria cinematográfica queria lançar algo para lembrar ao público da importância de resistir aos desmandos de um presidente autoritário que não respeita a separação entre os poderes. Como não tinham nenhuma outra história do tipo, resolveram reciclar os eventos de Watergate e usá-los como metáfora para os tempos atuais.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Crítica - 1922

Análise 1922


Review 1922
Inúmeras histórias já foram contadas sobre pessoas que cometem crimes horrendos e são devastadas pela culpa. Do Macbeth de William Shakespeare ao Crime e Castigo de Dostoievski, faz tempo que a ficção se debruça sobre o tema. Este 1922, que adapta uma obra de Stephen King, também aborda essas ideias, conseguindo ser eficiente em tratar de decadência e culpa mesmo sem acrescentar de novo a este tipo de história.

No ano de 1922 o fazendeiro Wilfred (Thomas Jane) descobre que sua esposa, Arlette (Molly Parker), está disposta a vender as terras que herdou da família para poder se mudar para a capital com o filho deles, Henry (Dylan Schmid). Wilfred é um homem rústico, que tem orgulho de seu trabalho rural e de sua fazenda, não vendo com bons olhos a proposta da esposa. Quando ela se mostra irredutível em sua decisão, Wilfred decide matá-la. Depois da morte dela, no entanto, toda sorte de tragédia começa a se abater sobre o fazendeiro e sua propriedade enquanto visões da esposa morta começam a assombrar o fazendeiro.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Crítica - South Park: A Fenda Que Abunda Força

Análise South Park: A Fenda Que Abunda Força


Review South Park: The Fractured But Whole
Eu não esperava que South Park: The Stick of Truth fosse tão legal quanto acabou se revelando. Além de manter o espírito e senso de humor anárquico e crítico da série animada, era também um competente RPG que pegava elementos da série Paper Mario. Com isso a expectativa para esta continuação, South Park: A Fenda Que Abunda Força (The Fractured But Whole em inglês), estava bem alta e é muito bom constatar que ele não decepciona.

A trama começa com Cartman desistindo da brincadeira de fantasia medieval do jogo anterior e decidindo começar uma brincadeira de super-heróis com o intuito de transformar seus personagens em uma grande franquia cinematográfica tal qual os filmes da Marvel e da DC. Os garotos acabam brigando entre si pela criação desse universo compartilhado e se dividem entre duas facções. Cartman, que se tornou o herói Guaxinim, lidera o grupo Guaxinim e Amigos e recruta o "Garoto Novato" (o personagem do jogador) para seu grupo. Logicamente o que começa como uma brincadeira acaba saindo do controle e gera consequências absurdas com os garotos esbarrando em um esquema de drogas e tudo progredindo para tramas ainda mais sem noção, incluindo a revelação de quem estava por trás de tudo.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Crítica - Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe

Análise Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe


Review Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe
Narrativas sobre famílias excêntricas ou filhos com problemas com seus pais são bastante comuns. É fácil compreender o apelo desse tipo de obra, afinal todos identificamos comportamentos esquisitos e excêntricos em nossos familiares ou temos problemas em lidar com nossos genitores. Ainda assim este Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe consegue funcionar para além dos lugares comuns graças ao olhar sensível de Noah Baumbach e pelo encantamento de seus personagens.
                                                      
A trama é centrada na figura do patriarca Harold (Dustin Hoffman), um professor de arte e escultor aposentado que tenta se manter relevante no mundo da arte. Ao seu redor gravitam seus três filhos: Danny (Adam Sandler), Matt (Ben Stiller) e Jean (Elizabeth Marvel), cada um deles com diferentes problemas com o pai.

Dustin Hoffman é ótimo como o patriarca turrão e mal humorado. Sempre irritado com algo e lançando "protestos" sobre coisas irrelevantes que lhe causam um incômodo desproporcional e criando confusão por causa disso, sendo um sujeito igualmente fascinante, divertido e insuportável. Assim, é possível compreender o motivo dos filhos constantemente desejarem sua proximidade e aprovação apesar de Harold estar constantemente menosprezando-os ou fazendo escândalos perto deles.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Crítica - Tempestade: Planeta em Fúria

Análise Tempestade: Planeta em Fúria


Review Tempestade: Planeta em Fúria
Faz um bom tempo que o ator Gerard Butler não faz um filme realmente bom. Também faz algum tempo que o ator Ed Harris não faz um filme realmente ruim. Com trajetórias opostas os dois se encontram neste Tempestade: Planeta em Fúria. O resultado? Bem, vamos dizer que Ed Harris saiu prejudicado nessa.

Na trama, a humanidade é capaz de controlar e dissipar desastres naturais graças a uma rede de satélites que é capaz de deter tornados, terremotos, tsunamis e outras ocorrências. O aparato, no entanto, começa a apresentar falhas, causando desastres naturais ao redor do mundo. A recorrência desses problemas faz os responsáveis pelo sistema considerarem que alguém está deliberadamente interferindo no funcionamento do aparato. Agora cabe ao astronauta Jake (Gerard Butler) desativar os satélites, mas para isso será necessário que seus aliados em Terra localizem o presidente Andrew (Andy Garcia), o único que tem os códigos de desativação dos satélites.

Os personagens são unidimensionais e suas personalidades são uma coleção de clichês, sendo difícil nutrir simpatia ou torcer pela sua sobrevivência. O roteiro demora a engrenar e ainda está apresentando novos personagens mesmo quando já passaram cerca de cinquenta minutos de duração. Há uma tentativa de injetar humor ao dar aos personagens frases de efeito engraçadinhas mas a maioria delas é digna daquele seu tio que sempre faz a piada do pavê nos almoços de domingo e servem mais para constranger do que para fazer rir. Igualmente constrangedoras são as cenas românticas envolvendo Max (Jim Sturgess) e Sarah (Abbie Cornish) que deveriam ser engraçadinhas, mas não funcionam.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Crítica - Bom Comportamento

Análise Bom Comportamento


Review Bom Comportamento
Não conhecia o trabalho dos irmãos Safdie e entrei para assistir a este Bom Comportamento sem saber exatamente o que esperar. O filme com qual me defrontei, no entanto, me deixou curioso pelos próximos trabalhos da dupla e também para conferir suas realizações anteriores. A trama é centrada em Constantine, ou Connie (Robert Pattinson). Ele tenta roubar um banco com seu irmão surdo Nick (Benny Safdie) para poderem sair da cidade e viverem a vida que desejam no campo, mas o golpe dá errado e Nick é preso. Connie tenta pagar a fiança do irmão, mas não tem dinheiro. Ao descobrir que o irmão se envolveu em uma briga na prisão e foi hospitalizado, Connie decide invadir o hospital para libertá-lo, mas seus planos não correm como esperado e ele precisa correr madrugada adentro para resgatar o irmão.

O universo do filme de alguma maneira remete ao de Killer Joe: Matador de Aluguel (2012) ao focar em indivíduos sórdidos ou marginalizados e espaços sombrios. Os personagens do filme ou são sujeitos de péssimo caráter, mentalmente desequilibrados ou são ignorantemente marginalizados, sendo presa fácil para os criminosos e golpistas que habitam por entre as ruas sombrias da madrugada.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Crítica - Doentes de Amor

Análise  Doentes de Amor


Review  Doentes de Amor
Doentes de Amor podia facilmente se tornar um dramalhão trágico. Afinal, trata-se da história de um sujeito que conhece a mulher de sonhos e pouco tempo depois ela entra em coma. Tinha tudo para ser contado da maneira mais chorosa e apelativa possível, mas o texto do comediante Kumail Nanjiani e sua esposa Emily, que escreveram o filme a partir da história real de seu relacionamento, consegue ter sensibilidade o bastante para perceber a seriedade e contorno trágico da situação sem esquecer da leveza e bom humor.

A trama acompanha Kumail (Kumail Nanjiani), um jovem comediante de origem paquistanesa que tenta fazer sua carreira deslanchar. Sua família não vê com bons olhos sua escolha de carreira e sua mãe tenta a qualquer custo fazer um casamento arranjado para ele, mas Kumail não tem muito interesse na prática. As coisas se complicam quando ele conhece Emily (Zoe Kazan) e os dois começam a se relacionar. Ele esconde da família que está namorando uma mulher branca, já que seus familiares cortariam relações com ele, e também não conta a Emily que sua mãe está tentando arranjar um casamento para ele. As coisas se complicam quando Emily fica doente e precisa ser internada, sendo colocada em coma induzido. Como o estado dela era grave, Kumail acaba ligando para os pais dela e assim conhece os sogros, Terry (Ray Romano) e Beth (Holly Hunter).

Crítica - Além da Morte

Análise Além da Morte


Review Além da Morte
Linha Mortal (1990) não era lá grande coisa a despeito de sua premissa intrigante sobre o que acontece quando morremos e do carisma de seu elenco formado por (então) jovens astros como Julia Roberts, Kiefer Sutherland e Kevin Bacon. A ideia de um remake, este Além da Morte, só faria sentido se houvesse algum esforço para finalmente fazer jus ao potencial de sua premissa. Esta nova versão, no entanto, não demonstra qualquer disposição ou esforço de melhorar coisa alguma e ainda piora algumas coisas.

A trama é praticamente a mesma do filme original. Um grupo de estudantes de medicina decide pesquisar o há além da vida e que tipo de experiência uma pessoa tem depois da morte. A equipe é liderada por Courtney (Ellen Page) e a experiência consiste em zerar os batimentos cardíacos para depois ser revivido com o desfibrilador. Ao serem revividos, eles tem suas capacidades mentais ampliadas, mas também são atormentados por horrendas visões.

Assim como o original, a premissa sobrenatural/existencial acaba desperdiçada com explicações pouco convincentes que não dão conta do que exatamente está acontecendo. Se as visões são uma manifestação de seus traumas produzidos em sua mente em seus últimos momentos de vida, como essas visões, mesmo as que correspondem a pessoas que estão vivas, conseguem aparecer no mundo físico e ferir esses personagens? Suas mentes estão fazendo esses traumas se manifestar fisicamente no nosso mundo? Eles trouxeram para nosso mundo algum tipo de criatura que se alimenta do medo como o palhaço de It: A Coisa?

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Crítica - Mindhunter: 1ª Temporada

Análise Mindhunter: 1ª Temporada


Review Mindhunter: 1ª Temporada
Há uma frase do filósofo Friedrich Nietszche em seu livro Além do Bem e do Mal que diz que quem enfrenta monstros pena tornar-se um deles e que ao olhar o abismo o observador por ele também é contemplado. É possível interpretar que Nietszche queria falar sobre como é impossível passar por situações de moral questionável sem se afetado por elas e perseguir um inimigo significa absorver e se deixar "contaminar" em alguma medida por sua visão de mundo e maneira de pensar. É sobre isso que irá tratar essa primeira temporada de Mindhunter.

A série se passa na década de 70 e é centrada no agente do FBI Holden Ford (Jonathan Groff, a voz do Kristoff de Frozen). Holden trabalha como negociador de reféns e instrui novos agentes neste tipo de atividade, mas vai percebendo que seus conhecimentos não são suficientes para dar conta da conduta dos criminosos. Ele decide voltar à universidade e conhece Wendy Carr (Anna Torv), uma acadêmica que pesquisa condutas sociopatas. Ao lado dela e do agente Tench (Holt McCallany), também um instrutor do FBI, Holden propõe um estudo consistindo em entrevistar presos condenados por múltiplos crimes violentos para entender o que move esse tipo de criminoso.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Crítica - A Babá

Resenha Crítica - A Babá


Review A Babá
Curioso para saber o que sua babá faz depois que ele vai dormir, o garoto Cole (Judah Lewis) decide ficar acordado. Depois de um tempo ele desce de seu quarto e encontra sua babá, Bee (Samantha Weaving), recebendo alguns colegas na sala de sua casa. Parece uma festinha adolescente, com direito à brincadeira do "verdade ou desafio", mas as coisas dão uma guinada inesperada quando Bee esfaqueia um dos colegas. A babá e os amigos na verdade estavam ali para realizar um ritual satânico. É com essa premissa que inicia este A Babá, que podia ser um típico filme de terror, mas acaba se voltando mais para a comédia.

O filme investe no senso de absurdo e nas brincadeiras com as convenções de filmes de terror adolescentes como Sexta Feira 13 ou A Hora do Pesadelo. Os personagens são claramente caricaturas de arquétipos tradicionais como o atleta sempre sem camisa vivido por Robbie Amell, a líder de torcida burra e fútil interpretada por Bella Thorne ou a gótica trevosa de Hana Mae Lee. Os atores abraçam esses estereótipos entregando atuações cheias de exagero e canastrice que servem bem aos propósitos cômicos do filme.