O escândalo Watergate já foi
bastante explorado pelo cinema hollywoodiano. O mais lembrado desses filmes é Todos Os Homens do Presidente (1976),
que mostrava a investigação dos repórteres do Washington Post que expuseram o
acobertamento cometido pelo governo com a ajuda de um informante de dentro do
FBI. Este Mark Felt: O Homem Que Derrubou
a Casa Branca acaba sendo um Todos Os
Homens do Presidente sob a perspectiva do informante, o vice-diretor do FBI
Mark Felt que acabou sendo apelidado como Garganta Profunda.
Ao reverter o ponto de vista em
relação a uma história já conhecida era de se imaginar que a narrativa fosse se
deter mais sobre a figura de Felt, seus conflitos e motivações, do que os
eventos em si, que já foram exaustivamente explorados, mas o diretor e
roteirista Peter Landesman (responsável pelo igualmente decepcionante Um Homem Entre Gigantes) parece mais
interessado em recontar uma história já conhecida do que acrescentar algo a
ela. A impressão é que em tempos de governo Trump, suspeita de conspiração com
a Rússia e a demissão de um diretor do FBI por investigá-lo, a indústria
cinematográfica queria lançar algo para lembrar ao público da importância de resistir
aos desmandos de um presidente autoritário que não respeita a separação entre
os poderes. Como não tinham nenhuma outra história do tipo, resolveram reciclar
os eventos de Watergate e usá-los como metáfora para os tempos atuais.