segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Crítica - Depois Daquela Montanha



Duas pessoas que nunca se viram resolvem pegar um voo fretado em um pequeno bimotor quando seus voos são cancelados. Eles são pegos por uma tempestade e o avião cai nas montanhas, apenas o casal e o cão do piloto sobrevivem à queda. O começo de Depois Daquela Montanha, adaptação do livro de Charles Martin (que não li), promete uma instigante e tensa história de sobrevivência, mas o desenvolvimento de sua trama acaba decepcionando.

O início da jornada de Alex (Kate Winslet) e Ben (Idris Elba) começa bem ao criar situações de tensão com os dois feridos nos destroços do avião, racionando o pouco de comida e tentando continuar vivos até que o resgate chegue. As tomadas aéreas amplas ressaltam a imensidão erma da montanha gelada e a pouca presença de música evidencia o silêncio do local, aumentando a sensação de vazio e isolamento experimentada pelos protagonistas.

Depois de alguns momentos bem tensos como o momento em que Ben desliza em direção a um penhasco ou quando Alex encontra um Puma, a trama começa a perder fôlego conforme o casal resolve descer a montanha. O que se segue se mostra bastante repetitivo com a dupla brigando, fazendo as pazes, correndo atrás do cachorro e um dos dois ocasionalmente se machucando e ficando inconsciente. Lá pela terceira vez que a trama deixa um dos dois inconscientes e cria dúvida se irá despertar ou não tudo começa a soar mecânico e repetitivo, como se a trama andasse em círculos para tentar disfarçar sua falta de conteúdo. Exceto pelo momento em que o gelo desaba sob os pés de Alex (uma cena que os trailers já entregavam), o restante do filme segue sem muita tensão.

sábado, 28 de outubro de 2017

Crítica - Thor: Ragnarok

Análise Thor: Ragnarok


Review Thor: Ragnarok
Thor: Ragnarok é provavelmente o melhor dos três filmes solo do deus do trovão da Marvel, mas, convenhamos, isso não é lá um grande feito. O elemento principal que eleva este filme em relação aos dois outros é que pelo menos há uma visão bem clara e singular sendo transmitida ainda que talvez não seja a mais adequada ao material.

A trama começa com Thor (Chris Hemsworth) enfrentando Surtur (Clancy Brown) para impedir o Ragnarok, o fim de Asgard. Ele retorna a Asgard para guardar a coroa de Surtur, mas descobre que Loki (Tom Hiddleston) tomou o lugar de Odin (Anthony Hopkins), que foi banido para a Terra. A ausência de Odin permite que a deusa da morte Hela (Cate Blanchett) saia de sua prisão e ataque Asgard. Na luta contra Hela, Thor acaba sendo jogado para longe de Asgard e vai parar no selvagem planeta Sakaar, sendo capturado e obrigado a lutar como gladiador na arena do Grãomestre (Jeff Goldblum). Quando Thor descobre que o principal campeão do lugar é o Hulk (Mark Ruffalo), percebe que há uma chance de escapar e retornar para Asgard.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Crítica - Stranger Things: 2ª Temporada

Análise Stranger Things: 2ª Temporada


Review Stranger Things: 2ª Temporada
A primeira temporada de Stranger Things pegou todo mundo de surpresa com sua trama nostálgica e seu universo que misturava terror, ficção científica e uma trama juvenil de amadurecimento. Essa segunda temporada consegue manter o nível da anterior, ampliando seu universo e desenvolvendo as relações entre seus personagens. Aviso que alguns pequenos SPOILERS estão presentes no texto a seguir.

A trama começa um ano depois dos eventos da temporada anterior. Mike (Finn Wolfhard) sente falta de Onze (Millie Bobby Brown) e tenta se comunicar com ela via rádio. Will (Noah Schnapps) continua tendo visões sobre o Mundo Invertido e é acompanhado por sua mãe, Joyce (Winona Ryder), e pelo delegado Hopper (David Harbour) ao Dr. Owens (Paul Reiser), cientista que é agora responsável pelo projeto do governo que abriu o portal para o mundo invertido e limpar a bagunça feita pelo Dr. Martin (Matthew Modine) na temporada anterior. As plantações da cidade começam a apodrecer e Hopper acha que os incidentes tem relação com o Mundo Invertido.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Crítica - Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca

Análise Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca


Review Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca
O escândalo Watergate já foi bastante explorado pelo cinema hollywoodiano. O mais lembrado desses filmes é Todos Os Homens do Presidente (1976), que mostrava a investigação dos repórteres do Washington Post que expuseram o acobertamento cometido pelo governo com a ajuda de um informante de dentro do FBI. Este Mark Felt: O Homem Que Derrubou a Casa Branca acaba sendo um Todos Os Homens do Presidente sob a perspectiva do informante, o vice-diretor do FBI Mark Felt que acabou sendo apelidado como Garganta Profunda.

Ao reverter o ponto de vista em relação a uma história já conhecida era de se imaginar que a narrativa fosse se deter mais sobre a figura de Felt, seus conflitos e motivações, do que os eventos em si, que já foram exaustivamente explorados, mas o diretor e roteirista Peter Landesman (responsável pelo igualmente decepcionante Um Homem Entre Gigantes) parece mais interessado em recontar uma história já conhecida do que acrescentar algo a ela. A impressão é que em tempos de governo Trump, suspeita de conspiração com a Rússia e a demissão de um diretor do FBI por investigá-lo, a indústria cinematográfica queria lançar algo para lembrar ao público da importância de resistir aos desmandos de um presidente autoritário que não respeita a separação entre os poderes. Como não tinham nenhuma outra história do tipo, resolveram reciclar os eventos de Watergate e usá-los como metáfora para os tempos atuais.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Crítica - 1922

Análise 1922


Review 1922
Inúmeras histórias já foram contadas sobre pessoas que cometem crimes horrendos e são devastadas pela culpa. Do Macbeth de William Shakespeare ao Crime e Castigo de Dostoievski, faz tempo que a ficção se debruça sobre o tema. Este 1922, que adapta uma obra de Stephen King, também aborda essas ideias, conseguindo ser eficiente em tratar de decadência e culpa mesmo sem acrescentar de novo a este tipo de história.

No ano de 1922 o fazendeiro Wilfred (Thomas Jane) descobre que sua esposa, Arlette (Molly Parker), está disposta a vender as terras que herdou da família para poder se mudar para a capital com o filho deles, Henry (Dylan Schmid). Wilfred é um homem rústico, que tem orgulho de seu trabalho rural e de sua fazenda, não vendo com bons olhos a proposta da esposa. Quando ela se mostra irredutível em sua decisão, Wilfred decide matá-la. Depois da morte dela, no entanto, toda sorte de tragédia começa a se abater sobre o fazendeiro e sua propriedade enquanto visões da esposa morta começam a assombrar o fazendeiro.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Crítica - South Park: A Fenda Que Abunda Força

Análise South Park: A Fenda Que Abunda Força


Review South Park: The Fractured But Whole
Eu não esperava que South Park: The Stick of Truth fosse tão legal quanto acabou se revelando. Além de manter o espírito e senso de humor anárquico e crítico da série animada, era também um competente RPG que pegava elementos da série Paper Mario. Com isso a expectativa para esta continuação, South Park: A Fenda Que Abunda Força (The Fractured But Whole em inglês), estava bem alta e é muito bom constatar que ele não decepciona.

A trama começa com Cartman desistindo da brincadeira de fantasia medieval do jogo anterior e decidindo começar uma brincadeira de super-heróis com o intuito de transformar seus personagens em uma grande franquia cinematográfica tal qual os filmes da Marvel e da DC. Os garotos acabam brigando entre si pela criação desse universo compartilhado e se dividem entre duas facções. Cartman, que se tornou o herói Guaxinim, lidera o grupo Guaxinim e Amigos e recruta o "Garoto Novato" (o personagem do jogador) para seu grupo. Logicamente o que começa como uma brincadeira acaba saindo do controle e gera consequências absurdas com os garotos esbarrando em um esquema de drogas e tudo progredindo para tramas ainda mais sem noção, incluindo a revelação de quem estava por trás de tudo.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Crítica - Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe

Análise Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe


Review Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe
Narrativas sobre famílias excêntricas ou filhos com problemas com seus pais são bastante comuns. É fácil compreender o apelo desse tipo de obra, afinal todos identificamos comportamentos esquisitos e excêntricos em nossos familiares ou temos problemas em lidar com nossos genitores. Ainda assim este Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe consegue funcionar para além dos lugares comuns graças ao olhar sensível de Noah Baumbach e pelo encantamento de seus personagens.
                                                      
A trama é centrada na figura do patriarca Harold (Dustin Hoffman), um professor de arte e escultor aposentado que tenta se manter relevante no mundo da arte. Ao seu redor gravitam seus três filhos: Danny (Adam Sandler), Matt (Ben Stiller) e Jean (Elizabeth Marvel), cada um deles com diferentes problemas com o pai.

Dustin Hoffman é ótimo como o patriarca turrão e mal humorado. Sempre irritado com algo e lançando "protestos" sobre coisas irrelevantes que lhe causam um incômodo desproporcional e criando confusão por causa disso, sendo um sujeito igualmente fascinante, divertido e insuportável. Assim, é possível compreender o motivo dos filhos constantemente desejarem sua proximidade e aprovação apesar de Harold estar constantemente menosprezando-os ou fazendo escândalos perto deles.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Crítica - Tempestade: Planeta em Fúria

Análise Tempestade: Planeta em Fúria


Review Tempestade: Planeta em Fúria
Faz um bom tempo que o ator Gerard Butler não faz um filme realmente bom. Também faz algum tempo que o ator Ed Harris não faz um filme realmente ruim. Com trajetórias opostas os dois se encontram neste Tempestade: Planeta em Fúria. O resultado? Bem, vamos dizer que Ed Harris saiu prejudicado nessa.

Na trama, a humanidade é capaz de controlar e dissipar desastres naturais graças a uma rede de satélites que é capaz de deter tornados, terremotos, tsunamis e outras ocorrências. O aparato, no entanto, começa a apresentar falhas, causando desastres naturais ao redor do mundo. A recorrência desses problemas faz os responsáveis pelo sistema considerarem que alguém está deliberadamente interferindo no funcionamento do aparato. Agora cabe ao astronauta Jake (Gerard Butler) desativar os satélites, mas para isso será necessário que seus aliados em Terra localizem o presidente Andrew (Andy Garcia), o único que tem os códigos de desativação dos satélites.

Os personagens são unidimensionais e suas personalidades são uma coleção de clichês, sendo difícil nutrir simpatia ou torcer pela sua sobrevivência. O roteiro demora a engrenar e ainda está apresentando novos personagens mesmo quando já passaram cerca de cinquenta minutos de duração. Há uma tentativa de injetar humor ao dar aos personagens frases de efeito engraçadinhas mas a maioria delas é digna daquele seu tio que sempre faz a piada do pavê nos almoços de domingo e servem mais para constranger do que para fazer rir. Igualmente constrangedoras são as cenas românticas envolvendo Max (Jim Sturgess) e Sarah (Abbie Cornish) que deveriam ser engraçadinhas, mas não funcionam.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Crítica - Bom Comportamento

Análise Bom Comportamento


Review Bom Comportamento
Não conhecia o trabalho dos irmãos Safdie e entrei para assistir a este Bom Comportamento sem saber exatamente o que esperar. O filme com qual me defrontei, no entanto, me deixou curioso pelos próximos trabalhos da dupla e também para conferir suas realizações anteriores. A trama é centrada em Constantine, ou Connie (Robert Pattinson). Ele tenta roubar um banco com seu irmão surdo Nick (Benny Safdie) para poderem sair da cidade e viverem a vida que desejam no campo, mas o golpe dá errado e Nick é preso. Connie tenta pagar a fiança do irmão, mas não tem dinheiro. Ao descobrir que o irmão se envolveu em uma briga na prisão e foi hospitalizado, Connie decide invadir o hospital para libertá-lo, mas seus planos não correm como esperado e ele precisa correr madrugada adentro para resgatar o irmão.

O universo do filme de alguma maneira remete ao de Killer Joe: Matador de Aluguel (2012) ao focar em indivíduos sórdidos ou marginalizados e espaços sombrios. Os personagens do filme ou são sujeitos de péssimo caráter, mentalmente desequilibrados ou são ignorantemente marginalizados, sendo presa fácil para os criminosos e golpistas que habitam por entre as ruas sombrias da madrugada.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Crítica - Doentes de Amor

Análise  Doentes de Amor


Review  Doentes de Amor
Doentes de Amor podia facilmente se tornar um dramalhão trágico. Afinal, trata-se da história de um sujeito que conhece a mulher de sonhos e pouco tempo depois ela entra em coma. Tinha tudo para ser contado da maneira mais chorosa e apelativa possível, mas o texto do comediante Kumail Nanjiani e sua esposa Emily, que escreveram o filme a partir da história real de seu relacionamento, consegue ter sensibilidade o bastante para perceber a seriedade e contorno trágico da situação sem esquecer da leveza e bom humor.

A trama acompanha Kumail (Kumail Nanjiani), um jovem comediante de origem paquistanesa que tenta fazer sua carreira deslanchar. Sua família não vê com bons olhos sua escolha de carreira e sua mãe tenta a qualquer custo fazer um casamento arranjado para ele, mas Kumail não tem muito interesse na prática. As coisas se complicam quando ele conhece Emily (Zoe Kazan) e os dois começam a se relacionar. Ele esconde da família que está namorando uma mulher branca, já que seus familiares cortariam relações com ele, e também não conta a Emily que sua mãe está tentando arranjar um casamento para ele. As coisas se complicam quando Emily fica doente e precisa ser internada, sendo colocada em coma induzido. Como o estado dela era grave, Kumail acaba ligando para os pais dela e assim conhece os sogros, Terry (Ray Romano) e Beth (Holly Hunter).