segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Lixo Extraordinário - The Room

Análise The Room


Review The Room
Faz tempo que penso em iniciar uma coluna dedicada a falar só sobre filmes lendários por sua ruindade. A escolha de qual filme teria a "honra" de estrear acabou sendo muito fácil. The Room, lançado em 2003, é considerado por muitos o Cidadão Kane dos filmes ruins. É tão ruim, mas tão ruim, no qual tudo é tal mal concebido, que se torna absolutamente hilário.

O fenômeno The Room


Se eu tivesse que explicar o quanto é ruim, provavelmente diria que parece algo feito por um alienígena que nunca esteve na Terra, nunca teve contato com seres humanos e tentou fazer um filme a partir do que ouviu outros alienígenas falarem sobre a conduta da nossa espécie. O resultado é um filme esquisitíssimo no qual ninguém parece se comportar como uma pessoa de verdade, mas um simulacro equivocado do que um humano deveria ser, algo tão sem noção que é difícil não rir. O fato de ter se tornado uma espécie de filme cult nos últimos anos provavelmente se deve a essa capacidade de gerar risos.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Crítica - Terra Selvagem

Análise Terra Selvagem


Review Terra Selvagem
Narrativas policiais comumente tratam do embate entre a razão e a violência. Westerns (ou faroestes) normalmente tratam sobre o embate entre o homem e um ambiente selvagem, brutal, seja ele fruto da ação humana ou da natureza. É possível perceber como podem existir interseções entre os dois e, na prática, e Terra Selvagem opera com essas duas coisas em mente. Funciona como um mash-up entre Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (2011) e Onde os Fracos Não Tem Vez (2007) e ainda que não chegue no altíssimo nível dos dois, consegue ser bastante competente.

A narrativa começa na reserva indígena de Wind River (que dá o título original do filme) no interior gelado do estado do Wyoming (o menos povoado dos Estados Unidos). O caçador Cory (Jeremy Renner) encontra o cadáver de uma jovem descalça na neve e como a reserva é terreno federal o FBI é chamado. A agente Jane (Elizabeth Olsen) examina o local e suspeita de assassinato. Como não conhece o território, Jane decide chamar Cory para ajudar na investigação com suas habilidades de seguir rastros.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

5 Contra 1: Filmes de Terror de 2017

Ranking Filmes de Terror de 2017


O ano de 2017 foi muito bom para o cinema de terror e embora ainda não tenha acabado, aproveitamos a data do Dia das Bruxas (ou Halloween) para enumerar alguns dos melhores e piores filmes do gênero que chegaram ao Brasil neste ano.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Crítica - Depois Daquela Montanha



Duas pessoas que nunca se viram resolvem pegar um voo fretado em um pequeno bimotor quando seus voos são cancelados. Eles são pegos por uma tempestade e o avião cai nas montanhas, apenas o casal e o cão do piloto sobrevivem à queda. O começo de Depois Daquela Montanha, adaptação do livro de Charles Martin (que não li), promete uma instigante e tensa história de sobrevivência, mas o desenvolvimento de sua trama acaba decepcionando.

O início da jornada de Alex (Kate Winslet) e Ben (Idris Elba) começa bem ao criar situações de tensão com os dois feridos nos destroços do avião, racionando o pouco de comida e tentando continuar vivos até que o resgate chegue. As tomadas aéreas amplas ressaltam a imensidão erma da montanha gelada e a pouca presença de música evidencia o silêncio do local, aumentando a sensação de vazio e isolamento experimentada pelos protagonistas.

Depois de alguns momentos bem tensos como o momento em que Ben desliza em direção a um penhasco ou quando Alex encontra um Puma, a trama começa a perder fôlego conforme o casal resolve descer a montanha. O que se segue se mostra bastante repetitivo com a dupla brigando, fazendo as pazes, correndo atrás do cachorro e um dos dois ocasionalmente se machucando e ficando inconsciente. Lá pela terceira vez que a trama deixa um dos dois inconscientes e cria dúvida se irá despertar ou não tudo começa a soar mecânico e repetitivo, como se a trama andasse em círculos para tentar disfarçar sua falta de conteúdo. Exceto pelo momento em que o gelo desaba sob os pés de Alex (uma cena que os trailers já entregavam), o restante do filme segue sem muita tensão.

sábado, 28 de outubro de 2017

Crítica - Thor: Ragnarok

Análise Thor: Ragnarok


Review Thor: Ragnarok
Thor: Ragnarok é provavelmente o melhor dos três filmes solo do deus do trovão da Marvel, mas, convenhamos, isso não é lá um grande feito. O elemento principal que eleva este filme em relação aos dois outros é que pelo menos há uma visão bem clara e singular sendo transmitida ainda que talvez não seja a mais adequada ao material.

A trama começa com Thor (Chris Hemsworth) enfrentando Surtur (Clancy Brown) para impedir o Ragnarok, o fim de Asgard. Ele retorna a Asgard para guardar a coroa de Surtur, mas descobre que Loki (Tom Hiddleston) tomou o lugar de Odin (Anthony Hopkins), que foi banido para a Terra. A ausência de Odin permite que a deusa da morte Hela (Cate Blanchett) saia de sua prisão e ataque Asgard. Na luta contra Hela, Thor acaba sendo jogado para longe de Asgard e vai parar no selvagem planeta Sakaar, sendo capturado e obrigado a lutar como gladiador na arena do Grãomestre (Jeff Goldblum). Quando Thor descobre que o principal campeão do lugar é o Hulk (Mark Ruffalo), percebe que há uma chance de escapar e retornar para Asgard.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Crítica - Stranger Things: 2ª Temporada

Análise Stranger Things: 2ª Temporada


Review Stranger Things: 2ª Temporada
A primeira temporada de Stranger Things pegou todo mundo de surpresa com sua trama nostálgica e seu universo que misturava terror, ficção científica e uma trama juvenil de amadurecimento. Essa segunda temporada consegue manter o nível da anterior, ampliando seu universo e desenvolvendo as relações entre seus personagens. Aviso que alguns pequenos SPOILERS estão presentes no texto a seguir.

A trama começa um ano depois dos eventos da temporada anterior. Mike (Finn Wolfhard) sente falta de Onze (Millie Bobby Brown) e tenta se comunicar com ela via rádio. Will (Noah Schnapps) continua tendo visões sobre o Mundo Invertido e é acompanhado por sua mãe, Joyce (Winona Ryder), e pelo delegado Hopper (David Harbour) ao Dr. Owens (Paul Reiser), cientista que é agora responsável pelo projeto do governo que abriu o portal para o mundo invertido e limpar a bagunça feita pelo Dr. Martin (Matthew Modine) na temporada anterior. As plantações da cidade começam a apodrecer e Hopper acha que os incidentes tem relação com o Mundo Invertido.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Crítica - Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca

Análise Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca


Review Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca
O escândalo Watergate já foi bastante explorado pelo cinema hollywoodiano. O mais lembrado desses filmes é Todos Os Homens do Presidente (1976), que mostrava a investigação dos repórteres do Washington Post que expuseram o acobertamento cometido pelo governo com a ajuda de um informante de dentro do FBI. Este Mark Felt: O Homem Que Derrubou a Casa Branca acaba sendo um Todos Os Homens do Presidente sob a perspectiva do informante, o vice-diretor do FBI Mark Felt que acabou sendo apelidado como Garganta Profunda.

Ao reverter o ponto de vista em relação a uma história já conhecida era de se imaginar que a narrativa fosse se deter mais sobre a figura de Felt, seus conflitos e motivações, do que os eventos em si, que já foram exaustivamente explorados, mas o diretor e roteirista Peter Landesman (responsável pelo igualmente decepcionante Um Homem Entre Gigantes) parece mais interessado em recontar uma história já conhecida do que acrescentar algo a ela. A impressão é que em tempos de governo Trump, suspeita de conspiração com a Rússia e a demissão de um diretor do FBI por investigá-lo, a indústria cinematográfica queria lançar algo para lembrar ao público da importância de resistir aos desmandos de um presidente autoritário que não respeita a separação entre os poderes. Como não tinham nenhuma outra história do tipo, resolveram reciclar os eventos de Watergate e usá-los como metáfora para os tempos atuais.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Crítica - 1922

Análise 1922


Review 1922
Inúmeras histórias já foram contadas sobre pessoas que cometem crimes horrendos e são devastadas pela culpa. Do Macbeth de William Shakespeare ao Crime e Castigo de Dostoievski, faz tempo que a ficção se debruça sobre o tema. Este 1922, que adapta uma obra de Stephen King, também aborda essas ideias, conseguindo ser eficiente em tratar de decadência e culpa mesmo sem acrescentar de novo a este tipo de história.

No ano de 1922 o fazendeiro Wilfred (Thomas Jane) descobre que sua esposa, Arlette (Molly Parker), está disposta a vender as terras que herdou da família para poder se mudar para a capital com o filho deles, Henry (Dylan Schmid). Wilfred é um homem rústico, que tem orgulho de seu trabalho rural e de sua fazenda, não vendo com bons olhos a proposta da esposa. Quando ela se mostra irredutível em sua decisão, Wilfred decide matá-la. Depois da morte dela, no entanto, toda sorte de tragédia começa a se abater sobre o fazendeiro e sua propriedade enquanto visões da esposa morta começam a assombrar o fazendeiro.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Crítica - South Park: A Fenda Que Abunda Força

Análise South Park: A Fenda Que Abunda Força


Review South Park: The Fractured But Whole
Eu não esperava que South Park: The Stick of Truth fosse tão legal quanto acabou se revelando. Além de manter o espírito e senso de humor anárquico e crítico da série animada, era também um competente RPG que pegava elementos da série Paper Mario. Com isso a expectativa para esta continuação, South Park: A Fenda Que Abunda Força (The Fractured But Whole em inglês), estava bem alta e é muito bom constatar que ele não decepciona.

A trama começa com Cartman desistindo da brincadeira de fantasia medieval do jogo anterior e decidindo começar uma brincadeira de super-heróis com o intuito de transformar seus personagens em uma grande franquia cinematográfica tal qual os filmes da Marvel e da DC. Os garotos acabam brigando entre si pela criação desse universo compartilhado e se dividem entre duas facções. Cartman, que se tornou o herói Guaxinim, lidera o grupo Guaxinim e Amigos e recruta o "Garoto Novato" (o personagem do jogador) para seu grupo. Logicamente o que começa como uma brincadeira acaba saindo do controle e gera consequências absurdas com os garotos esbarrando em um esquema de drogas e tudo progredindo para tramas ainda mais sem noção, incluindo a revelação de quem estava por trás de tudo.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Crítica - Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe

Análise Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe


Review Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe
Narrativas sobre famílias excêntricas ou filhos com problemas com seus pais são bastante comuns. É fácil compreender o apelo desse tipo de obra, afinal todos identificamos comportamentos esquisitos e excêntricos em nossos familiares ou temos problemas em lidar com nossos genitores. Ainda assim este Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe consegue funcionar para além dos lugares comuns graças ao olhar sensível de Noah Baumbach e pelo encantamento de seus personagens.
                                                      
A trama é centrada na figura do patriarca Harold (Dustin Hoffman), um professor de arte e escultor aposentado que tenta se manter relevante no mundo da arte. Ao seu redor gravitam seus três filhos: Danny (Adam Sandler), Matt (Ben Stiller) e Jean (Elizabeth Marvel), cada um deles com diferentes problemas com o pai.

Dustin Hoffman é ótimo como o patriarca turrão e mal humorado. Sempre irritado com algo e lançando "protestos" sobre coisas irrelevantes que lhe causam um incômodo desproporcional e criando confusão por causa disso, sendo um sujeito igualmente fascinante, divertido e insuportável. Assim, é possível compreender o motivo dos filhos constantemente desejarem sua proximidade e aprovação apesar de Harold estar constantemente menosprezando-os ou fazendo escândalos perto deles.