quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Crítica - Uma Razão Para Viver

Análise Uma Razão Para Viver


Review Breathe Uma Razão Para ViverO ator Andy Serkis se tornou célebre por seu trabalho com captura de movimento, dando vida a personagens marcantes como o Gollum da trilogia O Senhor do Anéis ou o primata César da recente trilogia do Planeta dos Macacos. Com uma carreira marcada por personagens pouco convencionais, fiquei curioso para conferir como seria a estreia de Serkis na função de diretor neste Uma Razão Para Viver.

A narrativa é baseada na história real de Robin Cavendish (Andrew Garfield) um homem que ficou paralisado e dependente de um respirador artificial por conta da poliomielite na década de 50. Confinado a uma cama, todos os médicos diziam que ele tinha pouco tempo de vida e passaria o resto de seus dias confinado em uma cama de hospital, mas sua esposa Diane (Claire Foy) resolve levá-lo para casa e cuidar dele por conta próprio. Aos poucos o casal e o resto da família vão se adaptando à condição de Robin e inclusive começam a desenvolver aparatos, como cadeiras de rodas, para deixá-lo mais confortável.

A narrativa não faz muito esforço para sair do molde de outros filmes sobre conviver com uma deficiência ou doença grave como Intocáveis (2012), Como Eu Era Antes de Você (2016) ou A Culpa é das Estrelas (2014) ao mostrar como é possível aproveitar a vida e que deficiência ou doença não são necessariamente sinônimo de invalidez. Serkis consegue trazer uma leveza e calor humano à sua trama, evitando pesar a mão no sofrimento e mostrando como Robin e Diane conseguiam ser felizes apesar de tudo. A abordagem é beneficiada pela constante atitude positiva que Andrew Garfield traz ao seu personagem e por sua competente composição vocal que convence em soar como uma pessoa que não respira sozinha. Há de se destacar também o trabalho divertido do ator Tom Hollander como dois irmãos gêmeos.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Crítica - Alias Grace

Resenha Crítica - Alias Grace


Análise Crítica - Alias GraceCom o sucesso da excelente The Handmaid's Tale, que fez a limpa na entrega dos prêmios Emmy (maior premiação da televisão dos Estados Unidos), era de se imaginar que a indústria fosse correr para adaptar outras obras da escritora Margaret Atwood. Este Alias Grace, minissérie original da Netflix, adapta o romance homônimo de Atwood e é um trabalho competente de reconstrução histórica para falar do lugar da mulher na sociedade do século XIX e como muito disso ainda permanece nos tempos atuais.

A trama é levemente baseada no caso real de Grace Marks (Sarah Gadon, da minissérie 11.22.63) uma imigrante irlandesa que vivia no Canadá e trabalhava como criada. Em 1843 Grace foi presa e condenada pelo suposto assassinato de seu patrão, Thomas Kinnear (Paul Gross), e da governanta da casa, Nancy Montgomery (Anna Paquin). Dez anos depois de sua condenação algumas pessoas ainda acreditam em sua inocência e o médico Simon Jordan (Edward Holocroft) é chamado para fazer uma avaliação do estado mental de Grace, que diz não conseguir se lembrar de nada ocorrido no dia do crime.

Crítica - Borg vs McEnroe

Análise Borg vs McEnroe


Review Borg vs McEnroe
Histórias sobre rivalidades esportivas são constantemente exploradas pelo cinema e muitas delas rendem ótimos filmes como Rush: No Limite da Emoção (2013), que tratava da rivalidade dos pilotos de Formula 1 James Hunt e Niki Lauda. A narrativa dos tenistas de Borg vs McEnroe tinha potencial para ser uma trama tão boa quanto a dos dois pilotos, mas infelizmente não tem o impacto que deveria.

A trama é centrada na primeira vez que os tenistas Björn Borg (Sverrir Gudnason) e John McEnroe (Shia LaBeouf) se enfrentaram em Wimbledon. À época Borg tentava seu quinto título seguido na competição e McEnroe era um tenista em ascensão que tentava ganhar o torneio pela primeira vez. As personalidades opostas, Borg era sério e frio enquanto McEnroe era desbocado e irritadiço, bem como o fato deles ocuparem respectivamente o primeiro e segundo lugar do ranking mundial tornaram os dois rivais perante a mídia.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Lixo Extraordinário - The Room

Análise The Room


Review The Room
Faz tempo que penso em iniciar uma coluna dedicada a falar só sobre filmes lendários por sua ruindade. A escolha de qual filme teria a "honra" de estrear acabou sendo muito fácil. The Room, lançado em 2003, é considerado por muitos o Cidadão Kane dos filmes ruins. É tão ruim, mas tão ruim, no qual tudo é tal mal concebido, que se torna absolutamente hilário.

O fenômeno The Room


Se eu tivesse que explicar o quanto é ruim, provavelmente diria que parece algo feito por um alienígena que nunca esteve na Terra, nunca teve contato com seres humanos e tentou fazer um filme a partir do que ouviu outros alienígenas falarem sobre a conduta da nossa espécie. O resultado é um filme esquisitíssimo no qual ninguém parece se comportar como uma pessoa de verdade, mas um simulacro equivocado do que um humano deveria ser, algo tão sem noção que é difícil não rir. O fato de ter se tornado uma espécie de filme cult nos últimos anos provavelmente se deve a essa capacidade de gerar risos.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Crítica - Terra Selvagem

Análise Terra Selvagem


Review Terra Selvagem
Narrativas policiais comumente tratam do embate entre a razão e a violência. Westerns (ou faroestes) normalmente tratam sobre o embate entre o homem e um ambiente selvagem, brutal, seja ele fruto da ação humana ou da natureza. É possível perceber como podem existir interseções entre os dois e, na prática, e Terra Selvagem opera com essas duas coisas em mente. Funciona como um mash-up entre Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (2011) e Onde os Fracos Não Tem Vez (2007) e ainda que não chegue no altíssimo nível dos dois, consegue ser bastante competente.

A narrativa começa na reserva indígena de Wind River (que dá o título original do filme) no interior gelado do estado do Wyoming (o menos povoado dos Estados Unidos). O caçador Cory (Jeremy Renner) encontra o cadáver de uma jovem descalça na neve e como a reserva é terreno federal o FBI é chamado. A agente Jane (Elizabeth Olsen) examina o local e suspeita de assassinato. Como não conhece o território, Jane decide chamar Cory para ajudar na investigação com suas habilidades de seguir rastros.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

5 Contra 1: Filmes de Terror de 2017

Ranking Filmes de Terror de 2017


O ano de 2017 foi muito bom para o cinema de terror e embora ainda não tenha acabado, aproveitamos a data do Dia das Bruxas (ou Halloween) para enumerar alguns dos melhores e piores filmes do gênero que chegaram ao Brasil neste ano.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Crítica - Depois Daquela Montanha



Duas pessoas que nunca se viram resolvem pegar um voo fretado em um pequeno bimotor quando seus voos são cancelados. Eles são pegos por uma tempestade e o avião cai nas montanhas, apenas o casal e o cão do piloto sobrevivem à queda. O começo de Depois Daquela Montanha, adaptação do livro de Charles Martin (que não li), promete uma instigante e tensa história de sobrevivência, mas o desenvolvimento de sua trama acaba decepcionando.

O início da jornada de Alex (Kate Winslet) e Ben (Idris Elba) começa bem ao criar situações de tensão com os dois feridos nos destroços do avião, racionando o pouco de comida e tentando continuar vivos até que o resgate chegue. As tomadas aéreas amplas ressaltam a imensidão erma da montanha gelada e a pouca presença de música evidencia o silêncio do local, aumentando a sensação de vazio e isolamento experimentada pelos protagonistas.

Depois de alguns momentos bem tensos como o momento em que Ben desliza em direção a um penhasco ou quando Alex encontra um Puma, a trama começa a perder fôlego conforme o casal resolve descer a montanha. O que se segue se mostra bastante repetitivo com a dupla brigando, fazendo as pazes, correndo atrás do cachorro e um dos dois ocasionalmente se machucando e ficando inconsciente. Lá pela terceira vez que a trama deixa um dos dois inconscientes e cria dúvida se irá despertar ou não tudo começa a soar mecânico e repetitivo, como se a trama andasse em círculos para tentar disfarçar sua falta de conteúdo. Exceto pelo momento em que o gelo desaba sob os pés de Alex (uma cena que os trailers já entregavam), o restante do filme segue sem muita tensão.

sábado, 28 de outubro de 2017

Crítica - Thor: Ragnarok

Análise Thor: Ragnarok


Review Thor: Ragnarok
Thor: Ragnarok é provavelmente o melhor dos três filmes solo do deus do trovão da Marvel, mas, convenhamos, isso não é lá um grande feito. O elemento principal que eleva este filme em relação aos dois outros é que pelo menos há uma visão bem clara e singular sendo transmitida ainda que talvez não seja a mais adequada ao material.

A trama começa com Thor (Chris Hemsworth) enfrentando Surtur (Clancy Brown) para impedir o Ragnarok, o fim de Asgard. Ele retorna a Asgard para guardar a coroa de Surtur, mas descobre que Loki (Tom Hiddleston) tomou o lugar de Odin (Anthony Hopkins), que foi banido para a Terra. A ausência de Odin permite que a deusa da morte Hela (Cate Blanchett) saia de sua prisão e ataque Asgard. Na luta contra Hela, Thor acaba sendo jogado para longe de Asgard e vai parar no selvagem planeta Sakaar, sendo capturado e obrigado a lutar como gladiador na arena do Grãomestre (Jeff Goldblum). Quando Thor descobre que o principal campeão do lugar é o Hulk (Mark Ruffalo), percebe que há uma chance de escapar e retornar para Asgard.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Crítica - Stranger Things: 2ª Temporada

Análise Stranger Things: 2ª Temporada


Review Stranger Things: 2ª Temporada
A primeira temporada de Stranger Things pegou todo mundo de surpresa com sua trama nostálgica e seu universo que misturava terror, ficção científica e uma trama juvenil de amadurecimento. Essa segunda temporada consegue manter o nível da anterior, ampliando seu universo e desenvolvendo as relações entre seus personagens. Aviso que alguns pequenos SPOILERS estão presentes no texto a seguir.

A trama começa um ano depois dos eventos da temporada anterior. Mike (Finn Wolfhard) sente falta de Onze (Millie Bobby Brown) e tenta se comunicar com ela via rádio. Will (Noah Schnapps) continua tendo visões sobre o Mundo Invertido e é acompanhado por sua mãe, Joyce (Winona Ryder), e pelo delegado Hopper (David Harbour) ao Dr. Owens (Paul Reiser), cientista que é agora responsável pelo projeto do governo que abriu o portal para o mundo invertido e limpar a bagunça feita pelo Dr. Martin (Matthew Modine) na temporada anterior. As plantações da cidade começam a apodrecer e Hopper acha que os incidentes tem relação com o Mundo Invertido.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Crítica - Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca

Análise Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca


Review Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca
O escândalo Watergate já foi bastante explorado pelo cinema hollywoodiano. O mais lembrado desses filmes é Todos Os Homens do Presidente (1976), que mostrava a investigação dos repórteres do Washington Post que expuseram o acobertamento cometido pelo governo com a ajuda de um informante de dentro do FBI. Este Mark Felt: O Homem Que Derrubou a Casa Branca acaba sendo um Todos Os Homens do Presidente sob a perspectiva do informante, o vice-diretor do FBI Mark Felt que acabou sendo apelidado como Garganta Profunda.

Ao reverter o ponto de vista em relação a uma história já conhecida era de se imaginar que a narrativa fosse se deter mais sobre a figura de Felt, seus conflitos e motivações, do que os eventos em si, que já foram exaustivamente explorados, mas o diretor e roteirista Peter Landesman (responsável pelo igualmente decepcionante Um Homem Entre Gigantes) parece mais interessado em recontar uma história já conhecida do que acrescentar algo a ela. A impressão é que em tempos de governo Trump, suspeita de conspiração com a Rússia e a demissão de um diretor do FBI por investigá-lo, a indústria cinematográfica queria lançar algo para lembrar ao público da importância de resistir aos desmandos de um presidente autoritário que não respeita a separação entre os poderes. Como não tinham nenhuma outra história do tipo, resolveram reciclar os eventos de Watergate e usá-los como metáfora para os tempos atuais.