A Universal alcançou bastante
sucesso com seus filmes de monstro na década de 30. Um traço em comum entre os
diferentes filmes era que seus monstros não se apresentavam como meras criaturas devoradoras de gente,
mas muitas vezes se construíam como figuras trágicas e incompreendidas que não
tinham culpa da própria condição. Esses filmes colocavam em questão o que torna
alguém maligno, se é algo inerente em sua natureza ou se o contexto de sua vida
e criação. Os diretores Marco Dutra e Juliana Rojas parecem entender bem os
elementos que tornam filmes de monstro interessantes neste As Boas Maneiras, dialogando constantemente com as tradições deste
tipo de filme.
A trama é centrada em Clara
(Isabel Zuaa), que é contratada para cuidar da grávida Ana (Marjorie Estiano).
Ana mora sozinha em um enorme apartamento situado na área nobre de São Paulo,
mas é bastante solitária e acaba desenvolvendo uma dependência em relação a
Clara. Aos poucos a empregada começa a testemunhar ocorrências estranhas
envolvendo a patroa e suspeita que haja algo muito errado envolvendo ela e sua
gravidez.