quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Crítica - The Sinner

Análise The Sinner


Review The Sinner
Uma mulher está em um piquenique com seu marido e filho quando simplesmente se levanta e esfaqueia brutalmente um homem até a morte. Parecendo estar fora de si, ela é contida pelo marido até que a polícia chega. Ela admite ter matado o homem, mas não consegue explicar o que a levou a isso, sua vítima era um completo desconhecido, nunca havia lhe feito nada, ela não tem nenhum histórico de doença mental ou agressividade e ainda assim matou um homem violentamente. O que teria levado Cora (Jessica Biel) a cometer o crime? Ela está sendo sincera ou escondendo algo? Estaria ela lúcida ou em um estado de surto? Essas e outras perguntas dão início à instigante série The Sinner que traz um exame complexo sobre culpa e crime. O texto a seguir pode conter alguns SPOILERS.

Boa parte do mérito da série repousa sobre os ombros de Jessica Biel, se sua personagem não funcionasse seria impossível embarcar nos dilemas que a narrativa propõe. Ela é serena e lúcida durante boa parte do tempo, mas permite que percebamos severos traumas sob a superfície de mãe de família pacata. Ela não foge à responsabilidade do assassinato que cometeu, no entanto claramente esconde segredos da polícia. Essa ambiguidade e incapacidade de sabermos se ela é uma mulher extremamente traumatizada, uma sociopata fria enganando todos ou simplesmente alguém que momentaneamente perdeu o controle torna Cora uma figura fascinante e cheia de camadas, mantendo o nosso interesse durante os oito episódios da série.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Crítica - Assassinato no Expresso do Oriente

Análise Assassinato no Expresso do Oriente


Review Assassinato no Expresso do Oriente
O famoso romance de Agatha Christie Assassinato no Expresso do Oriente já tinha recebido uma excelente adaptação de mesmo nome dirigida por Sidney Lumet em 1974, que chegou a ser indicada a seis Oscars e levou um para a atriz Ingrid Bergman. Assim sendo, há alguma razão para se fazer uma nova adaptação sendo que o filme de 1974 se sustenta perfeitamente ainda hoje e essa nova versão não faz nenhuma mudança na sua ambientação no final dos anos 20 ou na resolução do crime em si? Bem, não, a nova versão é bem desnecessária, ainda que consiga ser competente em recriar a famosa narrativa policial.

A trama se mantem a mesma dos livros. O famoso detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh) está viajando no Expresso do Oriente quando uma nevasca interrompe a viagem e um dos passageiros, o sinistro Ratchett (Johnny Depp), é encontrado morto em sua cabine que estava supostamente trancada. Com todos os passageiros como suspeitos, o gerente da linha de trem, o Sr. Bouc (Tom Bateman), pede que Poirot investigue o caso antes que o trem seja consertado e chegue à próxima estação, na qual  o culpado poderá desembarcar e evitar a captura. Poirot precisa então correr contra o tempo para resolver esse mistério.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Crítica - Star Wars Battlefront 2

Análise Star Wars Battlefront 2


Review Star Wars Battlefront 2
Quando escrevi sobre o beta de Star Wars Battlefront 2 falei que o jogo prometia mais conteúdo que o antecessor, mas também preocupava pelo seu desequilibrado e mal concebido sistema de progressão. Agora, com o produto final em mãos, é possível dizer que tanto as impressões positivas quanto negativas se confirmaram.

A primeira coisa que chama a atenção é a presença de um modo campanha, algo ausente do jogo anterior. A história é centrada em Iden Versio, líder do esquadrão de elite das tropas imperiais. A narrativa começa durante a batalha de Endor em O Retorno de Jedi (1983) e é bem interessante poder ver esses eventos sob a perspectiva de um membro do império.

Essa escolha poderia resultar em uma trama cheia de questões morais complexas, mas antes que a narrativa se torne sombria demais tudo dá uma guinada para um caminho bem previsível. Ainda assim poderia ser uma trama satisfatória se focasse na evolução e aprendizado de Iden, mas a campanha constantemente deixa de lado sua protagonista para colocar os jogadores da pele de personagens conhecidos da franquia, fazendo de Iden uma coadjuvante em sua própria história. Ao menos consegue afastar a sensação de ser um mero encadeamento de partidas multiplayer com bots ao oferecer algo que realmente tem cara de um conteúdo pensado para ser single player.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Crítica - Boneco de Neve

Análise Boneco de Neve


Review Boneco de Neve
Apesar de não ter lido os romances protagonizados pelo detetive Harry Hole, já ouvido falar dos trabalhos do escritor norueguês Jo Nesbo sempre de maneira positiva. Foi com expectativa e boa vontade que me aproximei deste Boneco de Neve e acabou sendo lamentável que o resultado tenha sido tão decepcionante.

A trama é centrada em Harry Hole (Michael Fassbender), um policial com problema de alcoolismo em Oslo, capital da Noruega, que começa a receber cartas com mensagens cifradas e o desenho de um boneco de neve. Inicialmente ele ignora as cartas, mas quando mulheres começam a desaparecer e bonecos de neve são encontrados nas cenas dos crimes, fica evidente que há um serial killer à solta.

O diretor Thomas Alfredson (do ótimo Deixa Ela Entrar) usa as paisagens gélidas e nevadas do interior da Noruega para criar uma sensação constante de desolação e isolamento, nos fazendo praticamente sentir a frieza extrema desses ambientes. A bela fotografia, porém, acaba sendo o principal ponto positivo em uma narrativa cheia de problemas.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Crítica - A Vilã

Análise A Vilã


Review A Vilã
Com um começo intenso em uma longa sequência de ação quase toda em primeira pessoa, este sul-coreano A Vilã já mostra logo de cara que sua força reside na sua pancadaria em ritmo desenfreado e o restante do longa faz valer essa promessa ainda que tenha sua parcela de problemas.

A trama é centrada em Sook-hee (Ok-Bin Kim), uma mulher que desde a infância foi treinada para ser uma assassina. Ela é recrutada por uma agência que lhe propõe um acordo: depois trabalhar para eles durante 10 anos, Sook-hee estará livre para fazer o que quiser e retomar sua vida. Ela aceita, mas conforme progride em seu trabalho acaba encontrando um homem de seu passado e isso coloca tudo em risco.

De início os cortes bruscos entre o presente e os flashbacks da protagonista causam algum incômodo e levam algum tempo para nos acostumarmos com o modo seco com o qual o filme transita entre as duas temporalidades, mas depois de algum tempo é possível se acostumar a essas escolhas estilísticas sem muito problema. Por outro lado, o filme perde um pouco de ritmo ao tentar complicar sua trama mais do que o necessário, tentando criar dúvidas sobre as motivações e intenções dos vários personagens ao redor da protagonista e durante um bom tempo há a impressão de que a narrativa está andando em círculos.

domingo, 19 de novembro de 2017

Crítica - O Justiceiro: 1ª Temporada

Resenha O Justiceiro: 1ª Temporada


Review The Punisher Season 1
Depois de sua ótima aparição da segunda temporada de Demolidor era apenas uma questão de tempo que o Justiceiro ganhasse sua própria série e isso finalmente aconteceu nesta competente primeira temporada de O Justiceiro.

A trama começa com Frank (Jon Bernthal) eliminando os últimos alvos de sua vingança contra os responsáveis por terem matado sua família. Crendo que seu trabalho estava encerrado, o Justiceiro passa a viver sob uma identidade falsa e trabalhando em um emprego de construção. Sua paz, no entanto, dura pouco quando seu passado de soldado volta para atormentá-lo na investigação comandada pela agente Madani (Amber Rose Revah), que suspeita que a unidade de Frank estava envolvida em crimes de guerra e atividades ilegais. Frank, por sua vez, é abordado pelo misterioso Micro (Ebon Moss-Bachrach), que tem provas que o alto comando militar e da CIA estavam por trás do esquema de drogas que Frank creditava apenas ao general responsável por sua unidade e desta maneira o Justiceiro recomeça sua jornada de vingança.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Crítica - American Horror Story: Cult

Análise American Horror Story: Cult


American Horror Story: Cult Review
Fiquei bastante intrigado quando o showrunner Ryan Murphy anunciou que este American Horror Story: Cult, sétima temporada de sua série de antologia de terror, iria abordar o resultado das últimas eleições dos Estados Unidos. Por um lado essa escolha poderia render uma ótima sátira social, por outro a proximidade histórica com os eventos trazia o risco de algo raso, sem a plena compreensão do impacto desses eventos.

A temporada é bem competente ao evocar o clima de tensão social que tomou conta dos EUA durante e depois da eleição, no qual pessoas de ambos lados do espectro político passaram a usar o alinhamento político como principal e talvez única maneira de medir o caráter dos outros. Em meio disso tudo está Ally (Sarah Paulson), uma eleitora de Hillary Clinton que viu suas várias fobias saírem de controle desde a derrota nas eleições. O caminho de Ally e sua esposa Ivy (Alison Pill) se cruza com o de Kai (Evan Peters), um jovem eleitor de Donald Trump que parece ter votado no político não por crer exatamente nele, mas por desejar o clima de tensão e insegurança que se instauraria no país com sua vitória.

A primeira metade da temporada é ótima ao satirizar os dois lados, com os republicanos sendo um bando de preconceituosos violentos enquanto que os democratas são ultra sensíveis e se ofendem ou se assustam com qualquer coisa. Esse clima de tensão é evidenciado pelas aparições de palhaços sinistros e os carros que passam à noite pela vizinhança borrifando algo misterioso no quintal das casas. Será que tudo isso é real ou fruto de paranoia? Será que Kai tem algum grande plano maligno ou tudo é uma grande trollagem?

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Crítica - Arábia

Análise Crítica - Arábia


Review Arábia
Não sei exatamente explicar o motivo, mas algo em Arábia me fez lembrar de Vidas Secas, tanto o romance de Graciliano Ramos quanto a adaptação para o cinema de 1963 de Nelson Pereira dos Santos. Talvez seja nos títulos, ambos remetendo a uma aridez hostil. Talvez seja nas jornadas de ambos protagonistas, homens brutos, endurecidos por uma vida difícil, em constante trânsito em busca de trabalho. Talvez seja o senso de que esses personagens andam em círculos e nada irá melhorar para eles. De todo modo, Arábia é um retrato do cotidiano do trabalhador brasileiro tal como Vidas Secas fora, guardadas as devidas proporções, claro.

A trama começa acompanhando André (Murilo Caliari) um jovem que mora com o irmão mais novo no interior de Ouro Preto. Seus pais estão sempre viajando, mas ele é ajudado pela tia que trabalha como enfermeira em uma fábrica próxima. Um dia sua tia precisa cuidar de um operário que teve um acidente, Cristiano (Aristides de Souza), e pede a André que vá até a casa do operário para pegar algumas roupas. Lá André encontra um caderno com anotações de Cristiano no qual ele relata sua vida e o filme passa a seguir a história do operário.

Vencedores do XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema



O XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema terminou ontem, 15 de novembro, e após a sessão de encerramento que apresentou o longa-metragem Arábia, de Affonso Uchôa e João Dumans, foram entregues os prêmios das mostras competitivas. O filme Café com Canela foi um dos mais mencionados durante as premiações. Confiram aqui a lista completa:

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Crítica - Liga da Justiça

Análise Liga da Justiça


Review Liga da JustiçaO recente Mulher Maravilha mostrou que a Warner/DC podia aprender com os erros dos filmes anteriores. Já este Liga do Justiça, embora tenha sua parcela de problemas, continua a colocar o universo cinematográfico da DC nos eixos ao introduzir novos heróis e apostar na dinâmica entre eles.

A trama começa quando o Batman (Ben Affleck) começa a detectar aparições de criaturas alienígenas ao redor do mundo e suspeita que um ataque ao planeta está à caminho. Ao mesmo tempo a ilha das amazonas é atacada pelo Lobo das Estepes (voz de Ciaran Hinds), um guerreiro alienígena que veio à Terra para recuperar três Caixas Maternas, artefatos de grande poder escondidos em nosso planeta desde tempos imemoriais. A rainha Hipólita (Connie Nielsen) avisa Diana (Gal Gadot) da ameaça iminente e ela e Bruce tentam reunir outros seres especiais para combater a ameaça.

O começo do filme é bem acelerado e bagunçado conforme a trama tenta dar conta de introduzir ao menos três novos personagens e seus núcleos de coadjuvantes nas menos de duas horas de projeção. A narrativa corre para colocar todas as suas peças no tabuleiro, engatando uma cena cheia de diálogos explicativos depois da outra no qual muito é dito, mas pouco é sentido em relação aos dilemas de cada herói, já que é tudo muito rápido.