sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Crítica - Star Wars: Os Últimos Jedi

Análise Star Wars: Os Últimos Jedi


Review Star Wars: Os Últimos Jedi
Havia tanta expectativa ao redor deste Star Wars: Os Últimos Jedi que sinceramente tive medo que ele não teria como corresponder ao tanto que se esperava dele. Ainda acho que O Império Contra-Ataca (1980) é o melhor da franquia, mas este novo filme não chega a fazer feio perto dos melhores exemplares da saga ou mesmo do excelente anterior.

A trama começa mais ou menos no mesmo ponto em que O Despertar da Força (2015) nos deixou. Rey (Daisy Ridley) finalmente encontrou Luke Skywalker (Mark Hammill) para iniciar seu treinamento Jedi. Enquanto isso a Resistência liderada pela general Leia (Carrie Fisher) precisa usar os poucos recursos que tem para fugir da fúria da Primeira Ordem, que avança cada vez mais pela galáxia depois de eliminar os planetas sede da Nova República.

Falar mais seria dar spoilers e, acreditem, é melhor assistir sabendo o mínimo possível, mas impressiona o quanto o filme se compromete com o desenvolvimento dos personagens, em delinear seus conflitos, suas angústias, suas falhas. Isso não apenas para novatos como Rey e Kylon Ren (Adam Driver) quanto para veteranos como Luke, cuja imagem heroica que temos dele é posta em questão em alguns momentos.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Crítica - Sem Retorno

Análise Sem Retorno


Review Sem Retorno
A ideia inicial deste Sem Retorno parece bem promissora. Um rico empresário, Damian (Ben Kingsley), está com câncer terminal e com poucos meses de vida. Ele pensa em colocar seus assuntos em ordem e se preparar para o inevitável quando é abordado pelo cientista Albright (Matthew Goode) que lhe propõe uma alternativa: transferir sua consciência para um novo e jovem corpo criado em laboratório para servir a esse tipo de transferência. Aceitar isso, no entanto, significa que ele terá que deixar seu corpo original morrer e abandonar sua antiga vida. O empresário aceita passar pelo procedimento e acorda em um corpo mais jovem (Ryan Reynolds), mas logo descobre seu corpo não é exatamente o que foi prometido.

É uma premissa que poderia render ao discutir noções de imortalidade, o propósito da vida e ética científica, mas todas essas ideias complexas são jogadas foras lá pelos quarenta minutos de filme quando ele decide focar apenas na ação. Não seria um problema tão grave se pelo menos fosse capaz de entregar tiroteios e perseguições empolgantes, mas tudo é muito burocrático, faltando intensidade e urgência.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Crítica - South Park: 21ª Temporada

Análise South Park: 21ª Temporada


Review South Park: 21ª Temporada
As duas temporadas anteriores de South Park tinham investido em tramas contínuas e arcos que se desenvolviam ao longo da temporada inteira. Era uma experimentação inesperada para a série e mostrava que os criadores Matt Stone e Trey Parker ainda estavam dispostos a brincar com a própria fórmula e tentar coisas novas. Nesta vigésima primeira temporada, eles resolvem voltar a um formato mais episódico com histórias isoladas e menos dependente de continuidade, mas o resultado acabou sendo um pouco irregular.

Os problemas começam já no primeiro episódio, White People Renovating Houses, que tenta zoar a marcha neonazista ocorrida no interior dos Estados Unidos esse ano. A série trata a situação de uma maneira relativamente rasa, longe da contundência e acidez pela qual South Park é famosa, abordando tudo como apenas uma ação estúpida de um monte de caipiras burros. Não deixa de ter certa razão (eles são caipiras burros), mas ao mesmo tempo suaviza de algum modo a gravidade do caso, já que ter pessoas com armas e símbolos nazistas gritando o extermínio de judeus e negros nas ruas é algo que está em um outro patamar para além da estupidez sendo esse um dos raros casos em que a série parece não compreender plenamente o que está satirizando.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Lixo Extraordinário - Meu Parceiro é um Dinossauro

Resenha Meu Parceiro é um Dinossauro


Análise Meu Parceiro é um Dinossauro
The Room, abordado anteriormente nessa coluna, era daqueles filmes que é tão ruim que se torna divertido de ver. Meu Parceiro é um Dinossauro (Theodore Rex no título original), o filme ruim a ser explorado hoje aqui, no entanto, pertence a uma categoria diferente: é daqueles que te faz querer queimar o olhos com ferro quente para não ter que aturar mais um segundo dele e desejar ser capaz de "desver" toda essa porcaria.

Os Bastidores da Produção


Em 1995, quando esse filme foi lançado, a atriz Whoopi Goldberg estava em alta. Ela tinha vencido um Oscar por seu papel em Ghost: Do Outro Lado da Vida (1990) e tinha alcançado sucesso financeiro e de público com Mudança de Hábito (1992) e Mudança de Hábito 2 (1993). Diante desse sucesso, a atriz foi procurada pela produtora New Line (que hoje pertence à Warner) para participar deste Meu Parceiro é um Dinossauro e Whoopi chegou a dar verbalmente sua aceitação. A New Line tocou a produção adiante com o aceite da atriz, mas posteriormente Whoopi mudou de ideia (imagino que tenha visto o roteiro ou o horrendo dinossauro animatrônico).

Conheçam os indicados ao Globo de Ouro 2018

Golden Globes 2018 Nominees


A Hollywood Foreign Press Association (HFPA), a associação da imprensa estrangeira de Hollywood, anunciou hoje, 11 de novembro, os indicados aos Globos de Ouro. A entrega dos prêmios acontecerá em 07 de janeiro de 2018 e será apresentada por Seth Meyers. Entre os indicados, o filme A Forma da Água, de Guillermo del Toro, recebeu mais indicações no campo do cinema enquanto que a minissérie Big Little Lies foi a mais mencionada no campo da televisão. Entre as indicações também houve controvérsia com o fato do filme Corra!, um terror que trata sobre o racismo e a dominação do corpo negro, ter sido indicado pela categoria comédia sendo que o filme não chega perto de se encaixar no gênero. Confiram abaixo a lista de indicados.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Crítica - Your Name

Análise Your Name


Review Your Name
O anime Your Name teve uma passagem relâmpago pelos cinemas brasileiros. Uma pena, já que apesar de alguns problemas no terço final da trama ele merecia ser mais visto pela sua trama de viagens no tempo e amor juvenil. Agora que o filme já está disponível em serviços de streaming talvez o público finalmente possa dar uma chance a ele.

A narrativa mostra dois jovens que se conectam de uma maneira insólita. Taki é um adolescente que mora em Tóquio e trabalha como garçom em um restaurante, Mitsuha é uma garota que mora em uma pequena vila do interior do Japão e ajuda sua avó a fazer tecelagem. O que une essas duas pessoas em lugares e tempos diferentes é o fato de que ocasionalmente eles acordam nos corpos um do outro e precisam encontrar uma maneira de fazer suas vidas funcionarem a despeito dessa ocorrência bizarra. Assim, eles começam a deixar anotações um para o outro em seus celulares, cadernos e nos seus corpos, para que o outro saiba o que precisam fazer. Os dois também tentam descobrir qual a razão disso acontecer com eles. É basicamente uma mistura de Sexta-Feira Muito Louca (2003) com A Casa do Lago (2006).

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Crítica - Lucky

Análise Lucky


Review Lucky
Todos vamos morrer um dia, sabemos disso, é inevitável. A questão é que apesar de termos consciência desse fato, nunca pensamos muito à respeito. A morte sempre parece algo distante, algo que acontece o tempo todo com os outros, mas não conosco. O que acontece quando percebemos que nosso tempo no mundo pode estar chegando ao fim? Como lidar com essa perspectiva? É sobre isso que este Lucky vai tratar ao acompanhar o cotidiano do aposentado Lucky (Harry Dean Stanton), um homem de noventa anos que mora sozinho.

Um dia, o protagonista tem um desmaio súbito em casa e vai ao hospital, seus exames revelam que não há qualquer problema em sua saúde e que ele está em ótimo estado para alguém de sua idade. De acordo com seu médico, é possível que seja apenas a idade e seu corpo deixando de funcionar como deveria. Assim, Lucky é confrontado com sua própria mortalidade e com a necessidade de buscar um sentido em seus últimos dias de vida.

O filme repousa quase que integralmente sobre os ombros de Harry Dean Stanton, sendo o último trabalho do agora falecido ator. Praticamente todo o tempo em cena, Stanton é ótimo ao fazer de Lucky um sujeito ranzinza e antiquado, mas sem deixar de ter uma certa medida de simpatia e bom humor, vivendo em uma rotina extremamente repetitiva. Conforme se depara com a possibilidade de fim, no entanto, é possível ver uma tocante vulnerabilidade por baixo de sua superfície durona. Muitas vezes ele chega a agir com agressividade simplesmente por não saber ou não querer lidar com a possibilidade de morrer, como acontece na cena em que ele vê seu amigo Howard (David Lynch) preparando seu testamento com um advogado (Ron Livingston).

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Crítica - Atlanta: 1ª Temporada

Análise  Atlanta: 1ª Temporada


Review  Atlanta Season 1
Atlanta é uma série esquisita. Na superfície parece ser mais uma série sobre um jovem à deriva que procura seu lugar no mundo e tenta fazer sucesso no disputado meio artístico, mas estruturalmente faz muitas escolhas pouco usuais que nos dão uma constante sensação de estranhamento. A série, no entanto, usa esse estranhamento a seu favor e é sua esquisitice que a faz se destacar.

Na trama, Earnest "Earn" Marks (Donald Glover, também roteirista e criador da série) é um jovem que largou a faculdade, está sem dinheiro e sem ter onde morar, dormindo de favor na casa da namorada Vanessa (Zazie Beets, que será a Domino em Deadpool 2), com quem tem uma filha. Ele vê uma oportunidade de mudar sua vida quando seu primo Alfred (Brian Tyree Henry) começa uma carreira no rap sob o nome de Paper Boi e se prontifica a trabalhar com ele como seu agente. Assim Earn e Alfred tentam ascender no cenário do rap em Atlanta.

Boa parte do estranhamento se dá pelo fato de uma grande maioria dos episódios começarem in media res (literalmente "no meio das coisas" em latim), com os personagens já em meio a alguma ação cujo contexto não é dado ao espectador. Essa escolha ajuda a nos desarmar de nossas expectativas, nos deixando sem saber o que esperar ou sem ter noção do que virá a seguir e essa falta de expectativa faz as ocorrências inesperadas e personagens insólitos que surgem o tempo todo ainda mais divertidos.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Crítica - Extraordinário

Análise Extraordinário


Review Extraordinário
Desde pequenos somos ensinados a tratar os outros como gostaríamos de sermos tratados, a não julgar a conduta dos outros sem conhecê-las e sabermos o que realmente estão passando e a valorizar as pessoas pelo que elas são e não por sua aparência. Extraordinário é um filme que visa nos lembrar de todas essas coisas e, embora não reinvente a roda, cumpre seu papel com muita sensibilidade.

A trama é protagonizada por Auggie (Jacob Tremblay), um garoto que nasceu com vários problemas de saúde e desde bebê precisou passar por várias cirurgias, deixando-o com o rosto deformado. Por um bom tempo ele estudou em casa, sob a tutela de sua mãe, Isabel (Julia Roberts), mas sua família acha que é hora dele ir para uma escola de verdade e começar a interagir com outras crianças. Como era de se esperar, nem todos os seus colegas o aceitam e ele começa a sofrer bullying.

É óbvio desde o início que eventualmente Auggie eventualmente será aceito pelos colegas e todos aprenderão valiosas lições de vida, mas sua força reside no modo como essa história é contada. Dividido em capítulos que recontam os eventos da trama sob a perspectiva de diferentes personagens, o filme constantemente solicita que repensemos o que achávamos saber sobre os personagens. Se inicialmente Miranda (Danielle Rose Russell) parece uma típica megera adolescente ao se afastar de Via (Izabela Vidovic) por achar que ficou popular demais para continuar andando com a antiga amiga, quando o filme adota a perspectiva de Miranda percebemos que ela é uma garota triste e solitária que se afastou da amiga por conta de uma mentira tola e que se arrepende do que fez.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Crítica - The Sinner

Análise The Sinner


Review The Sinner
Uma mulher está em um piquenique com seu marido e filho quando simplesmente se levanta e esfaqueia brutalmente um homem até a morte. Parecendo estar fora de si, ela é contida pelo marido até que a polícia chega. Ela admite ter matado o homem, mas não consegue explicar o que a levou a isso, sua vítima era um completo desconhecido, nunca havia lhe feito nada, ela não tem nenhum histórico de doença mental ou agressividade e ainda assim matou um homem violentamente. O que teria levado Cora (Jessica Biel) a cometer o crime? Ela está sendo sincera ou escondendo algo? Estaria ela lúcida ou em um estado de surto? Essas e outras perguntas dão início à instigante série The Sinner que traz um exame complexo sobre culpa e crime. O texto a seguir pode conter alguns SPOILERS.

Boa parte do mérito da série repousa sobre os ombros de Jessica Biel, se sua personagem não funcionasse seria impossível embarcar nos dilemas que a narrativa propõe. Ela é serena e lúcida durante boa parte do tempo, mas permite que percebamos severos traumas sob a superfície de mãe de família pacata. Ela não foge à responsabilidade do assassinato que cometeu, no entanto claramente esconde segredos da polícia. Essa ambiguidade e incapacidade de sabermos se ela é uma mulher extremamente traumatizada, uma sociopata fria enganando todos ou simplesmente alguém que momentaneamente perdeu o controle torna Cora uma figura fascinante e cheia de camadas, mantendo o nosso interesse durante os oito episódios da série.