quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Crítica - 120 Batimentos por Minuto

Análise 120 Batimentos por Minuto


Review 120 Batimentos por Minuto
Quem é mais jovem provavelmente não lembra da onda de medo e falta de informação que acompanhou o estouro da epidemia de AIDS no final dos anos 80 e boa parte dos 90. Na época não se sabia exatamente como combater a doença ou como ela se disseminava, com muitos equivocadamente considerando que o vírus apenas afetava a população gay ou se disseminava apenas através do sexo homossexual. Tendo ou não vivenciado esta época, o filme francês 120 Batimentos por Minuto funciona como um retrato contundente do período.

A trama acompanha um grupo de ativistas LGBT que se intitulam como Act Up!, juntos eles organizam ações para tentar conscientizar a população a respeito dos métodos de prevenção à AIDS, incluindo o uso de camisinha, assim como organizam protestos contra órgãos do governo que demoram a tomar medidas para combater o avanço da doença e contra as indústrias farmacêuticas que demoram a tornar públicos seus estudos em relação ao vírus.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Crítica - Jumanji: Bem-vindo à Selva

Análise Jumanji: Bem-vindo à Selva


Review Jumanji: Bem-vindo à Selva
Eu não esperava muita coisa desse Jumanji: Bem Vindo à Selva, parecia mais uma daquelas continuações tardias feitas somente para lucrar em cima de uma "marca" conhecida sem ter muito a oferecer. O resultado, porém, acaba sendo divertido, ainda que descartável.

A trama começa quando quatro adolescentes que ficaram de castigo na escola encontram um antigo videogame intitulado Jumanji e decidem jogar para passar o tempo. Assim que escolhem seus personagens são sugados para dentro do jogo e assumem as formas de seus avatares, que acabam sendo o oposto de suas personalidades. O garoto nerd se transforma em um aventureiro fortão (Dwayne "The Rock" Johnson), o atleta grandão se transforma no pequeno carregador e armas e especialista em animais (Kevin Hart), a patricinha fútil se torna um cientista rechonchudo (Jack Black) e a menina tímida vira uma guerreira com pouca roupa (Karen Gillan).

sábado, 30 de dezembro de 2017

Crítica - Black Mirror: Quarta Temporada

Análise Black Mirror: Quarta Temporada


Resenha Black Mirror: Quarta Temporada
Muito se fala sobre o olhar crítico que a série Black Mirror traz para a relação entre a humanidade e a tecnologia, mas boa parte dessas discussões deixa de lado uma faceta bem importante da série de antologia. Black Mirror é também centrada e sustentada pelos seus complexos e cuidadosos estudos de personagem, usando a tecnologia como uma projeção da consciência humana. Um meio através do qual as inseguranças, vícios, anseios e demandas do ser humano ficam ainda mais evidentes. Afinal, se enquanto humanos somos incompletos e cheios de contradições, é justo que boa parte daquilo que produzimos, incluindo a tecnologia, seja um espelhamento por vezes sombrios de atributos nossos que preferimos tentar esquecer. Essa quarta temporada de Black Mirror continua sua investigação sobre a conduta humana e, em geral, continua bastante consistente ainda que alguns episódios deixem a desejar.

Os episódios


quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Reflexões Boêmias: Piores filmes de 2017

2017 worst of 2017


Quando todo ano acaba chega a hora de fazer um balanço de tudo que aconteceu e isso não é diferente com filmes. É aquele momento de ponderar sobre tudo que assistimos ao longo do ano e pensarmos naquilo que 2017 teve de pior e melhor a oferecer. Como prefiro dar más notícias primeiro, então começo meu balanço do ano com os piores filmes que assisti ao longo do ano. A lista a seguir leva em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil, em cinema ou direto para vídeo, em 2017.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Crítica - A Origem do Dragão

Análise A Origem do Dragão


Review A Origem do Dragão
Em 1964 o astro das artes marciais Bruce Lee enfrentou o monge shaolin Wong Jack Man em uma luta privada testemunhada apenas por um punhado de pessoas. Os relatos sobre quem venceu o embate divergem bastante e os dois lutadores apresentavam sua própria versão dos resultados. É uma história interessante que sem dúvida poderia render um ótimo filme, mas A Origem do Dragão não é esse filme.

Se baseando na célebre luta, o filme começa com a chegada de Wong Jack Man (Yu Xia) na cidade de São Francisco. Bruce Lee (Philip Ng) recebe a notícia da chegada do monge à sua cidade como uma ameaça a tudo que construiu, crendo que os shaolin querem puni-lo por ensinar kung fu aos brancos. Um aluno de Lee, Steve McKee (Billy Magnussen) acaba se aproximando de Wong e coloca os dois mestres em um caminho de conflito.

Yu Xia e Philip Ng fazem o melhor que podem como Wong e Lee, sendo mais que eficientes nos aspectos físicos dos personagens e na linguagem corporal do modo como eles lutam, no entanto são limitados por um texto raso que faz uma representação bastante unidimensional dos dois artistas marciais. Wong é um monge humilde preocupado em preservar a essência do kung fu enquanto Lee é um sujeito preocupado com fama e sucesso. Por mais que Lee fosse de fato um sujeito superconfiante e até mesmo arrogante, o texto pesa tanto a mão nesse aspecto do personagem, deixando quase que de lado seu carisma e magnetismo pessoal, que durante boa parte do filme chega a ser difícil se importar com Lee por conta de seu egocentrismo.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Crítica - Bright

Análise Bright


Review - Bright
Inicialmente Bright parece uma versão com criaturas fantásticas do competente drama policial Marcados Para Morrer (2012), também comandado por David Ayer, ao acompanhar o cotidiano de uma dupla de policiais em patrulha até que eventualmente tudo dá errado. É possível pensar também que o filme é uma espécie de Distrito 9 (2009) que troca humanos por alienígenas. Ainda que pareça uma mistura de elementos familiares, os minutos iniciais carregam uma promessa de algum tipo de metáfora social interessante, mas isso nunca se confirma.

A trama se passa em um universo alternativo no qual humanos coexistem com criaturas fantásticas como elfos, orcs e fadas. A história começa com o policial Ward (Will Smith), que está descontente em ter que trabalhar com um parceiro orc, Nick (Joel Edgerton), o primeiro da espécie a ser admitido na força. As coisas se complicam para eles quando encontram uma jovem elfa, Tikka (Lucy Fry), portando uma varinha mágica, um artefato de grande poder. Tikka é uma Bright, uma pessoa com dons mágicos que pode extrair poder de artefatos como a varinha.

A este ponto as metáforas sociais construídas no início são abandonadas para que o filme se torne uma espécie de O Senhor dos Anéis ambientado nos dias atuais, com um grupo de heróis correndo contra o tempo para impedir que um artefato de grande poder caia em mãos erradas e seja usado para ressuscitar o "senhor das trevas".

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Crítica - O Rei do Show

Análise O Rei do Show


Review O Rei do Show
Musicais costumam abordar a importância dos sonhos em nossa vida, usam o canto e dança para mostrar como a arte pode inspirar, motivar e nos mover adiante. Este O Rei do Show, levemente inspirado na vida de P.T Barnum, supostamente o primeiro milionário do ramo do entretenimento, segue à risca aquilo que se espera dos musicais.

O filme acompanha P.T Barnum (Hugh Jackman) desde suas origens humildes até o estrondoso sucesso de seu circo e outros empreendimentos no show business. É uma trama relativamente previsível e, como é típico nessas histórias sobre fama e riqueza, eventualmente o sucesso sobe à cabeça de Barnum e ele fica à beira de perder tudo que conquistou.

A narrativa traz um embate entre a cultura popular e a cultura "erudita" ou "tradicional", elemento presente desde o musicais seminais como O Cantor de Jazz (1927) a produtos mais recentes como Moulin Rouge (2001). Outro tema constante ao longo da trama é a questão da aparência e do preconceito, já que o circo de Barnum tem seu elenco formado por "aberrações" como uma mulher barbada ou uma albina. A trama evidencia que a verdadeira aberração não reside no aspecto físico, mas na falta de humanidade, na intolerância e ódio aos diferentes, na vontade de humilhar e excluir aqueles que não atendam a padrões de "normalidade". Nesse sentido, o filme quase funciona como uma versão musical de Freaks (1932), do Tod Browning, ou de American Horror Story Freak Show.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Drops - Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso e A Noite é Delas

Hoje na nossa seção de textos mais curtos, abordaremos rapidamente as comédias Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso e A Noite é Delas, ambas com muito potencial, mas que infelizmente decepcionam.

Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso


Análise Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Crítica - Corpo e Alma

Análise Corpo e Alma


Review Corpo e Alma
Dois trabalhadores de um matadouro descobrem que estão partilhando os mesmos sonhos e tentam descobrir o que é que os aproxima. O drama húngaro Corpo e Alma começa com retraída Maria (Alexandra Bórbely), uma mulher que provavelmente se encontra no espectro do autismo, e Endre (Géza Morcsányi), o administrador do matadouro, se dando conta de que ambos tem o mesmo sonho recorrente com dois cervos em uma floresta congelada.

A narrativa demora um pouco a engrenar, já que desde o início a montagem das imagens dos cervos sendo seguidas por imagens alternadas do cotidiano dos dois personagens deixa evidente a relação que há entre os três elementos. Ainda assim, o filme se arrasta até o momento em que finalmente resolve estabelecer a conexão entre a dupla de protagonistas e os animais.

O início também fica truncado por conta dos excessos de subtramas e temas que o filme tenta retratar. Há uma quantidade considerável de imagens mostrando o cotidiano do matadouro, incluindo momentos bastante gráficos que mostram o abate dos bovinos e a retirada das suas partes. Era de se imaginar que isso fosse ter alguma repercussão no filme, que a trama fosse abordar a indústria bovina ou o tratamento aos animais, mas nada disso está presente no restante do filme e todo esse detalhamento não serve a propósito algum.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Crítica - Star Wars: Os Últimos Jedi

Análise Star Wars: Os Últimos Jedi


Review Star Wars: Os Últimos Jedi
Havia tanta expectativa ao redor deste Star Wars: Os Últimos Jedi que sinceramente tive medo que ele não teria como corresponder ao tanto que se esperava dele. Ainda acho que O Império Contra-Ataca (1980) é o melhor da franquia, mas este novo filme não chega a fazer feio perto dos melhores exemplares da saga ou mesmo do excelente anterior.

A trama começa mais ou menos no mesmo ponto em que O Despertar da Força (2015) nos deixou. Rey (Daisy Ridley) finalmente encontrou Luke Skywalker (Mark Hammill) para iniciar seu treinamento Jedi. Enquanto isso a Resistência liderada pela general Leia (Carrie Fisher) precisa usar os poucos recursos que tem para fugir da fúria da Primeira Ordem, que avança cada vez mais pela galáxia depois de eliminar os planetas sede da Nova República.

Falar mais seria dar spoilers e, acreditem, é melhor assistir sabendo o mínimo possível, mas impressiona o quanto o filme se compromete com o desenvolvimento dos personagens, em delinear seus conflitos, suas angústias, suas falhas. Isso não apenas para novatos como Rey e Kylon Ren (Adam Driver) quanto para veteranos como Luke, cuja imagem heroica que temos dele é posta em questão em alguns momentos.