A expressão alemã zeitgeist é comumente traduzida como
"espírito do tempo" ou "sinal do tempos" e muitas vezes é
usado para se referir ao contexto cultural/ideológico no mundo durante um
determinado período de tempo. Hollywood costuma capitalizar o zeitgeist em seus filmes, seja para
obter sucesso financeiro, seja para chamar a atenção das instâncias de
premiação por sua pertinência aos temas do momento. Este The Post: A Guerra Secreta, dirigido por Steven Spielberg, parece
calculado para faturar indicações ao Oscar ao trazer à baila temas como o
machismo no ambiente de trabalho e a importância do jornalismo em enfrentar um
governo desonesto (uma discussão que ganhou força desde a eleição de Donald
Trump e suas acusações de conluio com os russos).
Quando falo em calculado não
estou necessariamente usando o termo com uma conotação pejorativa. Toda arte é,
de alguma maneira, pensada e calculada para dialogar com o espectador e em
algum nível provocar um efeito específico sobre ele. Diretores como Alfred
Hitchock ou Stanley Kubrick são laureados constantemente pelo modo como cada
enquadramento, movimento de câmera ou corte de montagem é calculado ao seu
mínimo detalhe. Assim sendo, a questão é menos se algo é calculado para ser de
uma determinada maneira e mais se o filme funciona ou não. The Post: A Guerra Secreta, a despeito de seu claro oportunismo,
funciona em suscitar as discussões que propõe.