Se observarmos isoladamente os
elementos que compõem essa primeira temporada da série Altered Carbon vamos perceber que não tem nada que já não tenha
sido abordado pela ficção-científica cyberpunk
(como Blade Runner ou Ghost in the Shell) ou pela narrativa
policial. Ainda assim, o grande mérito da série é como ela pega esse conjunto
de múltiplas referências para criar um universo coeso e singular que não só é
maior que a soma de suas partes como também se sustenta por conta própria
independente de compreendermos ou não seu diálogo com diferentes cânones da
ficção.
A trama se passa em um futuro no
qual a mente humana pode ser digitalizada e colocada em pequenos cartuchos que
ficam alocados na base da nuca. Com isso é possível se tornar virtualmente
imortal, bastando colocar seu cartucho em um novo corpo quando o original
morre. A questão é que novos corpos são caros e, portanto, os mais pobres não
tem como pagar e seus cartuchos ficam guardados quando seus corpos morrem. Além
disso, é possível ter uma "morte real" caso seu cartucho seja
destruído, mas os mais ricos conseguem evitar isso através de um caro sistema
de backups. Assim, temos uma
sociedade na qual os ricos vivem para sempre e ficam cada vez mais ricos enquanto
os pobres ficam largados à penúria. No centro disso tudo está Takeshi Kovacs
(Joel Kinnaman) o último dos Emissários, uma unidade que enfrentou o atual
governo há mais de duzentos anos atrás.