Eu lembro quando o caso de Tonya
Harding estourou nos anos 90. A ideia de que uma atleta ordenaria um ataque a
uma rival para tirá-la da competição era o tipo de coisa que víamos em filmes,
mas não na vida real, então logicamente tudo se transformou em um espetáculo
midiático. Uma história dessas, que parece diretamente saída do cinema, se
mostrava rica para uma adaptação em filme e este Eu, Tonya faz valer o potencial dos eventos reais que o inspiraram.
A trama acompanha a patinadora
artística Tonya Harding (Margot Robbie) desde sua difícil e pobre infância até
o incidente fatídico que acabou com sua carreira no esporte. O filme nos mostra
a complicada relação dela com a mãe LaVona (Allison Jenney) e com seu namorado
Jeff (Sebastian Stan), bem como as dificuldades enfrentadas por ela para
ascender na carreira esportiva.
Apesar de mostrar os problemas
vividos por Tonya, o filme não nos pede para vê-la como uma pessoa inocente ou
para relevarmos sua conduta. Ele a humaniza, sim, permite que compreendamos
como ela se tornou daquela forma e o que a impeliu a agir do modo como agiu,
mas ao mesmo tempo não perde de vista a desfaçatez e até falta de escrúpulo de
Tonya diante de tudo que acontecia ao seu redor.