O roteirista Aaron Sorkin
construiu uma reputação para si com seus textos que privilegiam os diálogos rápidos
e constroem intensos embates verbais entre seus personagens tal como em A Rede Social (2010) e Steve Jobs (2015). Seu estilo de escrita
é tão singular que muitas vezes se impõem sobre o estilo dos cineastas que
dirigem os filmes feitos a partir dos seus roteiros (como o caso de Steve Jobs), então quando ele anunciou
que faria sua estreia como diretor neste A
Grande Jogada, havia grande expectativa para conferir o que alguém com uma
visão tão particular seria capaz de fazer no comando de uma produção.
A trama é baseada na história
real de Molly Bloom (Jessica Chastain), uma ex-esquiadora e estudante de
direito que passa a trabalhar organizando partidas de pôquer para celebridades
e empresários ricos. Com o tempo, Molly acaba se envolvendo com drogas e chama
a atenção de membros da máfia, complicando as coisas para o seu trabalho.
A narrativa alterna
constantemente entre o passado e o presente, com a narração rápida de Molly
unindo os dois tempos. A velocidade das falas e das mudanças de temporalidade
poderiam se tornar algo confuso, mas Sorkin conduz tudo com bastante fluidez,
conseguindo tornar compreensível o rápido processo mental de Molly, bem como os
termos e situações específicas do pôquer competitivo de modo natural e sem soar
forçadamente expositivo.