segunda-feira, 12 de março de 2018

Crítica - Aniquilação


Análise Crítica - Aniquilação


Review - Aniquilação
Depois do excelente Ex Machina: Instinto Artificial eu estava curioso para conferir qualquer que fosse o projeto seguinte do diretor Alex Garland. Este Aniquilação traz a mesma ambição e até alguns temas de seu filme anterior, mas o resultado final, embora satisfatório, não chega a causar o mesmo impacto que a estreia de Garland na direção.

A trama é centrada em Lena (Natalie Portman), uma cientista e ex-militar que é levada a uma base secreta do governo depois que seu marido, o soldado Kane (Oscar Isaac), reaparece na casa dela depois de passar um ano desaparecido em uma missão confidencial para o governo. Na base, Lena conhece Ventress (Jennifer Jason Leigh), a responsável pelo local. Ventress informa que Kane está em estado grave e os médicos não sabem como tratá-lo. A missão de Kane tinha sido investigar um fenômeno chamado de "O Brilho", que engolfou a área de uma reserva ambiental em um brilho estranho do qual nada sai e Kane foi o único sobrevivente de sua expedição. Como a área do Brilho está se expandindo, Ventress considera o fenômeno como uma ameaça e monta uma segunda expedição. Lena se voluntaria para ir junto, na esperança de encontrar lá dentro uma solução para o problema do marido.

Crítica - Em Pedaços


Análise Em Pedaços


Review Em Pedaços
Assistir a este Em Pedaços não é uma experiência fácil. O diretor alemão de origem turca Fatih Akin tece uma trama permeada por dor, solidão, desamparo e injustiça na qual não há nenhuma medida de conforto a ser encontrada. A trama acompanha Katja (Diane Kruger), uma mulher alemã casada com um homem turco que perde o marido e o filho em um atentado terrorista.

O filme tenta construir um discurso sobre a ascensão de forças ultraconservadoras e fascistas na Europa, analisando como as estruturas de poder da Alemanha tratam imigrantes como criminosos mesmo quando eles são as vítimas do crime. A narrativa, porém, não avança muito nesse tema, preferindo meramente apontar a existência dessas estruturas opressivas que dão margem à ampliação do discurso de ódio. Deixando de lado o exame sobre o racismo no país, o diretor prefere focar no luto e sofrimento da protagonista diante de sua perda súbita.

Diane Kruger é mais que hábil em nos convencer do desamparo de Katja, uma dor tão intensa e tão profunda que ela parece simplesmente anestesiada, como se todo aquele sentimento fosse demais para que ela conseguisse processar. A câmera de Akin raramente desvia seu olhar de Kruger e não poupa seu espectador de presenciar o sofrimento insuportável da protagonista. Por mais que seja eficiente, em especial pela verdade da atuação de Kruger, por vezes me peguei pensando se o filme não estava passando dos limites de uma estética realista crua e entrando no domínio do puro exploitation. Digo isso porque mesmo quando já ficou evidente a dimensão do sofrimento da personagem, o filme insiste em colocar o dedo na ferida de tal forma e com tanto detalhamento gráfico que não tenho certeza se elas estão ali para reforçar algum argumento ou apenas para chocar.

domingo, 11 de março de 2018

Crítica - Dívida Perigosa


Análise Crítica - Dívida Perigosa


Review - Dívida Perigosa
Apesar de produzir séries de alta qualidade e se sair relativamente na produção de documentários, a Netflix continua a tropeçar na produção de filmes de ficção. A sensação é que esses filmes são pensados e escritos por algum algoritmo que agrupa as preferências de usuários a partir de palavras-chave tipo "dramas de época", "filmes de gângster", "filmes com Jared Leto" e "cinema japonês" e então produz um roteiro que repete de maneira automática e sem muita imaginação os principais elementos de filmes que contenham essas palavras-chave. Assistir este sonolento Dívida Perigosa produz essa exata sensação de algo feito de maneira robótica e sem labor criativo.

A trama se passa no Japão da década de 50. Nick (Jared Leto) é um soldado dos Estados Unidos em uma prisão japonesa. Quando ele ajuda um colega de cela, um alto membro da família criminosa Shiromatsu, em uma fuga da prisão, Nick recebe um convite para se juntar à yakuza. A partir daí, o público acompanha a subida de Nick pelas fileiras da organização seguindo todos os clichês desse tipo de história, incluindo famílias rivais, um romance proibido com a filha do chefe, um traidor na família e mais alguns outros elementos já vimos sendo melhor construídos em vários outros filmes.

sábado, 10 de março de 2018

Crítica - Jessica Jones: 2ª Temporada


Análise Crítica - Jessica Jones: 2ª Temporada


Review Jessica Jones: 2ª Temporada
A primeira temporada de Jessica Jones acertava na exploração dos traumas de sua protagonista e na criação de um vilão fascinante e ameaçador. Essa segunda temporada aprofunda seu mergulho na mente traumatizada de Jessica (Krysten Ritter) e, embora tenha bons momentos, não se sai tão bem quanto a anterior. Antes de prosseguirem na leitura, aviso que o texto a seguir contem SPOILERS.

A trama começa repercutindo os eventos da temporada anterior, com Jessica precisando lidar com sua consciência após ter matado Kilgrave (David Tennant). Ela também precisa lidar com os traumas do seu passado, em especial com o acidente que matou sua família e a fez ser usada como cobaia pela sombria organização IGH. Ao lado de Trish (Rachael Taylor), Jessica investiga o seu passado para tentar finalmente cicatrizar velhas feridas.

Assim como na temporada anterior, Jessica continua sendo uma personagem fascinante. É possível ver nela um grande potencial para fazer coisas boas, mas personagem já perdeu tanto, já passou por tantos abusos e já ultrapassou tantos limites éticos que não consegue acreditar em si mesma e em sua capacidade de se relacionar com outras pessoas. Nesse sentido, Krysten Ritter é ótima em nos fazer perceber, mesmo em pequenos gestos, a carência, solidão e problemas de abandono da personagem. Um exemplo é na leve expressão de tristeza que precede o sorriso dado por ela ao ouvir a notícia do noivado de Trish, como se antes de ficar feliz pela irmã Jessica primeiro pensasse que seria mais uma pessoa a abandoná-la e se ausentar de sua vida.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Crítica - 12 Heróis


Análise 12 Heróis


Review 12 Strong
Já foram feitos inúmeros filmes sobre as histórias reais dos soldados dos Estados Unidos que combateram o terrorismo em países do Oriente Médio. Alguns adotam uma perspectiva crítica, mas a maioria tende a um ufanismo grandiloquente que pinta seus soldados como heróis. Como o título nacional já indica, esse 12 Heróis se enquadra na segunda categoria e daí emerge a pergunta: em que medida ele tenta se diferenciar dos demais filmes sobre o tema? Com cavalos. Sim, o fato de que o grupo de doze soldados avançou para além das linhas inimigas sozinhos e à cavalo é o principal diferencial do filme. Poderia render uma narrativa interessante, mas ele se apoia demais nos clichês desse tipo de história para conseguir ser envolvente.

A trama começa com o atentando ao World Trade Center em 2001. O capitão Mitch Nelson (Chris Hemsworth) está prestes a assumir um cargo burocrático dentro do exército, mas convence seu superior, o coronel Bowers (Rob Riggle, que serviu sob o comando do Bowers real quando atuou como fuzileiro naval), a lhe colocar novamente à frente de sua antiga unidade de combate. Auxiliado pelo soldado Spencer (Michael Shannon), Mitch é incumbido de derrubar a principal fortaleza talibã no Afeganistão. Sua unidade será a primeira a penetrar nas linhas inimigas e, exceto pelo apoio aéreo de bombardeiros, ele e seus onze homens não terão qualquer auxílio. Para cumprir seu objetivo, Mitch precisa colaborar com o general Dostum (Navid Negahban), líder de uma milícia local que se opõe aos talibãs. Como o terreno montanhoso é de difícil locomoção, a unidade de Mitch e a milícia de Dostum avançam à cavalo contra as fortalezas talibãs.

terça-feira, 6 de março de 2018

Crítica - Medo Profundo


Análise Crítica - Medo Profundo


Review 47 Meters Down
Duas jovens, Lisa (Mandy Moore) e Kate (Claire Holt), decidem fazer um daqueles mergulhos dentro de uma gaiola de metal para poder ver tubarões. Para muitos isso por si só já seria assustador, mas quando o guincho do barco quebra e a gaiola afunda no oceano, Lisa e Kate ficam em uma situação ainda mais tensa.

O filme acerta em construir uma atmosfera de desespero, usando vários planos amplos para mostrar ao público a imensidão vazia e sombria do fundo do oceano. Há um senso de perigo não só pelos tubarões, mas também pela urgência do estoque limitado de oxigênio que elas dispõem. O filme cria alguns momentos eficientes de tensão, como o ataque do tubarão à gaiola logo quando elas caem ou o segmento em que Lisa se afasta da gaiola e acaba se perdendo na escuridão do mar.

O problema é que o filme não mantém um ritmo consistente desses momentos de tensão (com fez Águas Rasas, por exemplo) e não tem nada com o que preencher a duração entre um instante de perigo e outro. As atrizes Mandy Moore e Claire Holt não têm muito com o que trabalhar e exceto pelos momentos em que suas personagens estão sob alguma ameaça mais direta, não há muitas razões para se importar com elas.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Crítica - O Passageiro


Resenha O Passageiro


Análise O Passageiro
Em Sem Escalas (2014) o diretor Jaume Collet-Serra colocava Liam Neeson para enfrentar bandidos em um avião. Agora, neste O Passageiro, Collet-Serra dirige Neeson em uma aventura na qual ele precisa enfrentar bandidos à bordo de um trem. Se parece uma reciclagem preguiçosa da mesma trama em uma ambientação diferente, é porque esse filme é exatamente isso.

Michael MacMacauley (Liam Neeson) é um ex-policial que trabalha vendendo seguros. Todo dia ele pega o trem de onde mora até Manhattan para chegar ao trabalho. Ele já se habituou à rota e já conhece os passageiros usuais. Quando subitamente ele perde o emprego, uma misteriosa mulher (Vera Farmiga) o aborda no trem de volta para casa. Ela lhe promete um pagamento de 100 mil dólares se ele puder identificar uma determinada pessoa no trem e plantar um rastreador em seu alvo. Logicamente, as coisas não são tão simples quanto parecem ser e Michael se vê em uma corrida contra o tempo para desbaratar uma perigosa conspiração.

Vencedores do Oscar 2018



A cerimônia de entrega do Oscar aconteceu ontem, 04 de março, e teve como grande vencedor o filme A Forma da Água, que recebeu quatro prêmios. Apresentada por Jimmy Kimmel, a premiação tentou evitar a confusão na entrega do prêmio de melhor filme no ano passado ao colocar o nome de cada categoria com letras bem grandes em cada envelope. Além de A Forma da Águao filme Dunkirk recebeu três prêmios. O veterano ator Gary Oldman recebeu seu primeiro Oscar por seu trabalho como Winston Churchill em O Destino de Uma Nação, primeiro também foi o Oscar recebido pelo diretor de fotografia Roger Deakins, finalmente vencendo na categoria (por Blade Runner 2049) depois de outras 13 indicações sem vencer. Outro feito inédito acontecido ontem foi a vitória de Jordan Peele na categoria de roteiro original na qual ele venceu por Corra!, sendo o primeiro negro a ganhar na categoria. Confiram abaixo a lista completa de indicados, com os vencedores em cada categoria destacados em negrito.

sábado, 3 de março de 2018

Vencedores do Framboesa de Ouro 2018



O Framboesa de Ouro, premiação que "celebra" os piores filmes do ano, divulgou hoje seus vencedores. Quem levou mais prêmios foi a animação Emoji: O Filme, enquanto que Transformers: O Último Cavaleiro, apesar do grande número de indicações, não venceu em nenhuma. Cinquenta Tons Mais Escuros, outro campeão de indicações, ganhou em duas categorias: pior continuação e pior atriz coadjuvante para Kim Basinger. Confiram abaixo a lista completa, com os vencedores destacados em negrito.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Crítica - Projeto Flórida




Filmes que contam histórias sobre crianças vivendo da pobreza muitas vezes pendem para o excesso, ou romantizam demais as condições sob as quais seus personagens vivem ou pesam demais a mão no sofrimento deles diante da situação adversa. Em Projeto Flórida, no entanto, o diretor Sean Baker (do excelente Tangerine) alcança um raro equilíbrio entre a ingenuidade da infância e a dureza do mundo adulto.

A trama é centrada na pequena Moonee (Brooklynn Prince), uma menina de seis anos que passa seus dias de férias brincando com seus amigos nas ruas ao redor do hotel barato no qual vive com a mãe, Halley (Bria Vinaite). Sem emprego, Halley encontra cada vez mais dificuldade para pagar as contas e sustentar a filha, mas Moonee, em sua ingenuidade infantil, está alheia a tudo isso.
                              
A câmera de Sean Baker muitas vezes registra seus personagens com um certo distanciamento, como se o cineasta não as conhecesse e as estivesse analisando, estudando, seguindo aquelas pessoas para tentar compreendê-las. Há um claro contraste entre as cenas envolvendo Moonee e as que envolvem Halley. Moonee vê o mundo como um espaço cheio de oportunidade, um lugar grandioso para aventuras e descobertas, estabelecendo um senso constante de encantamento conforme a menina explora os arredores com seus amigos. Halley, por outro lado, experimenta uma vida no qual nada dá certo e sua existência é tomada por desencanto e melancolia conforme ela vai se dando conta da piora de sua situação. Que Moonee não se dê conta da sua própria situação de miséria só torna tudo mais desolador.