A história de Cristo já foi
contada várias vezes e sob diferentes enfoques. Este Maria Madalena parecia só mais uma tentativa de contar a mesma
história usando um outro ponto de vista, mas se eleva do resto dos "filmes
bíblicos" ao usar sua protagonista para dizer algo mais além de requentar
uma narrativa que todo mundo já cansou de conhecer.
Centrado na figura de Maria
Madalena (Rooney Mara), o filme tem a intenção de passar a limpo algumas
concepções ligadas à personagem, em especial a ideia de que ela era uma
prostituta que seguia Jesus (Joaquin Phoenix) por algum tipo de penitência.
Aqui ela é uma mulher que não se encaixava nos padrões da época por não se ver
como esposa e mãe, decidindo seguir Jesus por crer em sua mensagem de
tolerância, amor, perdão e igualdade.
O melhor do filme é justamente
usar o ponto de vista de Maria Madalena para falar da estrutura patriarcal de
sua época (e que reverbera até hoje), que colocava os homens em funções de
poder e relegava as mulheres a papéis subalternos. Aqui, Madalena é uma igual
aos demais apóstolos, inclusive realizando batismos tal como os outros fazem.
Ela é menos uma observadora passiva e mais uma força actante na disseminação da
mensagem de Jesus, denotando uma busca por igualdade entre homens e mulheres
que o catolicismo institucional nunca abraçou.