Entre
os dias 26 de março e 01 de abril acontece em Salvador a 2ª Mostra Lugar
De Mulher é No Cinema. Com o objetivo de fomentar a visibilidade feminina e
discutir temas relevantes como a violência de gênero, a misoginia, a
sexualidade e o racismo, o evento exibe gratuitamente 77 curtas nacionais
dirigidos, roteirizados e/ou protagonizados por mulheres. A mostra exibe também,
na noite do dia 27 de março, o longa "A Moça do Calendário", de
Helena Ignez, cineasta baiana homenageada nesta edição. O evento é idealizado,
dirigido e produzido pelas cineastas Hilda Lopes Pontes, Lilih Curi e Moara
Rocha e acontece no Goethe-Institut Salvador, no Corredor da Vitória, e na Sala
Walter da Silveira, nos Barris.
domingo, 25 de março de 2018
2ª Mostra Lugar de Mulher é No Cinema começa amanhã em Salvador
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Notícias
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quinta-feira, 22 de março de 2018
Crítica - American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace
A primeira temporada de American Crime Story me pegou de
surpresa ao usar a história real do julgamento do ex-jogador de futebol
americano O.J Simpson para fazer uma análise das obsessões e conflitos
subjacentes da sociedade estadunidense. Imaginei que esta segunda temporada,
baseada no assassinato do estilista Gianni Versace, também fosse usar o crime
como um ponto de entrada para o exame dos problemas sociais dos Estados Unidos
e de certa forma é o que acontece, ainda que a temporada não tenha a mesma
força e contundência do seu ano de estreia.
A narrativa começa quando Gianni
Versace (Edgar Ramirez) é assassinado na porta de sua casa pelo jovem Andrew
Cunanan (Darren Criss), um rapaz com uma admiração pouco saudável pelo estilista. A
partir de então a trama passa a acompanhar a caçada por Cunanan ao mesmo tempo
em vai voltando no tempo para tentar entender as ações e motivações do
assassino. Apesar do nome Versace no título, o estilista e sua família são
meros coadjuvantes, aparecendo muito pouco ao longo da temporada. A história
que a temporada conta pertence mais a Andrew do que a sua célebre vítima e
embora eu entenda que o uso do nome Versace é uma decisão de cunho comercial,
afinal ninguém nem sabe ou lembra do nome de Cunanan e colocá-lo no título
provavelmente não chamaria tanta atenção. Ainda assim não consigo deixar de
sentir que o título é relativamente desonesto com sua audiência e cria uma
expectativa equivocada no espectador.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 21 de março de 2018
Crítica - Círculo de Fogo: A Revolta
O primeiro Círculo de Fogo (2013) era
uma aventura divertida prejudicada por sua insistência em tentar criar arcos
dramáticos sérios para seus protagonistas, sem perceber que tudo aquilo era uma
coleção de clichês rasos e que o mais interessante daquele universo era
justamente o lado lúdico, ingênuo, exagerado e cafona de vermos jovens
pilotando robôs gigantes para lutar contra monstros. Os trailers para este Círculo de Fogo: A Revolta davam a
entender que esse novo filme focaria mais na natureza aloprada e colorida desse
universo de robôs e monstros gigantes, mas o resultado é mais uma vez
inconsistente, ainda que divertido, pela exata maneira com a qual o filme
parece ter vergonha em abraçar plenamente a natureza aloprada e sua premissa.
A trama se passa dez anos depois
do filme original. O mundo tenta se reconstruir depois do fim da guerra contra
os kaijus e Jake Pentecost (John Boyega), filho do general Stacker (Idris Elba)
do filme anterior, vive de recuperar sucata dos antigos jaegers para revender
aos compradores mais interessados. Ele acaba preso durante uma dessas operações
de recuperação e, para livrá-lo da cadeia, sua irmã Mako (Rinko Kikuchi) o
coloca para trabalhar como instrutor de um grupo de jovens cadetes que almejam
se tornar pilotos de jaeger. Entre os recrutas está a garota Amara (Cailee
Spaeny), que foi capaz de construir seu próprio robô a partir de sucata. Ao
mesmo tempo, uma nova ameaça surge no horizonte quando misteriosos jaegers de
origem desconhecida começam a atacar cidades.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
terça-feira, 20 de março de 2018
Crítica - Blindspot: 2ª Temporada
Um bom final muitas vezes
consegue salvar uma narrativa problemática ou nos faz relevar os problemas do
percurso. É mais ou menos isso que acontece nessa segunda temporada de Blindspot, que repete muitos dos acertos
e erros da temporada anterior, mas se eleva ao entregar um clímax que
verdadeiramente soa como a culminância de uma trama desenvolvida ao longo de
dois anos. Aviso de antemão que esse texto contem SPOILERS.
A narrativa começa alguns meses
depois do ponto em que a primeira encerrou. Jane (Jamie Alexander) está detida
em uma prisão secreta da CIA, mas está planejando escapar. Enquanto isso, a
equipe do FBI liderada pelo agente Kurt Weller (Sullivan Stapleton) tem que
lidar com o fato de que Jane talvez os tenha traído. Quando Jane finalmente
escapa, Kurt e sua equipe decidem capturá-la. O time de Kurt é também abordado
por Nas Kamal (Archie Panjabi), uma agente da NSA que há anos monitora o grupo
terrorista intitulado Sandstorm, do que Jane fazia parte antes de ter sua
memória apagada. Nas propõe a Kurt que o FBI deixe Jane se infiltrar na
Sandstorm para descobrir os planos da organização e a identidade de Shepherd,
sua liderança misteriosa. Como era de se esperar, a missão de Jane fornece
também novas informações sobre o seu passado.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 19 de março de 2018
Crítica - Por Trás dos Seus Olhos
Gina (Blake Lively) é uma mulher
parcialmente cega que finalmente tem uma chance de voltar a enxergar quando se
submete a uma cirurgia em seu olho direito. A restauração de sua visão, no
entanto, começa a criar problemas em seu casamento conforme ela fica menos
dependente de seu marido, James (Jason Clarke). Poderia ser um estudo
interessante sobre a dissolução de um casamento ou sobre como depender de
alguém é diferente de amar alguém, mas o diretor Marc Forster resolve
transformar sua premissa interessante em um suspense psicológico raso, genérico
e com reviravoltas cada vez piores.
Se tem algo que o filme acerta, é
na construção visual que tenta nos fazer enxergar o mundo sob os sentidos
limitados de Gina. O filme usa diferentes lentes, filtros e efeitos digitais
para criar imagens surreais e ocasionalmente oníricas para nos transmitir a
experiência de Gina com o mundo. É tudo bem estilizado e criativo, mas é
lamentável que todo esse estilo esteja a serviço de um produto com tão pouca
substância.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 14 de março de 2018
Crítica - Tomb Raider: A Origem
Toda vez que um filme baseado em
um game é anunciado, fica a dúvida se finalmente teremos uma adaptação de
videogame para o cinema que irá render algo realmente bom. Este Tomb Raider: A Origem carregava essa
expectativa de que poderia "quebrar a maldição" desse tipo de filme,
afinal os dois últimos jogos, que reinventaram a franquia, foram muito bons e
Alicia Vikander era uma atriz talentosa o suficiente para ser Lara Croft. O
resultado, porém, é um filme de ação genérico que, embora não seja exatamente
ruim, também não te faz sair do cinema muito satisfeito.
A trama acompanha os primeiros
passos de Lara Croft (Alicia Vikander) como aventureira. Sete anos depois que
seu pai, o Lorde Croft (Dominic West), desapareceu em uma ilha na costa da Ásia
à procura da tumba da imperatriz Himiko, Lara organiza uma expedição para a
ilha com o intento de descobrir o que aconteceu com o pai e desvendar os
mistérios sobre o poder mágico da imperatriz. Chegando na ilha, ela encontra o
grupo de mercenários liderados por Mathias Vogel (Walton Goggins) que também
está em busca dos restos mortais de Himiko. Assim, Lara precisa enfrentar os
mercenários e descobrir como acessar a mítica tumba.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
terça-feira, 13 de março de 2018
Crítica - Maria Madalena
A história de Cristo já foi
contada várias vezes e sob diferentes enfoques. Este Maria Madalena parecia só mais uma tentativa de contar a mesma
história usando um outro ponto de vista, mas se eleva do resto dos "filmes
bíblicos" ao usar sua protagonista para dizer algo mais além de requentar
uma narrativa que todo mundo já cansou de conhecer.
Centrado na figura de Maria
Madalena (Rooney Mara), o filme tem a intenção de passar a limpo algumas
concepções ligadas à personagem, em especial a ideia de que ela era uma
prostituta que seguia Jesus (Joaquin Phoenix) por algum tipo de penitência.
Aqui ela é uma mulher que não se encaixava nos padrões da época por não se ver
como esposa e mãe, decidindo seguir Jesus por crer em sua mensagem de
tolerância, amor, perdão e igualdade.
O melhor do filme é justamente
usar o ponto de vista de Maria Madalena para falar da estrutura patriarcal de
sua época (e que reverbera até hoje), que colocava os homens em funções de
poder e relegava as mulheres a papéis subalternos. Aqui, Madalena é uma igual
aos demais apóstolos, inclusive realizando batismos tal como os outros fazem.
Ela é menos uma observadora passiva e mais uma força actante na disseminação da
mensagem de Jesus, denotando uma busca por igualdade entre homens e mulheres
que o catolicismo institucional nunca abraçou.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 12 de março de 2018
Crítica - Aniquilação
Depois do excelente Ex Machina: Instinto Artificial eu
estava curioso para conferir qualquer que fosse o projeto seguinte do diretor
Alex Garland. Este Aniquilação traz a
mesma ambição e até alguns temas de seu filme anterior, mas o resultado final,
embora satisfatório, não chega a causar o mesmo impacto que a estreia de
Garland na direção.
A trama é centrada em Lena (Natalie
Portman), uma cientista e ex-militar que é levada a uma base secreta do governo
depois que seu marido, o soldado Kane (Oscar Isaac), reaparece na casa dela
depois de passar um ano desaparecido em uma missão confidencial para o governo.
Na base, Lena conhece Ventress (Jennifer Jason Leigh), a responsável pelo
local. Ventress informa que Kane está em estado grave e os médicos não sabem
como tratá-lo. A missão de Kane tinha sido investigar um fenômeno chamado de
"O Brilho", que engolfou a área de uma reserva ambiental em um brilho
estranho do qual nada sai e Kane foi o único sobrevivente de sua expedição.
Como a área do Brilho está se expandindo, Ventress considera o fenômeno como
uma ameaça e monta uma segunda expedição. Lena se voluntaria para ir junto, na
esperança de encontrar lá dentro uma solução para o problema do marido.
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Suspense
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Em Pedaços
Assistir a este Em Pedaços não é uma experiência fácil.
O diretor alemão de origem turca Fatih Akin tece uma trama permeada por dor,
solidão, desamparo e injustiça na qual não há nenhuma medida de conforto a ser
encontrada. A trama acompanha Katja (Diane Kruger), uma mulher alemã casada com
um homem turco que perde o marido e o filho em um atentado terrorista.
O filme tenta construir um
discurso sobre a ascensão de forças ultraconservadoras e fascistas na Europa,
analisando como as estruturas de poder da Alemanha tratam imigrantes como
criminosos mesmo quando eles são as vítimas do crime. A narrativa, porém, não
avança muito nesse tema, preferindo meramente apontar a existência dessas
estruturas opressivas que dão margem à ampliação do discurso de ódio. Deixando
de lado o exame sobre o racismo no país, o diretor prefere focar no luto e
sofrimento da protagonista diante de sua perda súbita.
Diane Kruger é mais que hábil em
nos convencer do desamparo de Katja, uma dor tão intensa e tão profunda que ela
parece simplesmente anestesiada, como se todo aquele sentimento fosse demais
para que ela conseguisse processar. A câmera de Akin raramente desvia seu olhar
de Kruger e não poupa seu espectador de presenciar o sofrimento insuportável da
protagonista. Por mais que seja eficiente, em especial pela verdade da atuação
de Kruger, por vezes me peguei pensando se o filme não estava passando dos
limites de uma estética realista crua e entrando no domínio do puro exploitation. Digo isso porque mesmo
quando já ficou evidente a dimensão do sofrimento da personagem, o filme
insiste em colocar o dedo na ferida de tal forma e com tanto detalhamento
gráfico que não tenho certeza se elas estão ali para reforçar algum argumento
ou apenas para chocar.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
domingo, 11 de março de 2018
Crítica - Dívida Perigosa
Apesar de produzir séries de alta
qualidade e se sair relativamente na produção de documentários, a Netflix
continua a tropeçar na produção de filmes de ficção. A sensação é que esses
filmes são pensados e escritos por algum algoritmo que agrupa as preferências
de usuários a partir de palavras-chave tipo "dramas de época",
"filmes de gângster", "filmes com Jared Leto" e
"cinema japonês" e então produz um roteiro que repete de maneira
automática e sem muita imaginação os principais elementos de filmes que
contenham essas palavras-chave. Assistir este sonolento Dívida Perigosa produz essa exata sensação de algo feito de maneira
robótica e sem labor criativo.
A trama se passa no Japão da
década de 50. Nick (Jared Leto) é um soldado dos Estados Unidos em uma prisão
japonesa. Quando ele ajuda um colega de cela, um alto membro da família
criminosa Shiromatsu, em uma fuga da prisão, Nick recebe um convite para se
juntar à yakuza. A partir daí, o
público acompanha a subida de Nick pelas fileiras da organização seguindo todos
os clichês desse tipo de história, incluindo famílias rivais, um romance
proibido com a filha do chefe, um traidor na família e mais alguns outros
elementos já vimos sendo melhor construídos em vários outros filmes.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
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