sexta-feira, 27 de abril de 2018

Crítica - Vingadores: Guerra Infinita


Análise Crítica Vingadores: Guerra Infinita


Review Vingadores: Guerra InfinitaVingadores: Guerra Infinita é daqueles filmes que é melhor assistir sabendo o mínimo possível. Nesse sentido, escrever sobre ele é um pouco difícil, pois não quero estragar a experiência de ninguém. Ele é de fato a culminância de dez anos de planejamento e construção narrativa interligado, fazendo valer a pena ter acompanhado todo esse universo até aqui. Sim, é preciso ter visto boa parte dos filmes para entender o que acontece aqui.

A narrativa começa mais ou menos no ponto em que Thor: Ragnarok (2017), com a nave contendo os refugiados de Asgard sendo atacados pela nave de Thanos (Josh Brolin), que está percorrendo o universo em busca das seis Joias do Infinito para destruir metade da população do universo e assim trazer equilíbrio ao cosmos. Dizer mais seria arriscado, mas a partir do momento que o vemos começar a coletar as Joias começa uma corrida contra o tempo envolvendo praticamente todos os personagens que conhecemos no universo Marvel até agora.

Thanos impressiona não só pelo grau de ameaça que ele impõe aos personagens, como também pela complexidade que o texto dá a ele. É possível compreender suas motivações e o peso que ele sente carregar em virtude de sua peregrinação pelo universo. Thanos não é meramente um genocida sádico, ele é alguém com plena ciência do alto custo do que está fazendo e sente a dor de cada sacrifício feito. Ao seu modo, ele é misericordioso e honrado, ainda que também possa ser cruel e monstruoso. Depois do excelente antagonista que foi Killmonger em Pantera Negra, parece que a Marvel finalmente está conseguindo criar vilões interessantes, vamos torcer para que continue assim.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Crítica - Híbridos: Os Espíritos do Brasil


Análise Crítica - Híbridos: Os Espíritos do Brasil


Review - Híbridos: Os Espíritos do Brasil
O Brasil é um país enorme e nele existe uma multiplicidade de povos, culturas e crenças. Conhecer o Brasil inteiro seria quase como conhecer diferentes países. O interesse por essa multiplicidade contida em nossa nação funciona como a força motriz deste Híbridos: Os Espíritos do Brasil, documentário feito pelos franceses Priscila Telmon e Vincent Moon, que retrata os rituais religiosos de diferentes religiões em diversas partes do país.

Este não é, no entanto, um documentário feito para nos dar informações sobre esses rituais ou os sistemas de valores e crenças que regem essas manifestações religiosas. Na verdade, exceto pelo letreiro final que diz os nomes e lugares nos quais ocorreram os rituais registrados, o documentário não dá ao expectador nenhum contexto a respeito do que ele está vendo. O interesse dos realizadores reside mais na natureza emotiva e sensorial daqueles eventos do que em explicá-lo. É um documentário que nos quer deixar imersos no êxtase do contato com o sagrado que é experimentado pelos sujeitos filmados.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Crítica - 7 Dias em Entebbe


Análise Crítica - 7 Dias em Entebbe


Review - 7 Dias em Entebbe
O sequestro de um avião da Air France com destino a Tel Aviv em 1976 por um grupo de radicais pró Palestina já tinha sido transformado em filme em Operação Thunderbolt (1977), agora o diretor brasileiro José Padilha tenta contar novamente essa história com 7 Dias em Entebbe. Supostamente o filme deveria ser uma reflexão sobre a incapacidade de diálogo entre ambas as partes envolvidas (Israel e Palestina), mas muito da construção fílmica depõe contra a intenção da mensagem a ser construída.

A trama começa quando um grupo de alemães pró Palestina, liderados por Wilfried Böse (Daniel Bruhl) e Brigitte Kuhlmann (Rosamund Pike), sequestra um voo da Air France que ia para a capital de Israel. O grupo leva o avião até a cidade de Entebbe, em Uganda, na qual se encontram com radicais palestinos e deixam todos os passageiros presos no aeroporto da cidade, com a anuência do governante de Uganda, Idi Amin (Nonso Anozie), exigindo que Israel liberte presos políticos palestinos em troca da libertação dos reféns.

Padilha tenta realizar algo no molde um suspense ou thriller político, mas o filme carece de tensão para funcionar como tal. Parte do problema é que, como de costume em seus trabalhos, Padilha está mais interessado no contexto ao redor dos personagens do que nos sujeitos em si. Dessa forma os personagens se tornam meras engrenagens em um mecanismo maior, desprovidos de qualquer aprofundamento ou personalidade, são meros veículos para o cineasta nos dar informação e se os personagens não importam, é difícil sentir qualquer sensação de perigo ou urgência. Os personagens não falam, não conversam, eles dão palestras sobre ideologia, moralidade e política. A sensação é menos a de estarmos vendo pessoas envolvidas em uma tensa crise e mais a de que assistimos uma espécie de videoaula dramatizada. Tal como falei em meus textos sobre a segunda e terceira temporada de Narcos, se o interesse de Padilha reside mais sobre essas discussões maiores e menos em entender aquelas pessoas, porque fazer uma ficção ao invés de um documentário?

terça-feira, 24 de abril de 2018

Crítica - Praça Paris


Análise Crítica - Praça Paris


Review - Praça Paris
O cinema brasileiro vem cada vez mais produzindo filmes sobre os inerentes conflitos de classe social e suas consequências na sociedade brasileira. Obras como O Som ao Redor (2012) ou Que Horas Ela Volta? (2015) trataram a questão sob diferentes olhares e a cineasta Lucia Murat agrega ao debate com este Praça Paris.

A trama é centrada em duas mulheres. Camila (Joana de Verona) é uma terapeuta portuguesa que trabalha em uma universidade no Rio de Janeiro. Ela começa a tratar Glória (Grace Passô), ascensorista da universidade, e ao poucos a portuguesa vai conhecendo um cotidiano de violência que até então desconhecia conforme Glória relata os estupros que sofreu do pai na infância e a entrada de seu irmão mais novo no tráfico. Conforme escuta os relatos de Glória, Camila passa a ficar cada vez mais assustada com a maneira tranquila que Glória relata a violência ao seu redor, ao mesmo tempo em que Glória passa a depender cada vez mais da terapia.

A atriz Grace Passô é excelente ao construir Glória como uma personagem cheia de ambiguidades e contradições. Ela é alguém que claramente sofre com o peso da violência que testemunhou ao longo de sua vida, mas por não conhecer nenhuma outra solução além da própria violência. Simultaneamente vítima e algoz por conta das dificuldades de sua vida, Glória é alguém cuja fala muitas vezes transita entre a vulnerabilidade e ameaça, nos deixando incertos das reais intenções da personagem durante boa parte do filme.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Crítica - Submersão

Análise Submersão



Review Submersão
O cineasta alemão Wim Wenders, responsável por obras como  Paris, Texas (1984) ou Asas do Desejo (1987), é daqueles diretores que me faz correr para o cinema sempre que lança um novo filme. Este Submersão, no entanto, fica bem abaixo do que se espera de um trabalho de Wenders, ainda que tenha sua parcela de qualidades.

A narrativa é centrada no romance de Dani (Alicia Vikander) e James (James McAvoy), que se encontram durante um final de semana em uma pousada à beira-mar. Eles prometem se reencontrar, mas enfrentam problemas por conta de seus respectivos trabalhos. Dani trabalha com biologia marinha e parte em uma expedição para explorar o ponto mais profundo do oceano. James é um agente britânico que acaba capturado por fundamentalistas islâmicos durante uma missão no Quênia. O filme alterna entre o confinamento de cada um com flashbacks do romance dos dois.

As cenas envolvendo a construção do romance entre os dois são os momentos em que o filme funciona melhor. Primeiramente pela química que Vikander e McAvoy tem um com o outro, vendendo de maneira crível a paixão arrebatadora experimentada por seus respectivos personagens. A segunda coisa é que as interações entre os protagonistas permitem que o filme trabalhe de maneira mais natural suas temáticas envolvendo a relação do ser humano com a água e vida, também usando a questão da água e camadas do oceano como uma metáfora para o ato de se apaixonar.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Crítica - Jantar Com Beatriz (Beatriz at Dinner)


Análise Crítica - Jantar Com Beatriz (Beatriz at Dinner)


Review - Jantar Com Beatriz (Beatriz at Dinner)
Este Jantar Com Beatriz é daqueles filmes que chega ser um pouco difícil de classificar. Por vezes soa como um drama existencialista, ponderando o impacto da intervenção humana sobre o planeta e sobre outros seres humanos. Em outros momentos parece uma comédia de costumes apoiada em um certo "humor de constrangimento" satirizando o desconforto de uma elite frívola ao ser confrontada com suas próprias contradições. A mistura poderia resultar em uma obra inconsistente, mas o diretor Miguel Arteta transita por tudo isso com bastante sensibilidade.

Beatriz (Salma Hayek) é uma massagista e "terapeuta holística" que está atendendo uma cliente rica, Kathy (Connie Britton), na área nobre de Los Angeles. Quando o carro de Beatriz quebra, sua cliente a convida para ficar para o jantar. O marido de Kathy está dando um jantar para celebrar um acordo comercial envolvendo o magnata imobiliário Doug (John Lithgow), um empresário duro e sem escrúpulos. Ao longo do jantar, a natureza bondosa de Beatriz entra em conflito com o comportamento bruto de Doug.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Crítica - Perdidos no Espaço: 1ª Temporada


Análise Crítica - Perdidos no Espaço: 1ª Temporada


Review - Perdidos no Espaço: 1ª Temporada
Comecei a assistir esta primeira temporada de Perdidos no Espaço sem saber o que esperar, não conhecia a série original e não tinha memórias positivas sobre o filme de mesmo nome feito em 1998, mas o resultado desta nova versão feita pela Netflix foi bem satisfatório, oferecendo uma inteligente ficção-científica pautada sobre a importância da família.

A narrativa começa em um futuro próximo quando um cometa denominado "A Estrela de Natal" cai na Terra. A queda do cometa enche nossa atmosfera de cinzas que aos poucos vão tornando o planeta inabitável. Assim, a humanidade decide deixar a Terra e colonizar outros planetas. A família Robinson, composta por John (Toby Stephens), Maureen (Molly Parker) e seus três filhos: Judy (Taylor Russell), Penny (Mina Sundall) e Will (Maxwell Jenkings). Ao longo da jornada, no entanto, a nave colonizadora sofre um acidente e os Robinsons, bem como o resto dos colonistas, precisam evacuar. Assim, a família Robinson cai em um estranho planeta no qual precisarão lutar para sobreviver e descobrir o que aconteceu com sua nave colônia.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Crítica - Rampage: Destruição Total


Análise Rampage: Destruição Total


Review Rampage: Destruição Total
Considerando que a Warner vem obtendo relativo sucesso com seus filmes de monstro como Godzilla (2013) ou Kong: A Ilha da Caveira (2017), inclusive com uma cena pós-créditos ligando os dois filmes em um universo compartilhado, é estranho que o estúdio tenha escolhido adaptar um antigo jogo de videogame sobre monstros gigantes que mal tinha uma trama. O que Rampage: Destruição Total tem a oferecer aos fãs desse tipo de filme que outros não fazem? Bem, nada.

A trama começa quando uma estação espacial explode e os cilindros contendo um patógeno capaz de manipular o DNA animal caem em diferentes pontos dos Estados Unidos, transformando a fauna local em monstros gigantes. Um dos cilindros cai na reserva animal na qual Davis (Dwayne "The Rock" Johnson) cuida de gorilas, tornando um gorila albino em um animal gigantesco. Para controlar a situação, os irmãos Claire (Malin Akerman) e Brett Wyden (Jake Lacy), donos da empresa responsável pelos experimentos despacham uma equipe de mercenários para capturar as criaturas, mas quando os soldados falham, os executivos resolvem usar um sinal de rádio que só pode ser ouvido pelas criaturas para atraí-los à sede da empresa, eliminá-los e coletar seu DNA para futuros experimentos porque, claro, atrair monstros gigantes para uma grande cidade é algo bastante responsável e inteligente.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Lixo Extraordinário - A Reconquista


Análise A Reconquista


Review A Reconquista
Quando foi lançado em 2000, A Reconquista quebrou recordes ao se tornar o maior vencedor do Framboesa de Ouro até então, vencendo em sete categorias incluindo pior filme, pior diretor e pior roteiro. O "feito" alcançado pelo filme foi posteriormente superado por Eu Sei Quem Me Matou (2007), que ganhou oito, e Cada Um Tem a Gêmea Que Merece (2010), que ganhou dez, mas ainda assim A Reconquista entrou para a história como um dos piores filmes de todos os tempos. Inclusive o próprio Framboesa de Ouro "agraciou" A Reconquista com o prêmio especial de pior filme da década em 2010.

A película é baseada em um livro de L. Ron Hubbard, fundador da Cientologia, seita da qual John Travolta, que atuou e produziu este filme, faz parte. A trama se passa no ano 3000. A terra foi conquistada pelos Psychlos, uma raça de humanoides de mais de dois metros de altura que desde então mineira o ouro do nosso planeta. A raça humana foi quase inteiramente dizimada e os poucos sobreviventes são caçados e escravizados pelos alienígenas. Terl (John Travolta) é o Psychlo responsável pela segurança das operações de mineração no nosso planeta, ele odeia a Terra e não vê a hora de ir embora, mas um ato de insubordinação o faz ser "condenado" por seus superiores a continuar trabalhando na Terra indefinidamente. Frustrado, Terl bola um plano para enriquecer aos custos da companhia de mineração. Ao descobrir uma reserva de ouro intocada, ele resolve treinar humanos a usar o maquinário alienígena para minerar em segredo e ficar com todo ouro para si.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Crítica - Crazy Ex-Girlfriend: 3ª Temporada


Análise Crítica - Crazy Ex-Girlfriend: 3ª Temporada


Review - Crazy Ex-Girlfriend: 3ª TemporadaA temporada anterior de Crazy Ex-Girlfriend terminava com a promessa de que o terceiro ano colocaria Rebecca (Rachel Bloom) para se vingar de Josh (Vincent Rodriguez III) por tê-la abandonado no altar. A trama desta terceira temporada começa praticamente no ponto em que a última acabou e seu começo funciona como uma espécie de paródia de filmes como Atração Fatal (1987) e Fixação (2002), mas não se limita a apenas fazer graça com esses clichês da "mulher louca e vingativa", usando essa trama de vingança para fazer Rebecca perceber seus reais problemas.

O percurso da vingança leva a protagonista a perceber que ela não amava realmente Josh e sim a ideia que fazia dele. Esse momento de virada a faz confrontar todos os excessos que cometeu em seus relacionamentos e como ela sempre colocou sua felicidade como dependente dessas relações idealizadas. É impressionante que apesar de todo o seu bom humor, a série não se furta em tratar com seriedade os aspectos mais sombrios da espiral de Rebecca ao fundo do poço, deixando clara a gravidade representada por sua tentativa de suicídio.

Seria fácil demais para uma série que é primordialmente uma comédia relativizar a depressão e conduta da personagem, mas o roteiro acerta ao tratar o problema com a seriedade que ele merece, mostrando que o caminho para a melhora de Rebecca é lento e irá requerer uma boa dose de esforço e autoconsciência da parte dela. Mesmo diante dessas questões sérias, o texto consegue encontrar momentos de leveza e humor sem parecer que está menosprezando o problema, a exemplo do número musical com a terapeuta de Rebecca, no qual a profissional tenta se convencer que as coisas serão diferentes e a protagonista finalmente irá ouvi-la.