quinta-feira, 17 de maio de 2018

Crítica - A Barraca do Beijo (The Kissing Booth)


Análise Crítica - A Barraca do Beijo


Review - The Kissing Booth
Na superfície A Barraca do Beijo é uma daquelas comédias românticas adolescentes descartáveis e, bem, é só isso mesmo, o filme nunca vai além do superficial e dos clichês. Não é algo que vai te fazer passar raiva e detestar tudo, mas tampouco é uma fita que te deixa uma sensação de satisfação quando os créditos começam a subir.

Elle (Joey King) é uma garota que começou a se apaixonar por Noah (Jacob Elordi), irmão mais velho de Lee (Joel Courtney), seu melhor amigo. Ela e Lee fizeram um acordo para nunca namorarem parentes uns dos outros, mas quando Elle acidentalmente beija Noah na barraca do beijo da escola, fica difícil para a garota conter seus sentimentos. Assim, ela e Noah começam a namorar escondidos, temendo contar para Lee que estão apaixonados.

Sim, o enlace amoroso acontece já no início do filme e o maior conflito, que não é lá muito convincente, é o melhor amigo de Elle não aprovar a relação. O principal problema disso é que tudo soa como um obstáculo arbitrário para o relacionamento do casal, sem muita razão de existir que não forçar um conflito em uma trama que de outro modo não teria nenhum. Mais para frente Lee tenta justificar a regra dizendo que sempre viveu à sombra do irmão mais velho, mas se sua motivação sempre foi essa porque a regra dele e Elle diz respeito a todos os parentes? Se eles são melhores amigos que sempre foram sinceros um para outro soa estranho que Lee nunca tenha falado sobre o assunto com Elle. Isso sem falar do problema que é ter um conflito principal consistindo basicamente de dois homens disputando o controle de uma mulher como se fosse uma posse (Lee chega a dizer que Elle é a única "coisa" ele tinha e o irmão não), o que soa completamente anacrônico e inadimissível em pleno 2018.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Crítica - Paris 8


Análise Crítica - Paris 8


Review - Mes Provinciales
Um filme francês em preto e branco que acompanha as andanças de um personagem através de Paris enquanto ele trava longas conversas sobre cinema, literatura, música e filosofia. Essa parece a descrição de algo feito por alguma vanguarda europeia da década de 50 ou 60, mas pertence a Paris 8, um filme feito em 2018.

A narrativa é centrada em Etienne (Adranic Manet), um jovem que sai da cidade de Lyon para estudar cinema em Paris. Lá ele conhece dois outros estudantes que compartilham sua paixão sobre cinema, mas ao longo do ano eles enfrentarão dificuldades que colocam dúvidas sobre seus sonhos de se tornarem grandes autores.

É uma premissa típica de uma narrativa de formação, com um jovem deixando sua pequena cidade para perseguir seus sonhos na cidade grande enquanto lida com a desilusão dos obstáculos que surgem pelo caminho. Nesse sentido, o filme capta de maneira genuína as angústias do jovem estudante de cinema enquanto ele busca sua própria voz enquanto artista, experimenta dificuldades em se estabelecer no meio profissional e dissabores amorosos. Ciente do quanto é difícil produzir algo que seja relevante quando já existem tantas obras de arte magistrais no mundo, Etienne é excessivamente crítico de si mesmo, de suas próprias realizações e essa insegurança quanto ao seu lugar no mundo e seu próprio valor é algo com que todos podemos nos relacionar.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Crítica - Deadpool 2

Análise Crítica - Deadpool 2


Review - Deadpool 2
O primeiro Deadpool (2016) tinha sido uma grata surpresa graças ao seu senso de humor anárquico que brincava com as convenções e saturação dos filmes de super-heróis. Esse Deadpool 2 tem muito do que fez o original ser tão bacana, ainda que repita também os mesmos problemas.

Depois dos eventos do filme anterior, Wade Wilson (Ryan Reynolds) continua ganhando a vida como o mercenário tagarela Deadpool. A vida de Deadpool muda com a chegada do misterioso Cable (Josh Brolin), um viajante do tempo que deseja assassinar um jovem mutante para impedir uma catástrofe no futuro, e Deadpool decide proteger o garoto, formando uma nova equipe de mutantes para dar cabo de Cable.

Assim como o primeiro filme, a trama é bem simplória e por vezes esse esforço em construir um arco dramático e desenvolver temas sobre família e relacionamentos quebra o ritmo do humor surtado e sem noção que é característico do personagem. Há uma certa pieguice no modo como toda a questão de redenção e família é costurada na trama que provoca um contraste com a natureza imatura e irreverente do resto do filme e nem mesmo as piadas autoconscientes sobre isso diluem essa pieguice.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Crítica - O Alienista (The Alienist)


Resenha Crítica - O Alienista (The Alienist)


Review - O Alienista (The Alienist)Enquanto gênero literário, a narrativa policial surge na segunda metade do século XIX embalada pela força que o pensamento positivista vinha ganhando no campo das ciências e pela maneira como essas ciências positivistas desenvolviam métodos e técnicas que auxiliavam nas investigações criminais. A série O Alienista, baseada no romance de Caleb Carr, trata justamente desses primeiros passos das ciências criminais.

A trama se passa na Nova Iorque do século XIX e é centrada no médico alemão Laszlo Kreizler (Daniel Bruhl). Laszlo é um alienista, alguém que pesquisa e trata pessoas com problemas mentais, basicamente sendo um psiquiatra rudimentar. Quando uma série de assassinatos brutais envolvendo jovens homossexuais começa a aterrorizar a cidade, o alienista decide investigar que tipo de pessoa seria capaz de cometer tais crimes. Para isso, ele conta com a ajuda do desenhista e jornalista John Moore (Luke Evans) e da policial Sara Howard (Dakota Fanning), a primeira mulher a integrar a polícia de Nova Iorque.

terça-feira, 8 de maio de 2018

Crítica - A Noite do Jogo

Análise Crítica - A Noite do Jogo



Review - A Noite do Jogo
De vez em quando um filme me pega completamente desprevenido. Entrei para assistir este A Noite do Jogo sem muitas expectativas, mas o que encontrei foi uma das melhores comédias besteirol que assisti em anos. Sinceramente, não lembro a última vez que uma comédia me fez rir até minha barriga doer tal como aconteceu aqui.

A trama segue o casal Max (Jason Bateman) e Annie (Rachel McAdams). Eles são muito competitivos e sempre jogam qualquer coisa, desde videogames a jogos de tabuleiro, para ganhar. Semanalmente eles reúnem amigos igualmente competitivos para uma noite de jogos na casa deles. A situação muda quando Brooks (Kyle Chandler), o irmão mais velho e bem sucedido de Max, chega na cidade. Max nunca tinha vencido o irmão em nenhum jogo e vê no retorno dele a chance de finalmente derrotá-lo. Brooks chama todos para uma noite de jogos na casa dele e propõe um jogo diferente. Atores fantasiados de criminosos sequestrarão um deles e o restante dos jogadores precisará encontrar os culpados decifrando pistas. O problema é que Brooks se envolveu com criminosos reais e é sequestrado de verdade, mas seu irmão e os demais acham que tudo é parte do jogo e iniciam a investigação sem saber que estão lidando com criminosos de verdade.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Crítica - Anon

Análise Crítica - Anon


Review - Anon
Sob o risco de soar como um disco arranhado, eu preciso dizer que não sei o que se passa com a Netflix e como a realização de seus filmes de ficção consistentemente não tem dado bons resultados. Recentemente a empresa de streaming trouxe bons diretores como Duncan Jones e bons atores como Jared Leto em filmes como Mudo e Dívida Perigosa e ambos foram muito abaixo do esperado. Agora a Netflix trouxe o cineasta Andrew Niccol, de Gattaca (1997) e O Senhor das Armas (2005), para comandar a ficção-científica Anon e o resultado mais uma vez é decepcionante.

A trama se passa em um futuro próximo no qual todas as pessoas usam um implante no olho que funciona simultaneamente como uma câmera, filmando e gravando tudo que é visto, e como um computador. O trabalho da polícia é relativamente fácil, já que basta puxar as imagens dos olhos das pessoas envolvidas no crime para saber o que aconteceu. O detetive Sal Frieland (Clive Owen), no entanto, encontra um desafio quando surge uma série de assassinatos nos quais as imagens do olho da vítima foram apagadas e não há vestígio das imagens do olho do assassino. Os crimes fazem Sal se lembrar de uma misteriosa mulher (Amanda Seyfred) que viu na rua e seu olho não foi capaz de detectar qualquer informação sobre ela.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Crítica - God of War


Análise Crítica - God of War


Review - God of War
Eu joguei todos os games da franquia God of War lançados até aqui (sim, até os para PSP) e apesar de achar todos (em maior ou menor grau) games de ação bem divertidos, Kratos sempre me pareceu um protagonista bastante aborrecido. Se no primeiro jogo ele era meramente um sujeito com uma motivação clichê, no terceiro sua vingança cega o tornara um personagem insuportável de acompanhar, eu cheguei a demorar de terminar só porque não tinha paciência para os repetitivos rosnados de raiva, egoísmo e estupidez do personagem. Sim, o final o confrontava com as consequências de seu comportamento, mas até chegar lá, eram quase dez horas do personagem se comportando de maneira aborrecida. Pois este novo jogo da franquia, intitulado apenas God of War, finalmente consegue tornar Kratos um protagonista bem construído, complexo e interessante de acompanhar.

Funcionando simultaneamente como uma continuação e reboot, a trama coloca Kratos vivendo no reino dos deuses nórdicos. A história começa com a morte de Faye, a esposa de Kratos. O último desejo dela foi que Kratos e seu filho Atreus espalhassem suas cinzas no pico mais alto dos reinos. Kratos e Atreus tem uma relação distante e a jornada acaba expondo as tensões entre pai e filho.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Crítica - Tudo Que Quero




Tudo Que Quero é centrado em Wendy (Dakota Fanning), uma jovem autista e fã de Star Trek que foge de sua cuidadora para poder participar de uma competição de roteiros para o próximo filme da franquia Star Trek. O sumiço de Wendy deixa a sua responsável, Scottie (Toni Colette), e sua irmã, Audrey (Alice Eve), que correm para tentar encontrá-la. Wendy, no entanto, vai aos poucos aprendendo a se cuidar sozinha e a superar as dificuldades que encontra pelo caminho.

A estrutura narrativa é a de um road movie na qual os encontros que Wendy vivencia ao longo de sua jornada são o que move ou cria obstáculos para sua jornada. Os obstáculos e encontros, por sinal, são bem previsíveis, incluindo o momento em que ela é roubada, outro no qual o caixa de uma loja de conveniência tenta tirar vantagem dela ou quando ela se machuca e vai parar em um hospital. Tudo é milimetricamente pensado para evidenciar o despreparo dela para o mundo e as dificuldades experimentadas por pessoas autistas em lidar com as pessoas sem sair muito do traçado que se espera desse tipo de filme.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Crítica - Lá Vem os Pais


Análise Crítica - Lá Vem os Pais


Review Crítica - Lá Vem os Pais
Voltando a realizar um projeto de sua própria produtora depois de ter trabalhado com o diretor Noah Baumbach no ótimo Os Meyerowitz: Família não se Escolhe (2017), Adam Sandler reforça a impressão de que eu tenho dele há anos: o ator funciona melhor em projetos dos outros do que quando opera sob seu próprio material. Retornando às suas comédias típicas, este La Vem os Pais é vazio, preguiçoso e apoiado em um humor que meramente reproduz preconceitos.

A filha de Kenny (Adam Sandler) está para se casar e ele quer dar a filha o melhor casamento que puder pagar com seus parcos recursos. Kirby (Chris Rock), o pai do noivo, é um rico e mulherengo cirurgião que se oferece para pagar a cerimônia e deixá-la menos modesta, mas o orgulho paternal de Kenny não permite que ele aceite ajuda e assim, Kenny tenta por conta própria realizar o melhor casamento possível gastando o mínimo. É uma situação que lembra O Pai da Noiva (1991), mas mais baseado em um humor rasteiro do que na jornada emocional de um pai com dificuldade de se desapegar de sua primogênita.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Crítica - Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos

Análise Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos


Review Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos
Alguns filmes valem a experiência pela importância da mensagem que passam. Às vezes uma obra tem algo tão importante a dizer que relevamos as falhas estruturais da trama, as incoerências do roteiro ou qualquer outro problema que o produto apresente. Este Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos não é um desses casos. Apesar do filme trazer uma importante mensagem sobre a inclusão das pessoas com deficiência visual, é difícil ignorar os muitos problemas de estrutura narrativa, desenvolvimento de personagens e construção de diálogos.

Vitório (Edson Celulari) é um chef cego e dono de uma pizzaria no bairro do Bixiga em São Paulo. Ele desempenha sozinho a função de pizzaiolo em seu restaurante e tem no garçom Cleomar (Leonardo Machado) seu principal confidente. O cotidiano de Vitório fica prestes a mudar quando a esposa dele, Clarice (Soledad Villamil), apresenta a ele um procedimento experimental que pode devolver a sua visão. Cego desde a infância, Vitório reluta em aceitar a sugestão da esposa e isso cria um conflito em sua família.