Muita gente pode dizer que o
principal problema desta nova versão de Desejo
de Matar é o timing. Que ser
lançado em meio às discussões sobre violência armada abre o filme a
questionamentos que talvez não seriam feitos ou percebidos em outros contextos.
Não são considerações completamente equivocadas, mas não é somente o timing que torna o filme problemático e
mesmo sob um olhar afastado de todo a questão do porte de armas a obra não se
sustenta e o que sobra é um produto sem substância que não entende o que tornou
o original tão interessante.
Quando se fala em Desejo de Matar, em geral as pessoas lembram
das explosivas continuações, mas o primeiro filme, de 1974, tinha uma carga
dramática séria e refletia sobre o poder destrutivo da violência. Não havia
catarse ou reparação na jornada de Kersey e a violência (dos bandidos, dele
próprio) destruía tudo ao seu redor. Essa nova versão não tem nenhum desses
componentes e não constrói nenhum tipo de ponderação sobre a violência em nossa
sociedade. Não que ele tivesse obrigação de fazer qualquer uma dessas coisas,
mas uma vez retirados esses elementos resta apenas uma trama de vingança igual
a dúzias de outras que o cinema hollywoodiano produz anualmente.