sexta-feira, 1 de junho de 2018

Reflexões Boêmias - Vinte anos do fim de Seinfeld e o legado do "nada"


O legado de Seinfeld


Em 14 de maio de 1998 era exibido The Finale episódio final da série Seinfeld, que durou nove temporadas, foi um fenômeno da televisão, constantemente aparecendo em listas de melhores séries de todos os tempos, e tornou seu criador, o comediante Jerry Seinfeld, em um bilionário. Aproveitando o aniversário de vinte anos do fim da série (eu planejava ter esse texto pronto no dia exato dos vintes anos, mas infelizmente não pude), vou tentar refletir um pouco sobre o impacto que ela teve na paisagem televisiva da sua época e porque ela foi tão celebrada.

Uma série sobre "nada"?


O principal "argumento" de venda das publicidades da série, que é usado até hoje, é o fato de que a série era supostamente "sobre nada". O que isso quer dizer? Que a série não tinha enredo ou construção temática? Se olharmos os episódios em si, veremos que não é o caso. É bem fácil afirmar que Seinfeld é "sobre alguma coisa". Eu poderia dizer que sobre um grupo de adultos imaturos, egoístas e neuróticos, que é sobre a vida na cidade de Nova Iorque, então nesse sentido não seria uma série "sobre nada".

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Crítica - Han Solo: Uma História Star Wars


Análise Crítica - Han Solo: Uma História Star Wars


Review - Han Solo: Uma História Star Wars
Com uma produção conturbada que incluiu a demissão dos diretores Phil Lord e Chris Miller durantes as gravações e a entrada de Ron Howard para finalizar o filme, eu não esperava muita coisa deste Han Solo: Uma História Star Wars. Felizmente, o resultado final não é tão problemático quanto imaginava, sendo uma aventura divertida, mas esquecível.

A narrativa segue a juventude de Han Solo (Alden Ehrenreich) e suas primeiras aventuras, mostrando como ele fugiu de seu planeta natal Corellia e adentrou pelo submundo da galáxia. Em suas viagens ele conhece o ladrão Beckett (Woody Harrelson), que se torna uma espécie de mentor para ele, e busca reencontrar sua amiga de infância Qi'ra (Emilia Clarke).

O longa-metragem promete nos mostrar como Han se tornou o contrabandista cínico, durão e egoísta que conhecemos no Star Wars original, mas tudo que o filme faz é exibir como ele conseguiu suas coisas (nave, pistola) e encontrou seus principais aliados, sem construir essa prometida jornada emocional e assim falha em justificar sua própria existência. Os demais coadjuvantes também não tem muito desenvolvimento, o que até prejudica uma reviravolta próxima ao fim quando Qi'ra toma uma decisão que não parece justificada pelo pouco que a conhecemos, seja em termos de roteiro ou da atuação de Emilia Clarke que não dá a Qi'ra ambiguidade o suficiente para que ela convença como a femme fatale que a trama quer que a personagem se torne.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Crítica - Desejo de Matar


Análise Crítica - Desejo de Matar


Review - Desejo de Matar
Muita gente pode dizer que o principal problema desta nova versão de Desejo de Matar é o timing. Que ser lançado em meio às discussões sobre violência armada abre o filme a questionamentos que talvez não seriam feitos ou percebidos em outros contextos. Não são considerações completamente equivocadas, mas não é somente o timing que torna o filme problemático e mesmo sob um olhar afastado de todo a questão do porte de armas a obra não se sustenta e o que sobra é um produto sem substância que não entende o que tornou o original tão interessante.

Quando se fala em Desejo de Matar, em geral as pessoas lembram das explosivas continuações, mas o primeiro filme, de 1974, tinha uma carga dramática séria e refletia sobre o poder destrutivo da violência. Não havia catarse ou reparação na jornada de Kersey e a violência (dos bandidos, dele próprio) destruía tudo ao seu redor. Essa nova versão não tem nenhum desses componentes e não constrói nenhum tipo de ponderação sobre a violência em nossa sociedade. Não que ele tivesse obrigação de fazer qualquer uma dessas coisas, mas uma vez retirados esses elementos resta apenas uma trama de vingança igual a dúzias de outras que o cinema hollywoodiano produz anualmente.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Crítica - The Good Fight: 2ª Temporada

Análise Crítica - The Good Fight: 2ª Temporada


Review - The Good Fight: 2ª Temporada
"Quando Carl Reddick nasceu, haviam nazistas marchando nas ruas. Quando Carl Reddick morreu, haviam nazistas marchando nas ruas". Dita durante os primeiros minutos do início desta segunda temporada de The Good Fight, a frase faz um paralelo entre a ascensão do conservadorismo no momento pré Segunda Guerra Mundial (nazistas marchando na Alemanha) e a emergência de forças ultraconservadoras nos Estados Unidos de hoje (com nazistas marchando na cidade de Charlottesville), dando o tom crítico e combativo que a série continua a ter da conjuntura política e, assim como a temporada anterior, prendendo nossa atenção desde a primeira cena.

A trama começa com uma série de assassinatos a advogados, criando uma espécie de movimento intitulado "Kill All Lawyers" ("Matem Todos os Advogados") e com as autoridades pressionando Maia (Rose Leslie) para entregar o pai depois que ele fugiu do país no fim da primeira temporada. Ao mesmo tempo, Diane (Christine Baranski) precisa lidar com o clima de desesperança que se abate sobre ela frente ao que acontece com o país e em seu casamento com Kurt (Gary Cole), enquanto Lucca (Cush Jumbo) descobre estar grávida de Colin (Justin Bartha).

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Crítica - Ibiza: Tudo Pelo DJ




Considerando o nível abominável das comédias feitas pela Netflix esse ano, resultando em atrocidades como Perda Total e Lá Vem os Pais, este Ibiza: Tudo Pelo DJ é relativamente inofensivo, ainda que lhe falte energia e inventividade para fazer a experiência valer a pena.

A narrativa é centrada em Harper (Gillian Jacobs), uma Relações Públicas que tenta ser promovida na empresa em que trabalha. A oportunidade surge quando sua chefe a envia em uma viagem para a Espanha para fechar um contrato com uma marca de bebidas europeia. Harper leva consigo Nikki (Vanessa Bayer) e Leah (Phoebe Robinson) e decide aproveitar o tempo livre no país para curtir. Em sua primeira noite na Espanha ela conhece o DJ Leo West (Richard Madden, o Robb Stark de Game of Thrones). Eles tem um breve flerte e logo se despedem, mas Nikki e Leah encorajam Harper a ir atrás dele em seu próximo show, na ilha de Ibiza, para poder ficar com ele. O problema é que isso deixa pouco tempo para que Harper resolva os negócios de sua empresa.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Crítica - Flash: 4ª Temporada


Análise Crítica - Flash: 4ª Temporada


Review - Flash Season 4
A terceira temporada de Flash foi relativamente morna, mas terminou com um gancho que prometia grandes mudanças nesta quarta temporada. Com Barry (Grant Gustin) na Força da Aceleração a série tinha a oportunidade de usar a ausência dele para desenvolver personagens que não estavam tendo muito espaço como Wally (Keiynan Lonsdale) e Iris (Candice Patton). Além disso o anúncio de que a narrativa finalmente teria como principal antagonista na temporada alguém que não fosse um velocista, o vilão Pensador (Neil Sandilands), parecia o respiro que Flash precisava para se renovar depois da cansativa na terceira temporada. Digo parecia porque a quarta temporada acabou sendo ainda pior. A partir desse ponto, o texto pode conter SPOILERS da quarta temporada.

Era lógico que Barry não ficaria preso na Força da Aceleração para sempre, mas eu imaginei que a série levaria alguns episódios antes de trazê-lo de volta, justamente para que pudéssemos sentir o peso da ausência dele e que outros personagens pudessem ser desenvolvidos. Nada disso aconteceu e Barry retornou já no primeiro episódio, automaticamente tirando qualquer senso de consequência ou peso dramático da temporada anterior. Se eu esperava que Wally pudesse ter algum tempo para crescer como personagem, o texto fez o exato oposto, despachando-o subitamente para a série Legendos of Tomorrow sem ter dado nada relevante para que Wally fizesse em toda sua participação em Flash.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Crítica - Horizon Chase Turbo



Análise Crítica - Horizon Chase Turbo

Review - Horizon Chase Turbo
Eu tenho memórias afetuosas de infância envolvendo jogos de corrida como Out Run e Top Gear, então confesso que fiquei bem empolgado com o anúncio deste Horizon Chase Turbo, game indie de corrida que visava remeter a antigos arcade racers como os dois citados no início do parágrafo. Fiquei ainda mais curioso por se tratar de um produto feito por uma desenvolvedora brasileira, a Aquiris. Eu não conhecia o trabalho anterior deles, Horizon Chase World Tour, lançado para dispositivos móveis em 2015, então não sabia o que esperar. Felizmente, o resultado de Horizon Chase Turbo é muito melhor do que eu esperava.

O modo principal é o "Volta ao Mundo", contendo corridas em diferentes países e cidades ao redor do mundo, totalizando mais de 100 pistas. Os circuitos são baseados em cidades reais e é possível perceber o esmero do jogo em recriar os principais marcos arquitetônicos e geográficos desses locais, como o Farol da Barra em Salvador ou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (aquele que parece um disco voador). Vencer as corridas de Volta ao Mundo rendem pontos que servem para abrir mais pistas, modos e carros, com todos os modos comportando até quatro jogadores em multiplayer local.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Crítica - Agents of S.H.I.E.L.D: 5ª Temporada


Análise Crítica - Agents of S.H.I.E.L.D: 5ª Temporada


Review - Agents of S.H.I.E.L.D: Season 5
A quarta temporada de Agents of SHIELD, uma das melhores da série diga-se de passagem, terminava com um instigante gancho: o agente Coulson (Clark Gregg) era sequestrado por pessoas desconhecidas e quando acordava percebia que estava no espaço. Imediatamente teorias começaram a pipocar: será que o final ligaria a série com os eventos da (então) vindoura série dos Inumanos? Será que se conectaria diretamente com os acontecimentos de Vingadores: Guerra Infinita. Eram muitas possibilidades empolgantes, mas quando a temporada nova começou o resultado foi decepcionante e a mais fraca temporada da série desde então. Aviso que o texto a seguir tem SPOILERS da temporada.

Na trama, Coulson e o restante da SHIELD descobre que eles na verdade foram levados ao futuro. Eles estão em uma gigantesca colônia espacial chamada O Farol, que a abriga o que restou da humanidade depois que a Terra foi destruída. A existência humana não é fácil, já que eles são governados com mão de ferro pelos Kree e todos os recursos são controlados. No fim, a temporada não tinha conexão alguma com a série Inumanos (ainda bem, considerado o quanto ela foi ruim e já está devidamente cancelada) ou com o Thanos. O vilão chega a ser citado nominalmente em alguns dos últimos episódios, mas a série não chega a abordar as consequências do que acontece no final de Vingadores: Guerra Infinita.

sábado, 19 de maio de 2018

Crítica - 13 Reasons Why: 2ª Temporada


Análise Crítica - 13 Reasons Why: 2ª Temporada


Review - 13 Reasons Why: 2ª Temporada
Quando escrevi sobre a primeira temporada de 13 Reasons Why falei que apesar de ficar curioso sobre a resolução de algumas pontas soltas, em especial o processo contra a escola e as denúncias de estupro contra Bryce (Justin Prentice), não considerava que a série tinha material para sustentar uma segunda temporada. Sugeri que talvez tivesse sido melhor que a temporada tivesse dois ou três episódios a mais para resolver isso do que mais uma temporada com outros treze episódios ou que ela tivesse permanecido do jeito que estava, ficando como uma minissérie. Depois de ver essa segunda temporada, fico triste em perceber que meu diagnóstico estava correto e o resultado é um segundo ano inchado, arrastado, redundante e apologético. A partir desse ponto o texto contém SPOILERS.

A trama começa meses depois da temporada anterior com o início do julgamento do processo da mãe (Kate Walsh) de Hannah (Katherine Langford) contra a escola. A acusação quer mostrar como a escola foi negligente no tratamento do bulliyng enquanto que a defesa tenta pintar Hannah como uma garota irresponsável e namoradeira que sofreu as consequências das próprias ações. Ao mesmo tempo, Clay (Dylan Minette, que este ano protagonizou o horrendo Vende-se Esta Casa) precisa lidar com o trauma ainda presente da morte de Hannah e com a descoberta de que Bryce possivelmente estuprou mais garotas além de Hannah e Jessica (Alisha Boe).

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Crítica - Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom


Análise Crítica - Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom


Review - Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom
Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom é um daqueles jogos com potencial de arruinar sua vida. É fácil se perder no imersivo e imenso mundo que ele constrói e na quantidade de atividades que ele te dá, quando mal percebemos já é uma da manhã e ainda assim você quer terminar mais uma missão.

Não é preciso ter jogado o primeiro Ni No Kuni para entender o que se passa aqui. A trama do novo game acontece séculos depois do original e é centrada em Evan, o jovem príncipe do reino de Ding Dong Dell. No dia de sua coração, depois da trágica morte do seu pai, o principal conselheiro real inicia um golpe de estado e toma o controle do reino para si. Evan escapa e decide recuperar seu trono, iniciando assim uma mágica jornada que eventualmente envolverá salvar o mundo de uma sombria ameaça com a ajuda de seus companheiros e uma pequena criatura mágica chamada Lofty (que parece a Lisa Simpson sob efeito de crack).