Conhecido por seu desenvolvimento
tecnológico e por suas cidades cosmopolitas, o Japão ainda é um país patriarcal
e tradicionalista e, com isso, não deixa de exibir uma certa parcela de
preconceitos em relação a algumas minorias. Este Entre-Laços, da diretora Naoko Ogigami, toca na questão das
dificuldades vivenciadas pela população transgênero do país.
A narrativa começa quando a
garota Tomo (Rin Kakihara) é abandonada pela mãe e vai morar com o tio, Makio
(Kenta Kiritani), e lá descobre que ele agora vive com Rinko (Tôma Ikuta), uma
mulher transgênero. Tomo fica receosa com a nova companheira do tio, mas logo
se aproxima de Rinko conforme ela lhe dá o afeto e cuidado que sua mãe
biológica nunca lhe deu.
Filmado em planos estáticos, com
quase nenhum movimento de câmera, poucos cortes, pouco uso de música e
constantes elipses temporais. Esse estilo remete aos filmes do seminal cineasta
japonês Yasujiro Ozu que, tal qual Ogigami neste filme, também focava seus
filmes nas relações familiares e conflitos geracionais. A escolha não parece
ser um acidente, mas uma decisão deliberada de reverberar o legado do cineasta
ao mesmo tempo em que moderniza seus temas.