À distância Hereditário parece mais um filme de terror sobre casas mal
assombradas e possessões demoníacas, mas sob a sua premissa bastante
tradicional há uma trama sobre nossa indelével conexão com nossas famílias e
como somos inevitavelmente confrontados com as consequências das escolhas
feitas por nossos pais e avós.
A trama começa quando a mãe da
artista plástica Annie (Toni Colette) morre e deixa toda a família em estado de
luto. As principais afetadas pela perda são Annie, que tinha uma relação cheia
de animosidade e ressentimento pela falecida mãe, o que significa que agora
todos esses problemas da relação jamais serão resolvidos, e Charlie (Milly
Shapiro), a estranha filha caçula de Annie. Praticamente criada pela avó, Charlie
é a mais deprimida com a sua morte, começando a exibir um estranho
comportamento.
Como qualquer outro filme de
terror, não demora a acontecerem coisas estranhas e sinistras na casa de Annie,
mas tal como exemplares recentes do gênero, a exemplo de A Bruxa (2016) ou Raw
(2016) Hereditário joga com nossa
percepção do que está acontecendo, nos deixando em dúvida se de fato estamos
diante de casos de assombração e possessão ou se aqueles personagens estão
surtando, já que a trama nos dá razões suficientes para duvidar da sanidade
deles. O medo aqui emerge do não saber, do confronto com o desconhecido.