segunda-feira, 25 de junho de 2018

Crítica – Luke Cage: 2ª Temporada


Análise Crítica – Luke Cage: 2ª Temporada


Review – Luke Cage: 2ª TemporadaA primeira temporada de Luke Cage teve um começo promissor, mas acabou perdendo um pouco do impacto ao eliminar um pouco cedo demais seu vilão mais interessante. Essa segunda temporada também tem problemas em construir bom um vilão e acaba sendo prejudicada por isso e por problemas de ritmo.

A trama começa pouco tempo depois dos eventos mostrados da série dos Defensores, com Luke Cage (Mike Colter) tentando derrubar Mariah (Alfre Woodard) que, junto com o gângster Shades (Theo Rossi), assumiu os negócios do vilão Boca de Algodão (Mahershala Ali). Ao mesmo tempo, uma nova ameaça surge na forma do jamaicano Bushmaster (Mustafa Shakir), que chega ao Harlem em busca de vingança contra algo que a família de Mariah fez no passado.

Esse segundo ano tenta explorar a frustração de Luke com o fato de que mesmo sendo indestrutível ele não é onipotente e não tem como manter o bairro seguro o tempo todo. Seu desejo de ajudar as pessoas e fazer do Harlem um local pacífico acaba levando-o a questionar seus métodos e a pensar em atitudes mais extremas. Seria um caminho promissor, levar o personagem por esse caminho de anti-herói e explorar seu lado mais sombrio, a segunda temporada de Demolidor, por exemplo, fez isso relativamente bem, mas lamentavelmente o mesmo não ocorreu aqui.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Crítica – Desobediência


Resenha Crítica – Desobediência


Review – Desobediência
Desobediência podia ser meramente um filme sobre repressão religiosa. Não deixa de abordar esse tema, mas também vai um pouco além disso ao abordar questões de tradicionalismo versus liberdade individual, assim como os conflitos que emergem quando alguém simultaneamente se sente parte de uma comunidade e deslocado dela.

Depois de décadas afastada, Ronit (Rachel Weisz) retorna à comunidade judia ortodoxa na qual cresceu. O motivo do retorno é o falecimento do seu pai, o respeitado rabino da comunidade. Mesmo com um motivo tão forte para voltar, as pessoas da comunidade a olham com estranhamento, como se ela não devesse estar ali. Apenas Dovid (Alessandro Nivola), um antigo amigo de infância, recebe Ronit com algum tipo de compaixão e empatia, hospedando-a em sua casa. Dovid, por sinal, é casado com Esti (Rachel McAdams), também amiga de Ronit na juventude, e com o tempo as duas reacendem um sentimento há muito adormecido.

O diretor chileno Sebastián Lelio, responsável pelo vencedor do Oscar de filme estrangeiro Uma Mulher Fantástica (2017), conduz tudo com um olhar discreto, permitindo que os conflitos emerjam do trabalho dos atores, das interações e dos pequenos gestos trocados entre eles.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Crítica – Hereditário


Análise Crítica – Hereditário


Review – Hereditário
À distância Hereditário parece mais um filme de terror sobre casas mal assombradas e possessões demoníacas, mas sob a sua premissa bastante tradicional há uma trama sobre nossa indelével conexão com nossas famílias e como somos inevitavelmente confrontados com as consequências das escolhas feitas por nossos pais e avós.

A trama começa quando a mãe da artista plástica Annie (Toni Colette) morre e deixa toda a família em estado de luto. As principais afetadas pela perda são Annie, que tinha uma relação cheia de animosidade e ressentimento pela falecida mãe, o que significa que agora todos esses problemas da relação jamais serão resolvidos, e Charlie (Milly Shapiro), a estranha filha caçula de Annie. Praticamente criada pela avó, Charlie é a mais deprimida com a sua morte, começando a exibir um estranho comportamento.

Como qualquer outro filme de terror, não demora a acontecerem coisas estranhas e sinistras na casa de Annie, mas tal como exemplares recentes do gênero, a exemplo de A Bruxa (2016) ou Raw (2016) Hereditário joga com nossa percepção do que está acontecendo, nos deixando em dúvida se de fato estamos diante de casos de assombração e possessão ou se aqueles personagens estão surtando, já que a trama nos dá razões suficientes para duvidar da sanidade deles. O medo aqui emerge do não saber, do confronto com o desconhecido.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Lixo Extraordinário – United Passions


Análise Crítica - United Passions


Review - United Passions
Centrado na história da FIFA, a federação internacional de futebol, este United Passions é um daqueles filmes que estará sempre cercado de infâmia. Parte disso porque ele já entrou para a história como uma das menores bilheterias de todos os tempos, tendo arrecadado apenas cerca de 600 dólares em seu final de semana de estreia e saído de cartaz depois de uma semana sendo exibido em apenas um cinema nos Estados Unidos. Outra parte das razões dele ser tão infame diz respeito ao momento de seu lançamento, meros dias antes de Joseph Blatter (um dos personagens principais do filme) e outros membros da alta cúpula da FIFA terem sido presos ou indiciados por desvios de dinheiro, aceitar subornos e outros crimes, praticamente destruindo qualquer interesse do público em conferir um filme que retrata esses cartolas do futebol como heróis virtuosos. Por fim, a terceira razão pela qual United Passions viverá sempre em infâmia é que ele é muito, muito, mas muito ruim, dolorosa e excruciantemente ruim, desgraçadamente ruim e mesmo que tivesse sido lançado em um momento menos prejudicial para sua imagem ainda assim teria sido execrado.

A trama acompanha a trajetória da FIFA e segue seus três principais diretores: Jules Rimet (Gerard Depardieu), João Havelange (Sam Neill) e Joseph “Sepp” Blatter (Tim Roth). Era de se imaginar que um filme sobre a maior federação de futebol do mundo fosse falar da importância do esporte, do que torna o futebol especial, que tentasse entender as razões pelo esporte despertar tantas paixões e unir tantas pessoas ao redor dele, mas nada disso parece interessar à narrativa.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Crítica – Entre-Laços


Análise Crítica – Entre-Laços


Review – Entre-Laços
Conhecido por seu desenvolvimento tecnológico e por suas cidades cosmopolitas, o Japão ainda é um país patriarcal e tradicionalista e, com isso, não deixa de exibir uma certa parcela de preconceitos em relação a algumas minorias. Este Entre-Laços, da diretora Naoko Ogigami, toca na questão das dificuldades vivenciadas pela população transgênero do país.

A narrativa começa quando a garota Tomo (Rin Kakihara) é abandonada pela mãe e vai morar com o tio, Makio (Kenta Kiritani), e lá descobre que ele agora vive com Rinko (Tôma Ikuta), uma mulher transgênero. Tomo fica receosa com a nova companheira do tio, mas logo se aproxima de Rinko conforme ela lhe dá o afeto e cuidado que sua mãe biológica nunca lhe deu.

Filmado em planos estáticos, com quase nenhum movimento de câmera, poucos cortes, pouco uso de música e constantes elipses temporais. Esse estilo remete aos filmes do seminal cineasta japonês Yasujiro Ozu que, tal qual Ogigami neste filme, também focava seus filmes nas relações familiares e conflitos geracionais. A escolha não parece ser um acidente, mas uma decisão deliberada de reverberar o legado do cineasta ao mesmo tempo em que moderniza seus temas.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Crítica – Sol da Meia-Noite


Análise Crítica – Sol da Meia-Noite


Resenha Crítica – Sol da Meia-Noite
Katie (Bella Thorne) é uma garota que sofre de uma rara (e real) doença chamada Xeroderma Pigmentosum (ou XP) na qual seu corpo é incapaz de processar a absorção de raios ultravioletas, o que significa que a exposição ao sol é potencialmente fatal para ela. Ela cresce estudando em casa tendo o pai, Jack (Rob Riggle), e observando o vizinho Charlie (Patrick Schwarzenegger, filho do Arnold) por sua janela com proteção UV. Essa é a premissa inicial deste Sol da Meia-Noite, adaptação hollywoodiana de um filme japonês de 2006 sobre o mesmo tema, sendo que no Japão a incidência de XP na população é mais comum.

Como era de se imaginar, Katie eventualmente conhece Charlie pessoalmente quando vai tocar violão à noite da estação de trem de sua cidade. O filme segue a mesma cartilha das histórias de amor adolescente envolvendo jovens moribundos de obras como A Culpa é das Estrelas (2014), mas sem a mesma emoção ou charme. Segue também boa parte dos lugares comuns de filmes adolescentes, como a quase obrigatória cena da mocinha descendo as escadas de casa em câmera lenta toda arrumada para sua primeira festa arrancando suspiros do pai e da melhor amiga, algo que esse tipo de película faz desde os anos oitenta e já foi parodiado em comédias como Não é Mais um Besteirol Americano (2001).

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Crítica – Jurassic World: Reino Ameaçado


Análise Crítica – Jurassic World: Reino Ameaçado


Review – Jurassic World: Reino AmeaçadoJurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015) era uma colagem rasa das principais cenas de ação da franquia costurada por uma versão requentada da trama do filme original de 1993. Apesar de ser um fanservice preguiçoso, ainda que carismático, conseguiu arrecadar mais de um bilhão e meio, logicamente gerando uma continuação, este Jurassic World: Reino Ameaçado. O filme prometia levar a franquia a novas direções, mas só faz isso em seus últimos minutos e até chegar lá o público precisa se contentar com uma reciclagem da trama de O Mundo Perdido (1997).

Anos depois dos eventos do filme anterior, a Ilha Nublar está ameaçada por uma erupção vulcânica. Preocupada com o destino dos dinossauros que lá habitam, Claire (Bryce Dallas Howard) lidera uma campanha para que o governo evacue os répteis, porque claro, nada melhor que torrar o dinheiro do contribuinte para salvar criaturas que nem deveriam existir e que causariam um imenso desequilíbrio ecológico para toda fauna e flora do planeta caso fossem soltas na natureza, ameaçando todas as criaturas vivas. Quando o governo logicamente nega o auxílio, Claire é abordada por Eli Mills (Rafe Spall), que se apresenta como um ambientalista que visa preservar os dinossauros e pede a ajuda dela em uma operação de resgate. Claire decide pedir ajuda para Owen (Chris Pratt), já que ele é o único capaz de interagir com a velociraptor Blue, mas chegando na ilha a dupla descobre que os planos de Eli eram muito mais nefastos.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Crítica – No Olho do Furacão


Análise Crítica – No Olho do Furacão


Review – No Olho do Furacão
Meu primeiro pensamento ao entrar para assistir No Olho do Furacão foi: “eu não já vi esse filme antes”? Na verdade eu tinha confundido com No Olho do Tornado (2014), que não tem nenhuma relação com este No Olho do Furacão além do fato de ambos serem filmes muito ruins sobre ciclones.

A trama é centrada no meteorologista Will (Toby Kebbell), que está em uma pequena cidade no sul dos Estados Unidos para investigar a formação de uma possível supertempestade na região. A cidade, que abriga uma instalação do governo federal de descarte de cédulas de dinheiro velhas, é evacuada por precaução, mas bandidos tomam o controle do prédio do governo para roubar os milhões armazenados ali, usando o furacão como cobertura. Sim, os vilões conceberam um plano que só poderia ser executado na ocorrência de um furacão forte o bastante para motivar uma evacuação da cidade, o que é estranhamente específico e imprevisível. O que eles fariam se um evento climático dessa magnitude não acontecesse? Iam esperar até morrer de velhice? De todo modo, a agente federal Casey (Maggie Grace) é a única a não ser capturada pelos bandidos e com a ajuda de Will tentará deter o audacioso (ou estúpido) roubo.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Crítica – Oito Mulheres e Um Segredo


Análise Crítica – Oito Mulheres e Um Segredo


Review – Oito Mulheres e Um Segredo
Assim como a trilogia dirigida por Steven Soderbergh e estrelada por George Clooney, Oito Mulheres e Um Segredo é uma aventura estilosa que se apoia no carisma de suas estrelas. Este spin-off feminino, no entanto, não consegue alcançar todo o potencial que sua premissa e elenco prometiam.

A trama começa quando Debbie Ocean (Sandra Bullock), irmã do Danny Ocean da trilogia original, sai da cadeia e contata Lou (Cate Blanchett), sua antiga parceira de crimes. Debbie propõe a Lou um audacioso roubo de joias que, assim como o roubo de Danny em Onze Homens e Um Segredo (2001), também esconde uma motivação pessoal.

Como os trailers já evidenciavam, o elenco é bem entrosado e seus diálogos são precisos no timing cômico, criando um sentimento crível de amizade e camaradagem entre as personagens. Sandra Bullock é eficiente em convencer da lábia e malandragem de Debbie, se valendo constantemente do fato de ser subestimada para conseguir aplicar seus golpes.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Crítica - A Morte de Stalin


Análise Crítica - A Morte de Stalin



Review - A Morte de Stalin
Tinha minhas dúvidas se uma abordagem cômica funcionaria para contar uma história tão brutal e sombria quanto a do caos que sucedeu a morte de Josef Stalin e todas as disputas de poder entre as lideranças soviéticas, mas A Morte de Stalin consegue fazer essa sátira política dar certo sem perder de vista o peso de todos aqueles eventos. Seu retrato jocoso sobre os bastidores da política soviética inclusive fez o filme ser proibido Rússia.

Como o próprio título sugere, a trama começa com a morte de Stalin (Adrian McLoughlin) e o resto das lideranças imediatamente começa a maquinar quem irá suceder o líder morto como governante da União Soviética. O eleito para o comando é Georgy Malenkov (Jeffrey Tambor), mas nem todos os ministros concordam e começam a arquitetar suas próprias tentativas de tomar o controle, principalmente Lavrenti Beria (Simon Russell Beale) e Nikita Khrushchev (Steve Buscemi).

O diretor Armando Ianucci traz aqui o mesmo niilismo cômico de sua série Veep (sobre os bastidores da política dos Estados Unidos), apresentando os líderes soviéticos como sujeitos mesquinhos, egoístas, imaturos e sem qualquer convicção ou ideologia além do desejo de poder (não muito diferente de políticos reais, na verdade). Nenhum deles tem qualquer projeto para o país ou desejo de mudar qualquer coisa, eles apenas querem uma posição de poder para manter privilégios e salvar o próprio pescoço, já que uma posição baixa na hierarquia significaria estar sujeito aos caprichos da liderança incluindo o risco de ser considerado um traidor a qualquer minuto.