terça-feira, 3 de julho de 2018

Crítica – Duck Butter


Análise Crítica – Duck Butter

Review – Duck ButterVer as agruras de um casal discutindo a natureza de sua relação, se bem feito, pode fornecer muitos insights sobre a condição humana, como formamos nossas conexões e como nos relacionamos uns com os outros, um bom exemplo disso é Antes da Meia-Noite (2013) e os outros dois filmes anteriores que compõem a trilogia. Quando esse “filme de DR”, por outro lado, não é bem realizado, se torna um aborrecido exercício de paciência conforme acompanhamos pessoas desinteressantes reclamarem de coisas sobre as quais não damos a mínima, como no caso do sonolento À Beira Mar (2015). Este Duck Butter, dirigido pelo porto-riquenho Miguel Arteta (responsável por Jantar Com Beatriz), não chega a nenhum desses extremos, ficando em um meio termo entre eles.

A trama é centrada em Nima (Alia Shawkat, a Maeby de Arrested Development), uma jovem atriz que ainda espera sua grande chance para emplacar a carreira. Depois de um dia frustrante de trabalho Nima conhece a cantora e compositora Sergio (Laia Costa) e ambas se interessam uma pela outra. Sergio propõe que elas passem 24 horas juntas para tentarem se conectar.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Crítica – GLOW: 2ª Temporada


Análise Crítica – GLOW: 2ª Temporada


Review Crítica – GLOW: 2ª Temporada
A primeira temporada de GLOW foi uma grata surpresa ao conseguir equilibrar drama e comédia ao contar a história de um grupo de atrizes na década de 80 tentando emplacar um programa televisivo sobre luta-livre feminina. Esta segunda temporada consegue manter o nível da primeira enquanto tenta aprofundar suas personagens e relações entre elas.

A trama começa pouco tempo depois do fim da temporada anterior, com as lutadoras se reunindo para iniciar uma nova temporada do seu programa enquanto enfrentam novos desafios para se manterem no ar e exigências da emissora. Ruth (Alison Brie) tenta ajudar o mal-humorado diretor Sam (Marc Maron) ao mesmo tempo em que tenta reparar sua complicada relação com a colega Debbie (Betty Gilpin) que agora é uma produtora do programa.

Com apenas dez episódios de cerca de meia hora cada, a série alterna entre episódios mais dedicados ao arco maior da temporada e outros mais autocontidos. Isso poderia resultar em um ritmo inconsistente, mas cada episódio consegue trazer um desenvolvimento consistente dos personagens ao ponto em que nenhum deles soa como filler. Na verdade, o efeito é oposto e quando cheguei aos últimos três episódios da temporada desejei que ela durasse mais porque não estava pronto para me despedir daquelas personagens.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Crítica – Westworld: 2ª Temporada

Análise Crítica – Westworld: 2ª Temporada


Review – Westworld: 2ª Temporada
O final da primeira temporada de Westworld deixava um gancho instigante para o segundo ano da série, prometendo o início da rebelião dos “anfitriões” do parque contra os humanos que os controlavam. Essa segunda temporada entrega exatamente o que prometia, ainda que ocasionalmente seja prejudicada por alguns problemas de ritmo.

Assim como no ano de estreia, a segunda temporada mistura diferentes níveis temporais. O primeiro episódio começa com Bernard (Jeffrey Wright) acordando em uma praia semanas depois do início da rebelião, quando os reforços da corporação Delos (que administra o parque) chegaram para tentar resolver a situação. Bernard não lembra como chegou até ali ou o que aconteceu, mas a trama volta no tempo para nos mostrar como Dolores (Evan Rachel Wood) planejava chegar em um lugar chamado “A Forja”, que seria capaz de libertar os anfitriões do parque e derrubar a raça humana de uma vez por todas. Ao mesmo tempo William (Ed Harris), o homem de preto, também busca o mesmo local, desejando os segredos que Ford (Anthony Hopkins) escondeu ali. Outro grande arco narrativo é o de Maeve (Thandie Newton) em busca da filha.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Crítica – Luke Cage: 2ª Temporada


Análise Crítica – Luke Cage: 2ª Temporada


Review – Luke Cage: 2ª TemporadaA primeira temporada de Luke Cage teve um começo promissor, mas acabou perdendo um pouco do impacto ao eliminar um pouco cedo demais seu vilão mais interessante. Essa segunda temporada também tem problemas em construir bom um vilão e acaba sendo prejudicada por isso e por problemas de ritmo.

A trama começa pouco tempo depois dos eventos mostrados da série dos Defensores, com Luke Cage (Mike Colter) tentando derrubar Mariah (Alfre Woodard) que, junto com o gângster Shades (Theo Rossi), assumiu os negócios do vilão Boca de Algodão (Mahershala Ali). Ao mesmo tempo, uma nova ameaça surge na forma do jamaicano Bushmaster (Mustafa Shakir), que chega ao Harlem em busca de vingança contra algo que a família de Mariah fez no passado.

Esse segundo ano tenta explorar a frustração de Luke com o fato de que mesmo sendo indestrutível ele não é onipotente e não tem como manter o bairro seguro o tempo todo. Seu desejo de ajudar as pessoas e fazer do Harlem um local pacífico acaba levando-o a questionar seus métodos e a pensar em atitudes mais extremas. Seria um caminho promissor, levar o personagem por esse caminho de anti-herói e explorar seu lado mais sombrio, a segunda temporada de Demolidor, por exemplo, fez isso relativamente bem, mas lamentavelmente o mesmo não ocorreu aqui.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Crítica – Desobediência


Resenha Crítica – Desobediência


Review – Desobediência
Desobediência podia ser meramente um filme sobre repressão religiosa. Não deixa de abordar esse tema, mas também vai um pouco além disso ao abordar questões de tradicionalismo versus liberdade individual, assim como os conflitos que emergem quando alguém simultaneamente se sente parte de uma comunidade e deslocado dela.

Depois de décadas afastada, Ronit (Rachel Weisz) retorna à comunidade judia ortodoxa na qual cresceu. O motivo do retorno é o falecimento do seu pai, o respeitado rabino da comunidade. Mesmo com um motivo tão forte para voltar, as pessoas da comunidade a olham com estranhamento, como se ela não devesse estar ali. Apenas Dovid (Alessandro Nivola), um antigo amigo de infância, recebe Ronit com algum tipo de compaixão e empatia, hospedando-a em sua casa. Dovid, por sinal, é casado com Esti (Rachel McAdams), também amiga de Ronit na juventude, e com o tempo as duas reacendem um sentimento há muito adormecido.

O diretor chileno Sebastián Lelio, responsável pelo vencedor do Oscar de filme estrangeiro Uma Mulher Fantástica (2017), conduz tudo com um olhar discreto, permitindo que os conflitos emerjam do trabalho dos atores, das interações e dos pequenos gestos trocados entre eles.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Crítica – Hereditário


Análise Crítica – Hereditário


Review – Hereditário
À distância Hereditário parece mais um filme de terror sobre casas mal assombradas e possessões demoníacas, mas sob a sua premissa bastante tradicional há uma trama sobre nossa indelével conexão com nossas famílias e como somos inevitavelmente confrontados com as consequências das escolhas feitas por nossos pais e avós.

A trama começa quando a mãe da artista plástica Annie (Toni Colette) morre e deixa toda a família em estado de luto. As principais afetadas pela perda são Annie, que tinha uma relação cheia de animosidade e ressentimento pela falecida mãe, o que significa que agora todos esses problemas da relação jamais serão resolvidos, e Charlie (Milly Shapiro), a estranha filha caçula de Annie. Praticamente criada pela avó, Charlie é a mais deprimida com a sua morte, começando a exibir um estranho comportamento.

Como qualquer outro filme de terror, não demora a acontecerem coisas estranhas e sinistras na casa de Annie, mas tal como exemplares recentes do gênero, a exemplo de A Bruxa (2016) ou Raw (2016) Hereditário joga com nossa percepção do que está acontecendo, nos deixando em dúvida se de fato estamos diante de casos de assombração e possessão ou se aqueles personagens estão surtando, já que a trama nos dá razões suficientes para duvidar da sanidade deles. O medo aqui emerge do não saber, do confronto com o desconhecido.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Lixo Extraordinário – United Passions


Análise Crítica - United Passions


Review - United Passions
Centrado na história da FIFA, a federação internacional de futebol, este United Passions é um daqueles filmes que estará sempre cercado de infâmia. Parte disso porque ele já entrou para a história como uma das menores bilheterias de todos os tempos, tendo arrecadado apenas cerca de 600 dólares em seu final de semana de estreia e saído de cartaz depois de uma semana sendo exibido em apenas um cinema nos Estados Unidos. Outra parte das razões dele ser tão infame diz respeito ao momento de seu lançamento, meros dias antes de Joseph Blatter (um dos personagens principais do filme) e outros membros da alta cúpula da FIFA terem sido presos ou indiciados por desvios de dinheiro, aceitar subornos e outros crimes, praticamente destruindo qualquer interesse do público em conferir um filme que retrata esses cartolas do futebol como heróis virtuosos. Por fim, a terceira razão pela qual United Passions viverá sempre em infâmia é que ele é muito, muito, mas muito ruim, dolorosa e excruciantemente ruim, desgraçadamente ruim e mesmo que tivesse sido lançado em um momento menos prejudicial para sua imagem ainda assim teria sido execrado.

A trama acompanha a trajetória da FIFA e segue seus três principais diretores: Jules Rimet (Gerard Depardieu), João Havelange (Sam Neill) e Joseph “Sepp” Blatter (Tim Roth). Era de se imaginar que um filme sobre a maior federação de futebol do mundo fosse falar da importância do esporte, do que torna o futebol especial, que tentasse entender as razões pelo esporte despertar tantas paixões e unir tantas pessoas ao redor dele, mas nada disso parece interessar à narrativa.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Crítica – Entre-Laços


Análise Crítica – Entre-Laços


Review – Entre-Laços
Conhecido por seu desenvolvimento tecnológico e por suas cidades cosmopolitas, o Japão ainda é um país patriarcal e tradicionalista e, com isso, não deixa de exibir uma certa parcela de preconceitos em relação a algumas minorias. Este Entre-Laços, da diretora Naoko Ogigami, toca na questão das dificuldades vivenciadas pela população transgênero do país.

A narrativa começa quando a garota Tomo (Rin Kakihara) é abandonada pela mãe e vai morar com o tio, Makio (Kenta Kiritani), e lá descobre que ele agora vive com Rinko (Tôma Ikuta), uma mulher transgênero. Tomo fica receosa com a nova companheira do tio, mas logo se aproxima de Rinko conforme ela lhe dá o afeto e cuidado que sua mãe biológica nunca lhe deu.

Filmado em planos estáticos, com quase nenhum movimento de câmera, poucos cortes, pouco uso de música e constantes elipses temporais. Esse estilo remete aos filmes do seminal cineasta japonês Yasujiro Ozu que, tal qual Ogigami neste filme, também focava seus filmes nas relações familiares e conflitos geracionais. A escolha não parece ser um acidente, mas uma decisão deliberada de reverberar o legado do cineasta ao mesmo tempo em que moderniza seus temas.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Crítica – Sol da Meia-Noite


Análise Crítica – Sol da Meia-Noite


Resenha Crítica – Sol da Meia-Noite
Katie (Bella Thorne) é uma garota que sofre de uma rara (e real) doença chamada Xeroderma Pigmentosum (ou XP) na qual seu corpo é incapaz de processar a absorção de raios ultravioletas, o que significa que a exposição ao sol é potencialmente fatal para ela. Ela cresce estudando em casa tendo o pai, Jack (Rob Riggle), e observando o vizinho Charlie (Patrick Schwarzenegger, filho do Arnold) por sua janela com proteção UV. Essa é a premissa inicial deste Sol da Meia-Noite, adaptação hollywoodiana de um filme japonês de 2006 sobre o mesmo tema, sendo que no Japão a incidência de XP na população é mais comum.

Como era de se imaginar, Katie eventualmente conhece Charlie pessoalmente quando vai tocar violão à noite da estação de trem de sua cidade. O filme segue a mesma cartilha das histórias de amor adolescente envolvendo jovens moribundos de obras como A Culpa é das Estrelas (2014), mas sem a mesma emoção ou charme. Segue também boa parte dos lugares comuns de filmes adolescentes, como a quase obrigatória cena da mocinha descendo as escadas de casa em câmera lenta toda arrumada para sua primeira festa arrancando suspiros do pai e da melhor amiga, algo que esse tipo de película faz desde os anos oitenta e já foi parodiado em comédias como Não é Mais um Besteirol Americano (2001).

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Crítica – Jurassic World: Reino Ameaçado


Análise Crítica – Jurassic World: Reino Ameaçado


Review – Jurassic World: Reino AmeaçadoJurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015) era uma colagem rasa das principais cenas de ação da franquia costurada por uma versão requentada da trama do filme original de 1993. Apesar de ser um fanservice preguiçoso, ainda que carismático, conseguiu arrecadar mais de um bilhão e meio, logicamente gerando uma continuação, este Jurassic World: Reino Ameaçado. O filme prometia levar a franquia a novas direções, mas só faz isso em seus últimos minutos e até chegar lá o público precisa se contentar com uma reciclagem da trama de O Mundo Perdido (1997).

Anos depois dos eventos do filme anterior, a Ilha Nublar está ameaçada por uma erupção vulcânica. Preocupada com o destino dos dinossauros que lá habitam, Claire (Bryce Dallas Howard) lidera uma campanha para que o governo evacue os répteis, porque claro, nada melhor que torrar o dinheiro do contribuinte para salvar criaturas que nem deveriam existir e que causariam um imenso desequilíbrio ecológico para toda fauna e flora do planeta caso fossem soltas na natureza, ameaçando todas as criaturas vivas. Quando o governo logicamente nega o auxílio, Claire é abordada por Eli Mills (Rafe Spall), que se apresenta como um ambientalista que visa preservar os dinossauros e pede a ajuda dela em uma operação de resgate. Claire decide pedir ajuda para Owen (Chris Pratt), já que ele é o único capaz de interagir com a velociraptor Blue, mas chegando na ilha a dupla descobre que os planos de Eli eram muito mais nefastos.