terça-feira, 10 de julho de 2018

Crítica – Uma Quase Dupla

Análise Crítica – Uma Quase Dupla


Review – Uma Quase Dupla
Uma Quase Dupla prometia ser uma versão brasileira dos “filmes de parceiros” hollywoodianos como Máquina Mortífera (1987), criando uma comédia de ação protagonizada por dois detetives com personalidades opostas. Como esse é um filão pouco explorado pelo cinema brasileiro, entrei para assistir torcendo por um resultado positivo, mas lamentavelmente não é isso que acontece.

A trama acompanha Keyla (Tatá Werneck) uma durona policial carioca que é enviada para uma pacata cidade do interior para ajudar na investigação de um estranho homicídio que a polícia local não sabe como lidar. Lá ela recebe ajuda de Cláudio (Cauã Reymond), um atrapalhado policial da cidade. Ao longo da investigação novas mortes começam a ocorrer e Keyla desconfia se tratar de um assassino em série.

Os personagens apresentam uma curiosa inversão de expectativas, com Tatá Werneck, famosa por seu talento cômico, assumindo a personagem mais séria enquanto que Cauã fica com o lado pacato e incompetente da dupla. Poderia dar muito errado, mas os atores fazem funcionar, principalmente Cauã que abraça sem medo a estupidez ingênua de seu personagem enquanto que Tatá adota a postura intransigente que assumia em esquetes como o “Entrevista com o Especialista” do seu programa no Multishow.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Crítica – Good Girls: 1ª Temporada


Análise Crítica – Good Girls: 1ª Temporada


Review – Good Girls: 1ª Temporada
Tive curiosidade em conferir a primeira temporada da série Good Girls por sua premissa parecer uma espécie de versão mais cômica de Breaking Bad e pela presença da atriz Christina Hendricks (a Joan de Mad Men). A premissa poderia render uma comédia crítica sobre as contradições e problemas da classe média dos Estados Unidos, mas essa temporada de estreia nunca explora suas ideias de maneira satisfatória.

A série é centrada em três mulheres, cada uma com problemas financeiros de natureza diferente. Beth (Christina Hendricks) é uma pacata dona de casa que vê seu casamento naufragar ao descobrir que seu marido, Dean (Matthew Lilard), não só a está traindo com a secretária como também perdeu boa parte das economias do casal em investimentos ruins. Annie (Mae Whitman), a irmã de Beth, trabalha como caixa em um supermercado e está prestes a perder a guarda da filha para seu rico ex-namorado, não tendo condições de pagar um advogado. Já a garçonete Ruby (Retta) está com dificuldades para pagar o caro tratamento médico da filha e teme que seus problemas financeiros custem a vida da garota.

sábado, 7 de julho de 2018

Crítica - Homem Formiga e a Vespa


Análise Crítica - Homem Formiga e a Vespa


Review - Homem Formiga e a Vespa
O primeiro Homem-Formiga (2015) contava uma história de origem bem aderente às fórmulas que a Marvel estabeleceu para seus filmes, mas conseguia ser moderadamente divertido. Este Homem-Formiga e a Vespa tenta se distanciar um pouco das fórmulas sendo um pouco melhor que o anterior, ainda que continue exibindo os mesmos problemas que vêm com o “padrão Marvel”.

A trama se passa depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016), mas antes do que acontece em Vingadores:Guerra Infinita (2018). Depois de ter sido preso por ajudar o Capitão América, Scott Lang (Paul Rudd) faz um acordo com o governo, abrindo mão de ser o Homem-Formiga e é colocado em prisão domiciliar. Enquanto isso, Hank Pym (Michael Douglas) e Hope (Evangeline Lilly) buscam um jeito de resgatar Janet (Michelle Pfeiffer), a Vespa original, do reino quântico depois de Scott ter retornado de lá no filme anterior. Os planos da dupla, no entanto, são observados de perto pela misteriosa Fantasma (Hannah John-Kamen), que tem seus próprios planos envolvendo a dimensão quântica.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Crítica – Fevereiros


Análise Crítica – Fevereiros


Review – Fevereiros
Documentários sobre artistas da música se tornaram um grande filão comercial do cinema brasileiro nos últimos anos. A maioria deles segue o padrão “talking heads” com entrevistas estáticas ocasionalmente intercaladas com imagens de arquivo e embora este Fevereiros siga essa estrutura base, sua protagonista, a cantora Maria Bethânia, é tão fascinante que é difícil não se envolver com ela.

O documentário tem um recorte específico sobre a vida da cantora, tendo como ponto de partida a homenagem feita a Bethânia pela escola de samba carioca Mangueira, cujo samba-enredo no ano de 2016 foi uma celebração dos 50 anos de carreira de Bethânia. Poderia ser meramente um filme publicitário sobre um samba-enredo vencedor (e talvez seja), mas o filme ganha força ao ir um pouco além da história pessoal de sua protagonista e tentar entender as matrizes culturais que tanto a influenciaram.

Nesse sentido, o filme é tanto um exame das influências de Bethânia como da importância das tradições religiosas do Recôncavo da Bahia para a cultura e para música brasileira (afinal, o samba de roda nasceu no Recôncavo). São nos momentos em que o filme explora as festas populares e religiosas de Santo Amaro, derivadas tanto de matrizes católicas quanto das religiões afro-brasileiras, em que ele se afasta um pouco mais das estruturas mais típicas do documentário musical brasileiro para acompanhar as festas e as andanças de Bethânia pelas ruas da cidade.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Crítica – Duck Butter


Análise Crítica – Duck Butter

Review – Duck ButterVer as agruras de um casal discutindo a natureza de sua relação, se bem feito, pode fornecer muitos insights sobre a condição humana, como formamos nossas conexões e como nos relacionamos uns com os outros, um bom exemplo disso é Antes da Meia-Noite (2013) e os outros dois filmes anteriores que compõem a trilogia. Quando esse “filme de DR”, por outro lado, não é bem realizado, se torna um aborrecido exercício de paciência conforme acompanhamos pessoas desinteressantes reclamarem de coisas sobre as quais não damos a mínima, como no caso do sonolento À Beira Mar (2015). Este Duck Butter, dirigido pelo porto-riquenho Miguel Arteta (responsável por Jantar Com Beatriz), não chega a nenhum desses extremos, ficando em um meio termo entre eles.

A trama é centrada em Nima (Alia Shawkat, a Maeby de Arrested Development), uma jovem atriz que ainda espera sua grande chance para emplacar a carreira. Depois de um dia frustrante de trabalho Nima conhece a cantora e compositora Sergio (Laia Costa) e ambas se interessam uma pela outra. Sergio propõe que elas passem 24 horas juntas para tentarem se conectar.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Crítica – GLOW: 2ª Temporada


Análise Crítica – GLOW: 2ª Temporada


Review Crítica – GLOW: 2ª Temporada
A primeira temporada de GLOW foi uma grata surpresa ao conseguir equilibrar drama e comédia ao contar a história de um grupo de atrizes na década de 80 tentando emplacar um programa televisivo sobre luta-livre feminina. Esta segunda temporada consegue manter o nível da primeira enquanto tenta aprofundar suas personagens e relações entre elas.

A trama começa pouco tempo depois do fim da temporada anterior, com as lutadoras se reunindo para iniciar uma nova temporada do seu programa enquanto enfrentam novos desafios para se manterem no ar e exigências da emissora. Ruth (Alison Brie) tenta ajudar o mal-humorado diretor Sam (Marc Maron) ao mesmo tempo em que tenta reparar sua complicada relação com a colega Debbie (Betty Gilpin) que agora é uma produtora do programa.

Com apenas dez episódios de cerca de meia hora cada, a série alterna entre episódios mais dedicados ao arco maior da temporada e outros mais autocontidos. Isso poderia resultar em um ritmo inconsistente, mas cada episódio consegue trazer um desenvolvimento consistente dos personagens ao ponto em que nenhum deles soa como filler. Na verdade, o efeito é oposto e quando cheguei aos últimos três episódios da temporada desejei que ela durasse mais porque não estava pronto para me despedir daquelas personagens.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Crítica – Westworld: 2ª Temporada

Análise Crítica – Westworld: 2ª Temporada


Review – Westworld: 2ª Temporada
O final da primeira temporada de Westworld deixava um gancho instigante para o segundo ano da série, prometendo o início da rebelião dos “anfitriões” do parque contra os humanos que os controlavam. Essa segunda temporada entrega exatamente o que prometia, ainda que ocasionalmente seja prejudicada por alguns problemas de ritmo.

Assim como no ano de estreia, a segunda temporada mistura diferentes níveis temporais. O primeiro episódio começa com Bernard (Jeffrey Wright) acordando em uma praia semanas depois do início da rebelião, quando os reforços da corporação Delos (que administra o parque) chegaram para tentar resolver a situação. Bernard não lembra como chegou até ali ou o que aconteceu, mas a trama volta no tempo para nos mostrar como Dolores (Evan Rachel Wood) planejava chegar em um lugar chamado “A Forja”, que seria capaz de libertar os anfitriões do parque e derrubar a raça humana de uma vez por todas. Ao mesmo tempo William (Ed Harris), o homem de preto, também busca o mesmo local, desejando os segredos que Ford (Anthony Hopkins) escondeu ali. Outro grande arco narrativo é o de Maeve (Thandie Newton) em busca da filha.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Crítica – Luke Cage: 2ª Temporada


Análise Crítica – Luke Cage: 2ª Temporada


Review – Luke Cage: 2ª TemporadaA primeira temporada de Luke Cage teve um começo promissor, mas acabou perdendo um pouco do impacto ao eliminar um pouco cedo demais seu vilão mais interessante. Essa segunda temporada também tem problemas em construir bom um vilão e acaba sendo prejudicada por isso e por problemas de ritmo.

A trama começa pouco tempo depois dos eventos mostrados da série dos Defensores, com Luke Cage (Mike Colter) tentando derrubar Mariah (Alfre Woodard) que, junto com o gângster Shades (Theo Rossi), assumiu os negócios do vilão Boca de Algodão (Mahershala Ali). Ao mesmo tempo, uma nova ameaça surge na forma do jamaicano Bushmaster (Mustafa Shakir), que chega ao Harlem em busca de vingança contra algo que a família de Mariah fez no passado.

Esse segundo ano tenta explorar a frustração de Luke com o fato de que mesmo sendo indestrutível ele não é onipotente e não tem como manter o bairro seguro o tempo todo. Seu desejo de ajudar as pessoas e fazer do Harlem um local pacífico acaba levando-o a questionar seus métodos e a pensar em atitudes mais extremas. Seria um caminho promissor, levar o personagem por esse caminho de anti-herói e explorar seu lado mais sombrio, a segunda temporada de Demolidor, por exemplo, fez isso relativamente bem, mas lamentavelmente o mesmo não ocorreu aqui.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Crítica – Desobediência


Resenha Crítica – Desobediência


Review – Desobediência
Desobediência podia ser meramente um filme sobre repressão religiosa. Não deixa de abordar esse tema, mas também vai um pouco além disso ao abordar questões de tradicionalismo versus liberdade individual, assim como os conflitos que emergem quando alguém simultaneamente se sente parte de uma comunidade e deslocado dela.

Depois de décadas afastada, Ronit (Rachel Weisz) retorna à comunidade judia ortodoxa na qual cresceu. O motivo do retorno é o falecimento do seu pai, o respeitado rabino da comunidade. Mesmo com um motivo tão forte para voltar, as pessoas da comunidade a olham com estranhamento, como se ela não devesse estar ali. Apenas Dovid (Alessandro Nivola), um antigo amigo de infância, recebe Ronit com algum tipo de compaixão e empatia, hospedando-a em sua casa. Dovid, por sinal, é casado com Esti (Rachel McAdams), também amiga de Ronit na juventude, e com o tempo as duas reacendem um sentimento há muito adormecido.

O diretor chileno Sebastián Lelio, responsável pelo vencedor do Oscar de filme estrangeiro Uma Mulher Fantástica (2017), conduz tudo com um olhar discreto, permitindo que os conflitos emerjam do trabalho dos atores, das interações e dos pequenos gestos trocados entre eles.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Crítica – Hereditário


Análise Crítica – Hereditário


Review – Hereditário
À distância Hereditário parece mais um filme de terror sobre casas mal assombradas e possessões demoníacas, mas sob a sua premissa bastante tradicional há uma trama sobre nossa indelével conexão com nossas famílias e como somos inevitavelmente confrontados com as consequências das escolhas feitas por nossos pais e avós.

A trama começa quando a mãe da artista plástica Annie (Toni Colette) morre e deixa toda a família em estado de luto. As principais afetadas pela perda são Annie, que tinha uma relação cheia de animosidade e ressentimento pela falecida mãe, o que significa que agora todos esses problemas da relação jamais serão resolvidos, e Charlie (Milly Shapiro), a estranha filha caçula de Annie. Praticamente criada pela avó, Charlie é a mais deprimida com a sua morte, começando a exibir um estranho comportamento.

Como qualquer outro filme de terror, não demora a acontecerem coisas estranhas e sinistras na casa de Annie, mas tal como exemplares recentes do gênero, a exemplo de A Bruxa (2016) ou Raw (2016) Hereditário joga com nossa percepção do que está acontecendo, nos deixando em dúvida se de fato estamos diante de casos de assombração e possessão ou se aqueles personagens estão surtando, já que a trama nos dá razões suficientes para duvidar da sanidade deles. O medo aqui emerge do não saber, do confronto com o desconhecido.