Ao longo desta coluna, eu
analisei muitos filmes com alto grau de incompetência técnica. Muitos deles
acabavam se tornando divertidos como The Room (2003) ou Samurai Cop
(1991), mas este Manos: As Mãos do Destino
é talvez o mais incompetente que eu já analisei e o pior é que não consegue nem
provocar risos.
Feito em 1966 por Harold P.
Warren, que escreveu, dirigiu e protagonizou, a trama acompanha uma família de
férias que se perde durante sua viagem para o interior do Texas e acaba indo
parar em uma casa habitada por um sinistro culto pagão liderado pelo sombrio Mestre (Tom Neyman). Warren, um vendedor de seguros e fertilizantes sem
experiência prévia com cinema, supostamente realizou Manos depois de fazer uma aposta com um amigo que era muito fácil
fazer um filme de terror. O resultado, no entanto, mostra que ele estava
completamente enganado.
O primeiro problema a se notar é
o som. As falas dos personagens foram claramente redubladas em pós-produção e tudo foi mixado bem fora de sincronia. Já nos primeiros diálogos é possível perceber que os
sons não acompanham os movimentos da boca dos personagens e, talvez por isso, o
filme corte abruptamente durante os diálogos para planos das costas das pessoas
ou outras imagens nada a ver com o intuito de disfarçar sua assincronia. A
música usada soa inadequada em muitos momentos, já que o jazz suave se mostra deslocado da atmosfera de tensão que a trama
tenta criar, sendo muito esquisito escutar uma música tão relaxada enquanto o
título do filme aparece soturnamente na tela.