domingo, 9 de setembro de 2018

Crítica - Punho de Ferro: 2ª Temporada


Análise Crítica - Punho de Ferro: 2ª Temporada


Review - Punho de Ferro: 2ª Temporada
A primeira temporada de Punho de Ferro foi de longe a pior das séries da Marvel na Netflix, decepcionando tanto em termos de narrativa quanto na ação. Essa segunda temporada até consegue melhorar muitos problemas da anterior, conseguindo ser minimamente assistível, mas ainda é a mais fraca das produções da Casa de Ideias para a Netflix.

A temporada começa com Danny (Finn Jones), cumprindo a promessa que fez para Matt Murdock (Charlie Cox) no final de Os Defensores de manter a cidade segura na ausência do Demolidor. Danny também faz isso para buscar um novo propósito para si agora que sua missão de destruir o Tentáculo foi concluída. Novas ameaças surgem no horizonte quando Joy Meachum (Jessica Stroup) se alia a Davos (Sacha Dawan) para se vingarem de Danny, recorrendo também à mercenária Mary Walker (Alice Eve).

A primeira coisa em que é possível detectar uma melhora é no tratamento a Danny. Se no ano de estreia ele era um moleque mimado insuportável que queria tudo do jeito dele e choramingava quando não conseguia o que queria, agora ele é um sujeito mais humilde, preocupado em construir uma vida ao lado de Colleen (Jessica Henwick), manter a cidade segura e promover a paz entre as facções das Tríades de Chinatown para evitar um confronto. É definitivamente uma melhora, tornando-o um personagem mais fácil de simpatizar e dando a ele conflitos que o humanizam, mas tal qual a primeira temporada ele ainda soa como alguém menos interessante que outros personagens.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Crítica – How to Get Away With Murder: 4ª Temporada

Análise Crítica – How to Get Away With Murder: 4ª Temporada


Review – How to Get Away With Murder: 4ª Temporada
Quando escrevi sobre a terceira temporada de How to Get Away With Murder mencionei que a série estava se perdendo em tramas mal concebidas e soluções desonestas, talvez indicando que seu fôlego criativo estava acabando. Essa quarta temporada, no entanto, mostra que a série ainda pode render, ainda que não atinja o alto nível dos dois primeiros anos.

A trama começa com Annalise (Viola Davis) tentando reconstruir sua vida depois dos eventos da temporada anterior. Ela demite todos os seus estagiários e funcionários, incluindo a dedicada Bonnie (Liza Weil), e decide reconstruir sua carreira sozinha. A decisão deixa Connor (Jack Falahee), Michaela (Aja Naomi King), Asher (Matt McGorry) e Laurel (Karla Souza) longe dos problemas dela, mas isso não significa que suas vidas ficarão tranquilas. Como Laurel sabe que foi seu pai o responsável pela morte de Wes (Alfred Enoch), ela pede ajuda aos colegas para conseguir provas do crime.

A mudança na dinâmica dos personagens já no primeiro episódio ajuda a dar um frescor à narrativa ao quebrar o molde que vinha sendo duramente seguido até então, funcionando quase como um leve reboot. A alteração também permite explorar facetas dos personagens que até então não tinham sido exploradas, em especial ao tentar entender quem são essas pessoas quando não estão sob a influência de Annalise. Isso faz os personagens se perguntarem o que eles querem ser enquanto advogados e lhes dá novos direcionamentos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Crítica – A Freira


Análise Crítica – A Freira


Review – The Nun A Freira
É bastante curioso que a mesma Warner que tem dificuldade para consolidar o universo compartilhado dos heróis da DC tenha conseguido há alguns anos emplacar seu universo compartilhado de filmes de terror derivados dos dois Invocação do Mal. Depois dos dois filmes sobre a boneca Annabelle, agora é a vez de A Freira, protagonizado pela sinistra aparição de Invocação do Mal 2 (2016).

A narrativa se passa na década de 50 em um misterioso convento no interior da Romênia. Quando uma freira do local é encontrada morta sob circunstâncias misteriosas, o vaticano envia o padre Burke (Damian Bichir) e a freira Irene (Taissa Farmiga) para investigar os fenômenos. Os dois tem a ajuda de Frenchie (Jonas Bloquet), um fazendeiro local familiarizado com as lendas envolvendo o convento.

O diretor Corin Hardy (do correto A Maldição da Floresta) investe em contrastes entre luz e sombra para criar sua atmosfera de terror, com a silhueta sombria da freira demoníaca se movimentando pelos espaços ou se confundindo com o cenário, explorando a profundidade de campo para criar a impressão que a criatura pode estar em qualquer lugar. Em alguns momentos, o terror vem da claustrofobia dos corredores apertados ou espaços diminutos como a cena em que o padre Burke fica preso no caixão.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Crítica – Great News: 1ª Temporada

Análise Crítica – Great News: 1ª Temporada


Review – Great News: 1ª Temporada
Eu não esperava muita coisa dessa primeira temporada de Great News. Pelo material de divulgação parecia uma sitcom antiquada baseada em uma premissa batida, mas acabei me surpreendendo com o quanto a série consegue ir além do seu começo aparentemente banal para forjar uma identidade bem singular.

Na trama, Katie (Briga Heelan) trabalha como produtora de um telejornal e tenta avançar na carreira. Os problemas dela começam quando a mãe, Carol (Andrea Martin), resolve cursar uma faculdade de jornalismo e começa a estagiar na mesma emissora em que Katie trabalha. Obviamente, a presença de Carol causa muitos constrangimentos a Katie, já que Carol não consegue separar o pessoal do profissional.

Parece algo saído de uma sitcom de décadas atrás, já que a ideia do adulto que é envergonhado pelos pais em seu ambiente de trabalho ou na frente dos amigos foi explorada à exaustão. O episódio piloto faz pouco para afastar essa impressão de uma comédia feita em linha montagem reciclando um monte de piadas velhas e é possível que muita gente desista da série por conta desse começo genérico, mas para quem continuar acompanhando a experiência acaba valendo à pena.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Crítica – Ozark: 2ª Temporada

Análise Crítica – Ozark: 2ª Temporada


Review – Ozark: 2ª Temporada
Depois de um competente início, a segunda temporada de Ozark traz ainda mais tensão, suspense e dilemas morais para os esquemas criminosos da família Byrde. Cheguei a pensar que seria mais no mesmo, mas neste segundo ano, os membros da família enfrentam constantes desafios que os levam ao limite.

A temporada começa no ponto em que a anterior terminou, com Marty (Jason Bateman) tendo que explicar a morte de Del (Esai Morales) para o cartel depois que Jacob (Peter Mullan) e Darlene Snell (Lisa Emery) o matam por puro despeito. Marty se compromete em construir um cassino em seis meses para poder lavar tanto o dinheiro do cartel quanto o dos Snell. Aprovar o cassino, no entanto, não será tão fácil quanto parece, já que além de manipular políticos para passarem as leis necessárias, ele também precisará lidar com a máfia de Kansas City. Como se esses obstáculos não fossem o suficiente, Marty continua na mira do agente Petty (Jason Butler Harner), disposto a tudo para eliminar o cartel. Outra complicação é a saída do pai de Ruth (Julia Garner) da cadeia, já que ele se torna obcecado em roubar o dinheiro de Marty.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Crítica – Donut County


Análise Crítica – Donut County


Review – Donut County
Feito pelo game designer Ben Esposito ao longo de 5 anos, Donut County remete ao aloprado Katamari Damacy (e suas continuações) em sua mecânica básica de arrastar um objeto pelo cenário coletando a maior quantidade possível de tralhas para aumentar o seu objeto e coletar mais tralhas. Se nos Katamari o jogador controlava uma bola, em Donut County controlamos um buraco no chão. Apesar de uma mecânica parecida, Donut County tem personalidade o suficiente para não ser uma mera cópia.

A trama é contada em flashbacks, com os cidadãos de Donut County vivendo em uma caverna subterrânea depois de terem caído nos buracos que estão aparecendo na cidade. A garota Mira confronta seu melhor amigo, o guaxinim BK, sobre a responsabilidade dele naquilo tudo. A trama é cheio de diálogos bem humorados que exploram as personalidades excêntricas dos habitantes da cidade. Esse senso de humor, junto com os visuais coloridos, ajuda a dar personalidade ao universo e a música tranquila confere uma qualidade relaxante ao gameplay.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Crítica – Objetos Cortantes



Análise Crítica – Objetos Cortantes

Review – Objetos Cortantes
Em Garota Exemplar (2014), filme que foi um dos objetos da minha tese de doutorado, o texto da romancista Gillian Flynn mostrava uma visão bastante sombria sobre relações matrimoniais. Esta minissérie Objetos Cortantes adapta outro romance de Flynn e mais uma vez tece uma trama soturna sobre a vida em família, dessa vez focando em relações parentais.

Camille Preaker (Amy Adams) é uma repórter da cidade de Saint Louis que é mandada de volta para Wind Gap, a cidadezinha do Missouri na qual cresceu, para cobrir o assassinato brutal de duas adolescentes. Em Wind Gap ela reencontra a família com quem não fala há anos: sua controladora mãe, Adora (Patricia Clarkson), a meia-irmã Amma (Eliza Scanlen) e o padrasto Alan (Henry Czerny). O reencontro abre feridas antigas e o trauma de Camille em ter perdido a irmã, Marion, ainda jovem. Assim, Camille precisa lidar tanto com as dificuldades da investigação quanto com seus problemas emocionais mal resolvidos.

A trama é claramente mais focada na jornada emocional de Camille do que na investigação em si, o que pode decepcionar que está em busca de uma trama policial mais tradicional, mas a escolha resulta em envolvente, e por vezes aterrador, estudo de personagem conforme passeamos pela mente fraturada da protagonista. O diretor Jean Marc Valée, responsável por Big Little Lies, constrói a trama com uma montagem abrupta, que constantemente corta para flashbacks de Camille, nos mergulhando no fluxo de consciência dela e evidenciando como todos os traumas passados ainda são totalmente presentes na cabeça da personagem. Essas fusões de passado, presente e viagens pela mente de Camille conferem um ar de delírio febril às imagens similar ao que acontecia em True Detective, flertando com o terror em muitos momentos.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Crítica - Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas

Análise Crítica - Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas


Review - Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas
Normalmente quando uma série animada ganha um filme, aproveita-se para tentar criar situações ou narrativas que aproveitem o orçamento maior para o cinema. Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas apresenta o mesmo senso de humor da série, capaz de agradar crianças e adultos, mas não consegue afastar o sentimento de que se trata de um episódio estendido que poderia tranquilamente ser exibido como telefilme ou como um arco de final de temporada de três episódios que foi levado aos cinemas só para ganhar mais dinheiro.

Talvez essa aparente falta de ambição em termos visuais seja fruto do próprio traço simples da animação que não dá muito espaço para algo mais elaborado sem mexer na essência e identidade do produto. No entanto, a mensagem pós-créditos avisando que as aventuras dos Titãs continuarão no Cartoon Network faz tudo soar incomodamente como uma mera estratégia de cross-promotion.

A trama segue as tentativas dos Jovens Titãs, formado pelos heróis Robin, Ciborgue, Estelar, Ravena e Mutano, para serem levados à sério pela Liga da Justiça e outros super-heróis. Para Robin, a melhor maneira de ser levado à sério é estrelar seu próprio filme, mas ele não consegue convencer a diretora Jade Wilson a lhe dar seu próprio longa metragem. A oportunidade surge quando o mercenário Slade rouba um valioso cristal e, ao enfrentá-lo, os Titãs finalmente adquirem um inimigo digno de filme.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Lixo Extraordinário – Manos: As Mãos do Destino




Ao longo desta coluna, eu analisei muitos filmes com alto grau de incompetência técnica. Muitos deles acabavam se tornando divertidos como The Room (2003) ou Samurai Cop (1991), mas este Manos: As Mãos do Destino é talvez o mais incompetente que eu já analisei e o pior é que não consegue nem provocar risos.

Feito em 1966 por Harold P. Warren, que escreveu, dirigiu e protagonizou, a trama acompanha uma família de férias que se perde durante sua viagem para o interior do Texas e acaba indo parar em uma casa habitada por um sinistro culto pagão liderado pelo sombrio Mestre (Tom Neyman). Warren, um vendedor de seguros e fertilizantes sem experiência prévia com cinema, supostamente realizou Manos depois de fazer uma aposta com um amigo que era muito fácil fazer um filme de terror. O resultado, no entanto, mostra que ele estava completamente enganado.

O primeiro problema a se notar é o som. As falas dos personagens foram claramente redubladas em pós-produção e tudo foi mixado bem fora de sincronia. Já nos primeiros diálogos é possível perceber que os sons não acompanham os movimentos da boca dos personagens e, talvez por isso, o filme corte abruptamente durante os diálogos para planos das costas das pessoas ou outras imagens nada a ver com o intuito de disfarçar sua assincronia. A música usada soa inadequada em muitos momentos, já que o jazz suave se mostra deslocado da atmosfera de tensão que a trama tenta criar, sendo muito esquisito escutar uma música tão relaxada enquanto o título do filme aparece soturnamente na tela.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Crítica – Te Peguei!


Análise Crítica – Te Peguei!


Review – Te Peguei!
A comédia começou como um gênero predominantemente físico nos cinemas. Antes do advento sonoro, os filmes circunscritos no gênero faziam graça a partir de situações puramente físicas, com acrobacias, tombos, caretas e outras façanhas. Buster Keaton se tornou famoso pelas proezas físicas que fazia em suas comédias, o elenco de Os Três Patetas é célebre pelo encadeamento coreografado de tapas, socos e esbarrões. Mesmo depois da chegada do som síncrono tivemos comediantes que primavam pela fisicalidade como a corporalidade aparvalhada de Jerry Lewis ou a elasticidade facial de Jim Carrey em anos mais recentes. Eu falo tudo isso para dizer que este Te Peguei! tenta justamente ser uma comédia predominantemente física e é essa entrega ao encadeamento de situações físicas cheias de absurdo e exagero que tornam o filme tão divertido.

Levemente baseado em uma história real, a trama acompanha um grupo de amigos que há mais de trinta anos brinca da mesma partida de pega-pega, disputando a brincadeira todo mês de maio. Hogan (Ed Helms), Bob (Jon Hamm), Chilli (Jake Johnson) e Sable (Hannibal Buress) descobrem que Jerry (Jeremy Renner) irá se casar e deixará a brincadeira. Como Jerry nunca foi pego desde a infância, sendo o campeão invicto do jogo, os amigos decidem encontrar um jeito de finalmente pegá-lo.