O diretor Damian Chazelle tem um
claro interesse por pessoas que tentam fazer algo extraordinário e quais os
custos disso. Em Whiplash: Em Busca daPerfeição (2015) ele mostrava como a busca por excelência impele a
ultrapassar limites ao ponto de se tornar algo doentio, em La La Land: Cantando Estações (2017) explorou como é preciso abrir
mão de certas coisas para alcançar nossos sonhos e em O Primeiro Homem ele examina como mesmo alguém que não tinha
grandes ambições fez algo que marcou a história.
O filme conta a história real de
Neil Armstrong (Ryan Gosling), astronauta que foi o primeiro homem a pousar na
Lua. Armstrong decide se juntar ao programa espacial depois da morte da filha
pequena, imaginando que a mudança de cidade ofereceria um novo começo para ele
e para a esposa, Janet (Claire Foy).
O grande acerto do filme é evitar
endeusar seu protagonista, transformando-o num herói da humanidade da nação. Ao
invés disso faz de Armstrong um sujeito que nunca ambicionou ser um ícone, que
nunca teve pretensão de chefiar uma missão à lua, era apenas alguém que queria
fazer seu trabalho de uma maneira correta e prover para sua família. É essa
banalidade que o torna incrível, alguém que é bom no que faz, mas que não
menospreza a vida ao seu redor. Ryan Gosling transmite isso em sua performance
taciturna, sempre contida, mesmo quando emocionalmente abalado a exemplo da
cena em que discute com Buzz Aldrin (Corey Stoll) sobre a morte de um colega.