segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Crítica – Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald

Análise Crítica – Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald

Review – Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald
Quando escrevi sobre Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016), mencionei que era uma aventura divertida, mas que nunca dizia a que veio, com muitas tramas que não se juntavam em um todo coeso. Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald apresenta os mesmos problemas do anterior e com menos charme.

Meses depois dos eventos do primeiro filme, Newt Scamander (Eddie Redmayne) está de volta à Inglaterra e foi proibido de sair do país pelo Ministério da Magia por conta do que aconteceu em Nova Iorque. Enquanto isso, o bruxo Grindelwald (Johnny Depp) foge da prisão e vai para Paris em busca de Credence (Ezra Miller) na esperança que o poder do jovem o ajude em seus planos. Sabendo da ameaça de Grindelwald, Dumbledore (Jude Law) pede a Newt que viole a proibição e tente encontrar Credence em Paris antes de Grindelwald, mas Newt reluta em tomar parte no conflito violento que se desenha.

Assim como o primeiro, o filme tem dificuldade de transitar entre um tom leve e aventuresco das interações entre Newt e suas adoráveis criaturas, para o tom sombrio da ascensão de Grindelwald e seus ideais supremacistas. Em uma cena vemos Newt usar alguma traquitana engraçadinha para capturar um monstro para logo depois vermos Grindelwald disseminando discursos de ódio com seus nazistas mágicos e falta organicidade nessas transições.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Crítica – Operação Overlord


Análise Crítica – Operação Overlord


Review – Operação Overlord
Ninguém sabia muita coisa sobre Operação Overlord quando o primeiro trailer foi lançado. As prévias mostravam um filme situado na Segunda Guerra Mundial com elementos de terror e sobrenatural. Mesmo com os trailers, era algo cercado de mistério e, sinceramente, não sabia o que pensar. Assistindo o filme, porém, encontrei uma competente mistura de O Resgate do Soldado Ryan (1998) e Resident Evil (2002) com pitadas dos recentes games da franquia Wolfenstein, que vai além de sua roupagem de filme B ao construir uma metáfora sobre o custo humano (e humanístico) da guerra.

A trama é relativamente simples: às vésperas do desembarque das tropas aliadas na Normandia, um grupamento de paraquedistas tem a missão de destruir uma torre de rádio para que as tropas tenham apoio aéreo. A missão começa com problemas, o avião é abatido e boa parte da tropa é morta, deixando um pequeno número de soldados para completar a missão. Entre eles está Boyce (Jovan Adepo), que descobre que os alemães estão fazendo misteriosas experiências no complexo militar no qual a torre está localizada.

O filme consegue fazer muito em termos de construção de suspense usando muito pouco. Se situando quase todo dentro de uma casa na vila francesa controlada pelos nazistas. Ainda assim há um constante e palpável senso de urgência e temor por conta da corrida contra o tempo para terminar a missão, do fato dos personagens estarem em imensa desvantagem em relação ao inimigo e pelo mistério do que realmente está acontecendo nos laboratórios nazistas. O design de som ajuda na atmosfera de suspense, seja sugerindo a constante presença de tropas ao redor da casa em que os personagens estão escondendo, seja sugerindo toda uma extensão de horrores dos laboratórios nazistas através dos gritos das cobaias/vítimas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Crítica – Millennium: A Garota na Teia de Aranha


Análise Crítica – Millennium: A Garota na Teia de Aranha


Review – Millennium: A Garota na Teia de Aranha
Eu li toda a trilogia Millennium escrita por Stieg Larsson e também vi os filmes baseados na trilogia, tanto os três filmes suecos quanto a adaptação hollywoodiana do primeiro livro. Quando um quarto livro, A Garota na Teia de Aranha, foi anunciado em 2013, no entanto, não tive interesse em conferir, já que a nova história não seria feito pelo criador da trilogia (Larsson morreu em 2004), nem seria baseada em qualquer material ou rascunho deixado por ele, seria algo inédito feito por um novo escritor.

A escolha por recomeçar a franquia nos cinemas a partir deste quarto livro faz sentido de um ponto de vista estratégico. O segundo e o terceiro livro são praticamente uma narrativa única, então seria arriscado começar pelo segundo e deixar a história inacabada caso não fizesse sucesso (ou colocar muito dinheiro para fazer dois filmes de uma vez). O primeiro livro já tinha sido feito duas vezes, então sobrava o quarto livro, que poderia ser trabalhado para oferecer um ponto de entrada aos não iniciados, ao mesmo tempo que traria aos cinemas uma história que os fãs ainda não tinham visto em tela grande. Parecia ser o melhor dos dois mundos, mas o resultado final de Millennium: A Garota Na Teia de Aranha é algo que não parece capaz de satisfazer nenhum dos dois grupos.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Crítica – Killing Eve

Análise Crítica – Killing Eve


Review – Killing Eve
Fui atraído para Killing Eve pela presença da atriz Sandra Oh, famosa por viver a Christina Yang em Grey’s Anatomy, e o que encontrei foi uma competente história de espionagem. Criada por Phoebe Waller-Bridge (que interpretou a robô L3-37 em Han Solo) a partir dos romances de Luke Jennings protagonizados pela espiã Villanelle, a série é carregada de tensão e suspense conforme suas duas protagonistas caçam uma à outra.

Eve Polastri (Sandra Oh) é uma funcionária de baixo escalão da inteligência britânica. Entediada com seu cargo burocrático, ela vê a oportunidade de participar de uma operação de espionagem quando uma atividade de rotina a coloca diante de uma perigosa assassina russa. Essa assassina é Villanelle (Jodie Comer), que vive uma vida de luxo por conta de seu trabalho. Aos poucos essas duas mulheres se tornam obcecadas uma com a outra, dando início a um tenso jogo de gata e rata.

Seria fácil transformar Villanelle em uma sociopata genérica, mas tanto o roteiro quanto o trabalho da atriz Jodie Comer colocam nela tantas camadas de complexidade que a tornam uma figura magnética sempre que está em cena. A assassina tem um evidente prazer sádico em matar suas vítimas e não parece ser afetada por essa violência ou exibir qualquer grau de remorso.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Crítica – House of Cards: 6ª Temporada

Análise Crítica – House of Cards: 6ª Temporada


Review – House of Cards: 6ª Temporada
A sexta e última temporada da série House of Cards teve uma produção conturbada. Dias depois do começo das gravações da temporada começaram a sair denúncias de abuso sexual cometidas pelo ator Kevin Spacey. A sofrível resposta de Spacey às acusações só piorou tudo e a Netflix (assim como outras produtoras e estúdios) inevitavelmente cortou laços com o ator.

Com a perda do protagonista, a série parou a produção para se reorganizar e decidir o que faria. Depois de alguns meses, a produção foi retomada com a decisão de Claire (Robin Wright), que tinha se tornado presidente no final da quinta temporada, seria a protagonista da temporada final e que Frank, personagem vivido por Spacey, ficaria completamente de fora. Isso deixava claro que o conflito entre Claire e Frank que vinha se desenhando desde a quarta e quinta temporadas e que deveria ser a força motriz dessa temporada climática jamais aconteceria.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina


Análise Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina


Review – O Mundo Sombrio de Sabrina
A série O Mundo Sombrio de Sabrina faz pela famosa bruxinha adolescente o mesmo que Riverdale fez pelas histórias de Archie e seus amigos, reinventou-as sob um viés mais sombrio, ainda que mantendo seu ar de drama adolescente. Ambas séries são produzidas por Roberto Aguirre-Sacasa, responsável por reinventar esses personagens (tanto Archie quanto Sabrina) nos quadrinhos. A bruxa se sai melhor que a turma de Riverdale pela liberdade dada pela Netflix, não precisando lidar com questões de classificação indicativa que a série do Archie (visto que o canal CW é TV aberta nos EUA), permitindo que a narrativa realmente embarque em algo sombrio e violento.

Sabrina (Kiernan Shipka) é uma adolescente filha de um bruxo e uma humana que vive com as tias, Hilda (Lucy Davis) e Zelda (Miranda Otto), depois da morte dos pais. Prestes a completar dezesseis anos, ela deve passar por seu “Batismo Sombrio” para se juntar ao grupo de bruxas do qual sua família faz parte. A garota, no entanto, reluta em jurar sua lealdade ao Senhor da Trevas por não querer abrir mão de sua vida como humana e do namorado, Harvey (Ross Lynch).

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Crítica – Great News: 2ª Temporada

Análise Crítica – Great News: 2ª Temporada


Review – Great News: 2ª Temporada
Quando escrevi sobre a primeira temporada de Great News (bizarramente traduzido em português como Notícias em Grande), falei sobre como a série conseguia superar sua premissa banal e eventualmente encontrava uma identidade própria ao investir no absurdo. Pois longe dos problemas de personalidade do seu ano de estreia, Great News decola desde o início de sua segunda temporada.

A segunda temporada continua focada em Katie (Briga Heelan) e na relação complicada que ela tem com a mãe controladora, Carol (Andrea Martin), mas também repercute o breve envolvimento de Katie com Greg (Adam Campbell) na temporada anterior e o crescente clima entre os dois. Outra novidade na temporada é a breve participação de Tina Fey como a poderosa executiva Diana St. Tropez.

Assim como antes, a série mira seu alvo crítico nos noticiários televisivos e no modo como eles parecem mais preocupados em criar polêmicas do que efetivamente investigar e analisar os fatos. Também usa o humor para falar sobre tópicos atuais, como a questão do assédio no ambiente de trabalho no episódio em que Diana assedia os homens da redação, ou também dos limites do humor, questionando a ideia de que não faz sentido reclamar da “patrulha do politicamente correto” em um tempo no qual pessoas marcham nas ruas com símbolos nazistas. A temporada ainda faz piada com nosso apego a redes sociais e como esses meios são usados para construir um ideal falso de vida perfeita.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Lixo Extraordinário – A Guerra das Comidas


Análise Crítica – A Guerra das Comidas


Review - Foodfight!
Eu já assisti muitos filmes incrivelmente ruins nessa coluna, mas nenhum foi tão difícil de assistir quanto este A Guerra das Comidas, que muitas vezes aparece em listas de piores animações de todos os tempos. O filme teve uma produção conturbada e levou quase treze anos até ficar pronto.

A produção


O projeto começou em 1999, uma época em que longas animados com personagens tridimensionais ainda estavam dando seus primeiros passos (Toy Story saiu em 1995), visando um lançamento em 2003. O lançamento foi adiado quando os HDs contendo o material foram supostamente roubados no que o diretor Lawrence Kasanoff chamou de ato de “espionagem industrial”. Sério, o diretor alega que o sumiço do material foi um crime perpetrado por concorrentes (que ele nunca nomeou). Porque alguém roubaria uma pequena produtora e não Pixar, por exemplo, está além da minha compreensão.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Crítica – Bohemian Rhapsody


Análise Crítica – Bohemian Rhapsody


Review – Bohemian Rhapsody
Imagino que esteja bem claro que sou fã da banda Queen. O nome dessa página é inclusive uma referência à música que serve de título para Bohemian Rhapsody, filme biográfico sobre Freddie Mercury, o vocalista da banda. Assim, entrei bem empolgado para assisti-lo, mas o resultado, embora não chegue a ser negativo, fica abaixo do esperado.

O filme conta a vida de Freddie Mercury (Rami Malek) da juventude aos seus últimos dias, mostrando os principais sucessos dele e seus companheiros da banda Queen: Brian May (Gwilyn Lee), Roger Taylor (Ben Hardy) e John Deacon (Joseph Mazzello). A questão é que sua narrativa parece mais interessado em nos mostrar bastidores das gravações das músicas mais famosas da banda, como We Will Rock You ou Another One Bites The Dust, do que em entender quem são essas pessoas ou o que as move.

O início até aponta algumas questões sobre Freddie, sua insegurança em relação à própria aparência ou a vergonha que tem de seu passado como imigrante, mas tudo isso é pouco explorado porque o filme se movimenta muito rápido pela trajetória do músico. Mal uma ideia ou conflito é introduzido e ele já é resolvido porque a trama precisa pular alguns anos para nos mostrar o próximo grande hit do Queen. Desta forma, a película ganha um incômodo tom episódico, fragmentado demais para desenvolver os dramas ou conflitos daquelas pessoas, mais parecendo um grande verbete de Wikipédia. Funciona mais como uma grande trívia sobre a banda do que algo que nos fornece um entendimento profundo sobre eles.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Crítica – Johnny English 3.0

Análise Crítica – Johnny English 3.0


Review – Johnny English 3.0
O primeiro Johnny English (2003) era uma comédia simpática, sem grandes pretensões que servia como entretenimento descartável. Não imagino que ninguém esperava que oito anos depois seria lançada uma continuação em O Retorno de Johnny English (2011), que não tinha muito a fazer além de repetir tudo que o primeiro já tinha feito. Duvido muito que alguém saiu da sessão do segundo extremamente ansioso por um terceiro filme, mas agora, sete anos depois, foi exatamente isso que aconteceu neste Johnny English 3.0.

Na trama, o governo britânico tem seus sistemas atacados por hackers, comprometendo as identidades de todos os agentes secretos. Para resolver a questão, a primeira ministra (Emma Thompson) pede que usem agentes inativos, que não tiveram suas identidades expostas. Assim, Johnny English (Rowan Atkinson, famoso como o Mr. Bean) retorna à ativa ao lado de seu fiel escudeiro Bough (Ben Miller) para dar conta da ameaça.

São poucos os momentos realmente inspirados, como quando English acidentalmente incendeia um resort francês. Na maioria dos casos as gags de humor físico são bem previsíveis e conseguimos vê-las chegando a quilômetros de distância. Humor é subversão de expectativas, é pegar uma situação e virá-la ao avesso, mas como sabemos exatamente o que acontecerá em cada trapalhada de English, o humor não se efetiva e as risadas muitas vezes não chegam.