São muitos os silêncios que
marcam este Los Silencios, da
diretora Beatriz Seigner. Os silêncios provocados por ausência, os silêncios
daqueles que não têm voz diante dos caprichos dos poderosos e o silêncio
daqueles que morreram e por isso são incapazes de contar suas histórias.
A trama é centrada em Amparo
(Marleyda Soto), uma mãe de dois filhos que tenta fugir da zona de conflito em
que vive na Colômbia. Ela vai para a zona de tríplice fronteira entre Colômbia,
Peru e Brasil, se instalando em uma casa de palafita em uma ilha localizada no
meio do Rio Amazonas e que formalmente não pertence a nenhum dos três países.
Lá, ela encontra o marido (Enrique Diaz), que supostamente estava morto.
O filme traz uma mistura de
realismo social com realismo fantástico. Falo em realismo social pelo fato de
registrar o cotidiano de uma comunidade que literalmente não pertence a lugar
nenhum (a “Ilha da Fantasia”) realmente existe, mostrando o desafio diário de
viver em um local que está aos sabores das cheias e vazantes do rio, mesclando atores
profissionais com um elenco de não atores formados pela comunidade. O realismo fantástico,
por outro lado, se manifesta na literal presença de fantasmas que interagem com
os vivos.