quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Lixo Extraordinário – Salvando o Natal


Crítica – Salvando o Natal


Review - Saving Christmas
Estrelado pelo ex-ator mirim Kirk Cameron, famoso em sua juventude por conta da série Tudo em Família e que hoje se tornou uma espécie de televangelista, este Salvando o Natal promete em seu pôster “trazer Cristo de volta ao Natal”. Imaginei que com isso o filme quisesse criticar o consumismo das festas natalinas e resgatar a essência da fé cristã que se perdeu nas comemorações da festa. Eu estava errado, eu estava muito, muito errado. O que ele apresenta é uma visão delirante e equivocada sobre os significados da festa, mas nem é só isso que o torna abominável.

O filme abre com Kirk sentado diante de uma poltrona falando sobre as festas natalinas e logo após uma breve fala sobre o Natal ser uma época de caridade e oração ele mostra o real intento do filme, entregando um longo discurso sobre como as comemorações natalinas estariam “sob ataque” ou sendo ameaçadas por pessoas que não gostam ou não entendem o significado das festas.

Ora, os Estados Unidos são uma nação formada por puritanos cristãos, as notas de dólar trazem a mensagem “in God we trust” (em Deus confiamos) escrita nelas, o juramento à bandeira menciona o fato do país ser “uma nação sob Deus, indivisível”, e assim é difícil comprar a ideia de que o cristianismo é de algum modo um grupo perseguido. Cristãos são um grupo social hegemônico, que determina padrões e normas, tanto lá quanto aqui no Brasil. Desta forma, tentar argumentar sobre perseguição é uma dissonância cognitiva com a realidade ou pura desonestidade intelectual, mesmo se considerarmos que está havendo uma perda de hegemonia, já que isso seria muito diferente de ser perseguido ou intimidado.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Crítica – Minha Vida em Marte

Análise Crítica – Minha Vida em Marte


Review – Minha Vida em Marte
Os Homens São de Marte e é Pra Lá Que Eu Vou (2014) era uma comédia morna, excessivamente colada nos clichês do gênero, mas obteve sucesso suficiente para render uma continuação neste Minha Vida em Marte, que apresenta uma trama difusa e que perde de vista sua protagonista.

O casamento entre Fernanda (Mônica Martelli) e Tom (Marcos Palmeira) esfriou. Eles mal conversam, mal transam e só dialogam para falar sobre a filha. A falta de interação entre os dois leva Fernanda a conversar com o amigo Aníbal (Paulo Gustavo) e repensar a relação.

Assistindo o filme, a impressão é que Paulo Gustavo entrou armado no set e tomou toda a produção de refém, já que seu personagem, que deveria ser o típico melhor amigo engraçadinho, acaba tendo mais espaço e mais falas do que a própria protagonista do filme. Não importa qual o teor da conversa ou quão dramática, Aníbal sempre tem longos comentários venenosos a fazer sobre o que quer que esteja ao seu redor, mesmo que não faça nenhum sentido que aquilo fosse dito na situação, como nos momentos em que ele faz comentários maldosos para as clientes de sua empresa de eventos, o que é mais grosseiro do que engraçado.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Crítica - Roma


Análise Crítica - Roma


Review - Roma
O Roma do diretor mexicano Alfonso Cuarón não trata da capital italiana, pegando seu título da Colônia Roma, área de classe média da Cidade do México na qual o diretor cresceu. É, portanto, um trabalho que se pretende a algo memorialista, remetendo a experiências de infância do diretor e construindo uma sensação de estarmos acompanhando experiências cotidianas.

A história dessa família de classe média é contada sob a ótica de Cleo (Yalitza Aparicio) uma das empregadas dessa família de classe média cujos filhos dos patrões a consideram quase como uma segunda mãe. A trama acompanha o cotidiano dessa família bem como a vida de Cleo e as transformações que vão ocorrendo nesse núcleo familiar. Se inicialmente a trama parece romantizar excessivamente a relação de trabalho de Cleo com a família que a emprega, em sua segunda metade esse incômodo é atenuado quando a trama passa a ser sobre a solidão feminina, com tanto Cleo e a patroa abandonadas pelos respectivos companheiros não tendo o apoio de mais ninguém exceto uma da outra.  

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Crítica – South Park: 22ª Temporada


Análise Crítica – South Park: 22ª Temporada


Review – South Park: 22ª TemporadaA vigésima segunda temporada de South Park começou abordando o polêmico tema dos tiroteios em escolas. A escolha criou controvérsia antes mesmo do episódio ser exibido, com muita gente questionando como a série faria comédia em cima de algo tão trágico e, na verdade, eles se saíram muito bem ao abordar o tema. A série extrai a comédia não do tiroteio ou das mortes em si, mas da banalização que é feita ao redor desse tipo de evento e da inação em tentar fazer algo para coibi-lo.

O ridículo e o absurdo emergem de como esses tiroteios foram absorvidos no cotidiano das pessoas que, ao saber de um novo massacre, anunciam que seus “pensamentos e orações” estão com as vítimas apenas para continuar suas atividades como se nada tivesse acontecido. O episódio ainda traz uma subtrama envolvendo Cartman e Token sobre o fato de Cartman não ter gostado do filme Pantera Negra, o que é uma piada recorrente durante toda a temporada. Eu imagino que a intenção tenha sido parodiar as comunidades de fãs que não aceitam opiniões divergentes e atacam com fúria virulenta qualquer um que pense diferente, mas a temporada acaba não tendo nada a dizer sobre isso e apenas repete várias vezes a fala de Cartman de que o filme não é tão bom assim.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Crítica – Henfil


Análise Crítica – Henfil


Review – Henfil
Famoso por seu trabalho como cartunista, mas tendo também atuado como escritor, dramaturgo e até diretor de cinema, Henfil é uma figura importante para a história política e cultural brasileira cuja trajetória precisa ser examinada e conhecida. O documentário Henfil faz exatamente isso e é bem sucedido em evitar as armadilhas comuns deste tipo de filme.

A trama é contada a partir da pesquisa de estudantes de animação que pesquisam a vida e obra de Henfil para fazer um curta animado sobre seus mais famosos personagens. A partir disso o público vai conhecendo o cartunista a partir da pesquisa realizada pelos animadores. Com isso, o filme se afasta dessa estrutura tradicional de apenas intercalar entrevistas e imagens de arquivo, colocando o público para acompanhar a experiência de aprendizado da equipe de animação, o manuseio que eles fazem das artes de Henfil e as visitas de outros cartunistas, como Ziraldo e Jaguar, que vão ao estúdio comentar sobre a obra do biografado.

Claro, ainda estão presentes as entrevistas estáticas e imagens de arquivo, mas tudo é organizado sob o enquadramento dessa pesquisa dos animadores cuja intenção não é apenas conhecer os eventos da vida de Henfil, mas a gênese do seu gesto criativo. Entender porque ele produzia charges e cartuns sobre determinados temas e também qual a razão dele fazê-las do jeito que fazia, as suas escolhas estéticas, o tipo do traço e outros elementos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Crítica – Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano


Análise Crítica – Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano


Review – Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano
Detetives do Prédio Azul: O Filme, que levava aos cinemas a série do canal infantil Gloob, era uma aventura simpática, ainda que simples. Esse segundo filme não faz muito para ir além do anterior, mas continua a apresenta uma trama leve, imaginativa e lúdica.

A narrativa continua a acompanhar o trio de detetives mirins Sol (Letícia Braga), Bento (Anderson Lima) e Pippo (Pedro Henriques Motta). Dessa vez o grupo precisa viajar até a Itália (daí o título do filme) para desvendar o sumiço das crianças de seu prédio que foram sequestradas pelos bruxos Máximo (Diogo Vilela) e Mínima (Fabiana Karla), que querem usar o canto das crianças para atingirem a imortalidade. Na missão, o grupo de pequenos investigadores contará com a ajuda do avô (Antonio Pedro) de Pippo.

Tal como antes, a trama continua a costurar bem a junção da trama investigativa com elementos de fantasia e sobrenatural. Se quando eu escrevi sobre o primeiro filme mencionei o quanto isso era tributário de narrativas como a do Scooby Doo ou Josie e as Gatinhas (antes do reboot mais sério e sombrio em Riverdale), este segundo filme se aproxima ainda mais dessas referências. O castelo italiano com quadros cujos olhos se movem parece saído diretamente de um episódio do Scooby Doo e o trio de detetives agora tem uma banda na qual Sol toca bateria usando uma tiara com orelhinhas ao melhor estilo Josie.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Crítica – Aquaman




Depois da recepção abaixo do esperado de Liga da Justiça (2017) ficava claro que o modelo do diretor Zack Snyder para os heróis da DC não era mais comercialmente viável. O diretor teve três chances nesse universo e todas as três obtiveram um resultado morno, embora alguns estúdios ainda tenham tentado copiar equivocadamente esse formato como o péssimo Robin Hood. Este Aquaman tinha a missão de mostrar que o universo DC poderia se sustentar sem o diretor e construir em cima das promessas deixadas em Liga da Justiça.

É curioso que enquanto muitos blockbusters recentes, como o já citado Robin Hood, tentam copiar essa estrutura dark e sisuda, o chamado universo compartilhado da DC nos cinemas (que começou em O Homem de Aço) só obteve sucessos incontestes quando foi na contramão disso, abraçando a fantasia e aventura em Mulher Maravilha (2017), e agora tenta ser bem sucedido ao fazer um filme com um quê de matinê dos anos 30 e espírito de uma aventura de capa e espada (ou tridente) neste Aquaman.

Na trama, Arthur (Jason Momoa) é filho de um humano, Tom (Temuera Morrison), com a rainha Atlanna (Nicole Kidman), monarca da nação submarina de Atlântida. Arthur cresce na superfície, alheio ao que acontece em Atlântida, mas quando o seu meio-irmão, o rei Orm (Patrick Wilson) decide declarar guerra à superfície, ele se junta à princesa Mera (Amber Heard) e ao conselheiro Vulko (Willem Dafoe) para deter a guerra iminente e, para isso, precisam recuperar o tridente perdido de Atlan, primeiro rei de Atlântida.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Crítica – Mogli: Entre Dois Mundos


Análise Crítica – Mogli: Entre Dois Mundos


Review – Mogli: Entre Dois Mundos
A jornada de Mogli: Entre Dois Mundos para chegar a ser exibido ao público não foi fácil. O projeto, dirigido pelo ator Andy Serkis, foi anunciado pela Warner quase que ao mesmo tempo em que a Disney divulgava um remake com atores da animação Mogli: O Menino Lobo. Os dois filmes estavam marcados para estrear no mesmo ano, mas a Warner preferiu adiar sua versão a competir com a encarnação mais famosa da Disney. Um ano passou e nada de Mogli: Entre Dois Mundos estrear até que em 2018, quase dois anos depois da data marcada para sua estreia, foi anunciado que a Netflix comprou o filme da Warner e o distribuiria mundialmente em seu serviço de streaming.

Dada a demora em levar o filme ao público e a eventual desova dele na Netflix pelo estúdio, a impressão é que a Warner estava querendo se livrar de um potencial fracasso financeiro e diminuir suas perdas com filme, tal qual a Paramount fez ao largar o péssimo The Cloverfield Paradox (2018) no colo da Netflix. A impressão se confirma ao assistir o filme, pois embora ele não seja uma bomba insuportável de assistir, tem poucos atributos para realmente envolver o público, sendo uma experiência apática.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Crítica – NBA 2K19

Análise Crítica – NBA 2K19


Review – NBA 2K19
Jogos de esporte não são exatamente o meu forte, mas meu interesse por basquete acabou me motivando a conferir este NBA 2K19. A experiência foi relativamente positiva e eu encontrei um complexo e detalhado jogo de basquete, ainda que alguns problemas em termos de progressão atrapalharam a experiência.

A primeira coisa que chama a atenção é o quanto o jogo acerta ao reconstruir o estilo e o clima de uma partida da NBA. Dos modelos fiéis aos jogadores e quadras reais que reproduzem, às faixas de comentários ao longo das partidas e ao pré e pós show exibidos ao final de cada partida da campanha principal, tudo trabalha para te deixar imerso no sentimento de que o jogador de fato está fazendo parte de uma partida de basquete profissional.

O jogo traz uma variedade de modos e talvez aquele que inicialmente traz os jogadores, em especial alguém como eu que não tem muita experiência com os games da série NBA 2K, é o modo MyCarreer que funciona como a campanha principal do jogo. Nela, o usuário cria seu próprio personagem, um jogador iniciante com a alcunha de A.I para acompanhar suas tentativas de ter sucesso na NBA. A história me surpreendeu pela qualidade do roteiro, cheio de reviravoltas e dramas que me fizeram me importar com A.I a despeito da conduta ocasionalmente petulante e imatura do personagem. Existem alguns momentos em que o jogo te dá a opção de escolher o diálogo do personagem, mas a maioria delas teve pouco impacto na narrativa.

God of War é o grande vencedor do Video Game Awards


God of War review

O Video Game Awards, maior premiação de games dos Estados Unidos, aconteceu ontem, 06 de dezembro, e sagrou a nova versão de God of War como jogo do ano, levando também os prêmios nas categorias de direção e melhor jogo de aventura. A vitória marca um ano repleto de bons exclusivos para Playstation 4, como Marvel’s Spider-Man. O exclusivo para Xbox One Forza Horizon 4, por sua vez, ganhou como melhor jogo de esporte. O independente Celeste, que tinha brasileiros em sua equipe de desenvolvedores, venceu como melhor jogo indie. Confiram abaixo todos os vencedores.