Quando escrevi sobre a segunda temporada de Desventuras em Série, falei sobre a
cansativa repetição da mesma estrutura ao longo de seus episódios e a esperança
de uma próxima temporada não cometer os mesmos erros. Pois bem, essa terceira e
última temporada de fato evita repetir os mesmos formatos e entrega um desfecho
digno para a saga de infortúnio dos irmãos Baudelaire.
A narrativa começa no exato ponto em que a temporada
anterior terminou, com o Conde Olaf (Neil Patrick Harris) jogando os irmãos
Baudelaire do alto de uma montanha. A partir desse ponto acompanhamos o trio de
protagonistas em sua busca para descobrir os mistérios envolvendo a sociedade
secreta que seus pais faziam parte, a localização do cobiçado açucareiro e as
tentativas de se livrar de uma vez por todas da ameaça do Conde.
Desde o primeiro episódio há uma clara sensação de que a
série caminha para o seu desfecho e busca amarrar todas as pontas soltas,
refletindo sobre os impactos da jornada sobre seus personagens. Se as duas
primeiras temporadas tinham um claro viés maniqueísta, exibindo Olaf como um
sujeito completamente maligno e irredimível, a atual o torna uma figura mais
complexa ao nos exibir o seu passado e as razões da cisão dentro da organização
secreta que ele e os pais dos Baudelaire faziam parte.