O Peso do Passado é
daqueles filmes que seria bastante esquecível se não fosse protagonizado por
uma ótima atriz. O filme mais recente da diretora Karyn Kusama, responsável
pelo excelente O Convite (2016), não
tem nada que já não tenhamos visto em outros dramas criminais e se apoia quase
que exclusivamente no trabalho de Nicole Kidman.
Na trama, a detetive Erin Bell (Nicole Kidman) encontra um
cadáver não identificado que parece trazer em si pistas que o ligam a um caso
antigo de Erin e que deixou marcas profundas na policial. Ao perceber que
finalmente pode ser capaz de encerrar a investigação que a assombra por tanto
tempo, Erin inicia uma desesperada e inconsequente corrida contra o tempo para
deter o criminoso que ela deixou escapar no passado.
É uma típica história da policial devastada por um trauma do
passado e desesperada para tentar se redimir dos problemas. A maquiagem ajuda a
dar à protagonista o aspecto de uma pessoa mal cuidada, que não dorme ou se
alimenta direita há anos, mas é o trabalho de Kidman que convence da degradação
interna de Erin. Com um olhar constantemente cansado e desiludido, um caminhar
arrastado e uma fala rouca, a sensação é que estamos praticamente diante de uma
zumbi, uma morta-viva, alguém que literal e metaforicamente se tornou um mero
espectro de si mesma.