segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Crítica – A Favorita


Análise Crítica – A Favorita


Review – A Favorita
O diretor grego Yorgos Lanthimos constantemente recorre a narrativas que flertam com o fantástico, o sobrenatural e o surrealismo. Nesse sentido, A Favorita é talvez seu filme mais “normal”, mas isso não significa que temas caros ao diretor, como sua investigação do que há no ser humano para além do seu verniz de civilidade, estejam ausentes de seu mais recente trabalho.

A trama se passa na Inglaterra do início do século XVIII durante o reinado da Rainha Anne (Olivia Colman). O país está envolvido em uma dispendiosa guerra e a monarca não vai bem de saúde, delegando a maioria de suas atividades à Lady Sarah (Rachel Weisz), que goza de extrema confiança e favorecimento da rainha. As coisas começam a mudar quando Abigail (Emma Stone), prima distante e pobre de Sarah, chega ao palácio para trabalhar como criada da prima. Abigail aproveita a proximidade da prima com a rainha como uma oportunidade de recuperar o status de outrora, mas para isso precisará tomar o lugar de Sarah como favorita da rainha.

Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2019


Razzies 2019


O Framboesa de Ouro (ou Razzies em inglês), premiação que “celebra” os piores filmes do ano, divulgou hoje seus indicados. Liderando a premiação com maior número de indicações está Gotti, que ainda não foi lançada comercialmente no Brasil. Dirigido por Kevin Connoly (o Eric da série Entourage) o filme é uma biografia do mafioso John Gotti com John Travolta no papel principal. Além de Gotti, Robin Hood: A Origem e Cinquenta Tons de Liberdade, ambos presentes em nossa lista de piores filmes de 2018, também receberam múltiplas indicações. A entrega dos Framboesas acontecerá no dia 23 de fevereiro, um dia antes do Oscar. Confiram abaixo a lista completa que indicados.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Crítica – O Justiceiro: 2ª Temporada

Análise Crítica – O Justiceiro: 2ª Temporada


Review – O Justiceiro: 2ª Temporada
Considerando que a Netflix vem cancelando todas as suas séries com a Marvel em virtude de seu contrato de parceria estar chegando ao fim e a Disney/Marvel estar criando uma plataforma própria streaming, não estava particularmente empolgado para assistir essa segunda temporada de O Justiceiro apenas para que ela fosse cancelada algumas semanas depois de ser disponibilizada independente do quão boa seja. Demolidor, por exemplo, entregou uma excelente terceira temporada e ainda assim foi cancelada por conta do iminente fim da parceria entre Marvel e Netflix, então é bem provável que O Justiceiro também seja, mesmo com esse segundo ano sendo razoavelmente tão bom quanto o primeiro.

Frank Castle (Jon Bernthal) está viajando pelo interior dos Estados Unidos tentando reconstruir sua vida. Ele conhece Beth (Alexa Davalos) em um bar e se mostra disposto a se envolver com outra pessoa. Tudo muda quando ele vê a garota Amy (Giorgia Wingham) sendo perseguida por um grupo de criminosos e decide intervir. Aparentemente a jovem carrega consigo um rolo de filme contendo material comprometedor e alguém poderoso quer garantir que ela e o material sejam destruídos, colocando o assassino John Pilgrim (Josh Stewart) no rastro da garota. Ao mesmo tempo, Billy Russo (Ben Barnes) acorda do coma depois de quase ter sido morto por Frank na temporada anterior. Sem memória do que ocorreu, Billy quer descobrir quem destruiu seu rosto.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Crítica – Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava


Análise Crítica – Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava


Review Crítica – Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava
A pornochanchada é uma espécie de “gênero maldito” do cinema brasileiro, talvez o único que ainda não foi plenamente redimido tal como aconteceu com as chanchadas dos anos 30 e 40 ou o Cinema Marginal. A pornochanchada tinha esse nome por misturar narrativas eróticas, sexuais e carregadas de nudez com um quê de comédia popular, tal como as antigas chanchadas, daí o termo “pornochanchada”. O documentário Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava tenta restaurar a memória desse gênero maldito e examinar o que eles tinham a dizer.

A diretora Fernanda Pessoa fez um enorme trabalho arquívistico em coletar uma quantidade enorme de filmes do período e vai montando cenas dos filmes pesquisados para mostrar os diferentes e recorrentes temas que apareciam nas produções do gênero. A ideia parece ser demonstrar a importância da preservação desses filmes ao mostrar o quanto eles refletiam a sua época, para o bem e para o mal, lembrando que mesmo a mais a arte considerada por muitos como “baixa” (e coloco o termo entre aspas por não crer que exista essa separação entre alta ou baixa arte e cultura) pode ser um veículo para compreendermos um momento da nossa história.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Crítica – Sex Education: 1ª Temporada


Análise Crítica – Sex Education: 1ª Temporada


Inicialmente essa primeira temporada de Sex Education parece uma versão um pouco mais cômica de Skins, série britânica sobre os relacionamentos e descobertas sexuais de um grupo de jovens. Bem, na prática é quase isso mesmo, mas alcança um ótimo equilíbrio entre drama e humor, compreendendo os anseios da juventude ao mesmo tempo em que brinca com as situações insólitas dessa fase da vida.

A narrativa é centrada no jovem Otis (Asa Butterfield), que, por algum tipo de bloqueio, não consegue se masturbar. Otis é filho de Jean (Gillian Anderson), uma terapeuta sexual, e pela convivência com a mãe acabou adquirindo parte do conhecimento dela sobre como ajudar as pessoas com problemas sexuais. Quando a colega de escola Maeve (Emma Mackey) descobre as habilidades de Otis, ela propõe que eles montem uma “clínica” na escola para aconselhar os demais colegas. Atraído por Maeve, Otis aceita a proposta para se aproximar dela e começa a aconselhar os colegas apesar dele mesmo ter problemas sexuais.

O mais interessante é como a série constantemente se recusa a encaixar seus personagens em estereótipos de narrativas adolescentes e mesmo quando eles inicialmente parecem unidimensionais, aos poucos o texto vai dando a eles algumas camadas de complexidade. Se Adam (Connor Swindells) parece um típico valentão de escola, aos poucos vamos acompanhando sua vida doméstica e descobrimos que sua atitude agressiva com os outros vem da atitude agressiva que recebe do pai e falta de afeto que tem em casa.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Crítica – Como Treinar Seu Dragão 3


Análise Crítica – Como Treinar Seu Dragão 3


Review – Como Treinar Seu Dragão 3
O primeiro Como Treinar Seu Dragão (2010) foi uma grata surpresa e um trabalho acima da média para a Dreamworks. O segundo filme, lançado em 2014, conseguia manter o alto nível do primeiro, mas não necessitava de mais uma continuação. Esse terceiro filme, embora entregue um desfecho aceitável para Soluço e Banguela, acaba sendo o mais fraco da trilogia.

Na trama, Soluço (Jay Baruchel) conseguiu criar uma utopia na qual humanos e dragões vivem em harmonia, mas seu sucesso atrai caçadores interessados nos dragões. Depois de muitos fracassos, um grupo de caçadores contrata o astuto Crimmel (F. Murray Abraham) para eliminar o dragão Banguela e capturar o resto dos dragões. Para afastar Banguela de Soluço, o vilão usa como isca a última fêmea restante da espécie de Banguela. Assim, Soluço precisa lidar tanto com a nova ameaça quanto com a perspectiva de ter que deixar o amigo ir embora.

A narrativa de caçadores gananciosos tentando capturar os dragões é praticamente a mesma do filme anterior, repetindo muitas das mesmas batidas e temas. Talvez o vilão nem fosse em si necessário, sendo possível fazer o filme em torno da aproximação entre Banguela e fêmea enquanto explorasse a dificuldade de Soluço em se desprender do velho amigo ou assumir um compromisso com Astrid (America Ferrera).

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Crítica – O Peso do Passado


Análise Crítica – O Peso do Passado


Review – O Peso do Passado
O Peso do Passado é daqueles filmes que seria bastante esquecível se não fosse protagonizado por uma ótima atriz. O filme mais recente da diretora Karyn Kusama, responsável pelo excelente O Convite (2016), não tem nada que já não tenhamos visto em outros dramas criminais e se apoia quase que exclusivamente no trabalho de Nicole Kidman.

Na trama, a detetive Erin Bell (Nicole Kidman) encontra um cadáver não identificado que parece trazer em si pistas que o ligam a um caso antigo de Erin e que deixou marcas profundas na policial. Ao perceber que finalmente pode ser capaz de encerrar a investigação que a assombra por tanto tempo, Erin inicia uma desesperada e inconsequente corrida contra o tempo para deter o criminoso que ela deixou escapar no passado.

É uma típica história da policial devastada por um trauma do passado e desesperada para tentar se redimir dos problemas. A maquiagem ajuda a dar à protagonista o aspecto de uma pessoa mal cuidada, que não dorme ou se alimenta direita há anos, mas é o trabalho de Kidman que convence da degradação interna de Erin. Com um olhar constantemente cansado e desiludido, um caminhar arrastado e uma fala rouca, a sensação é que estamos praticamente diante de uma zumbi, uma morta-viva, alguém que literal e metaforicamente se tornou um mero espectro de si mesma.

domingo, 13 de janeiro de 2019

Crítica - Titãs: 1ª Temporada

Análise Crítica - Titãs: 1ª Temporada


Review - Titãs: 1ª Temporada
O primeiro trailer de Titãs não me deixou nem um pouco interessado na série. Assim como os recentes filmes do Zack Snyder no universo DC, a prévia parecia confundir a exibição de violência e sombras com sinônimo de maturidade quando violência ou palavrões por si só não tornam nada complexo ou maduro. Felizmente o produto final não chega a ser o que a divulgação dava a entender e esta primeira temporada é razoavelmente aproveitável.

A temporada começa com Dick Grayson (Brenton Thwaites), agora um policial, chegando à cidade de Detroit e tendo que lidar com o seu afastamento de Bruce Wayne/Batman, assim como a possibilidade de deixar o manto de Robin. Enquanto isso, a jovem Rachel (Teagan Croft) tem dificuldade em controlar seus recém descobertos poderes e começa a ser caçada por um estranho culto. Ela começa a ter visões envolvendo Dick e pensa que ele pode ajuda-la. Ao mesmo tempo, Kory Anders (Anna Diop) acorda de um acidente de carro sem memória de quem é e a única coisa que tem consigo é uma foto de Rachel, assim ela tenta encontrar a garota na esperança de descobrir sua própria identidade.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Crítica - A Esposa


Análise Crítica - A Esposa


Review Crítica - A Esposa
É interessante como um filme com tantos diálogos tão calmos e tantos momentos de silêncio possa trazer consigo uma quantidade enorme de emoções e conflitos que vão aos poucos chegando ao ponto de ebulição. Muito disso vem do trabalho de Glenn Close, que é o centro emocional e narrativo deste A Esposa.

A trama acompanha o casal Joe (Jonathan Pryce) e Joan (Glenn Close) que viaja à Suécia para que Joe, um renomado escritor, receba o Prêmio Nobel de Literatura por conta de suas obras. Durante a viagem Joan nada mais é que um adereço acompanhando o marido, com pessoas vindo cumprimentá-lo e ignorando-a por completo e Joe muitas vezes falando em nome dela para seus interlocutores. Aos poucos vamos descobrindo que o silêncio dela durante o evento tem outras razões para o fato de ser uma esposa que viveu dedicada ao marido e existe apenas para apoiá-lo.

A trama vai mostrando como o mundo da arte é dominado por homens, seja na produção artística, na direção das editoras e curadorias, ou mesmo na crítica de arte (e ainda hoje a crítica é um espaço majoritariamente masculino). Assim, mesmo uma escritora de talento, como é o caso de Joan em sua juventude, tem dificuldade de penetrar ou ser levada à sério nesses ambientes dominados por homens em todas as posições.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Crítica – Máquinas Mortais


Análise Crítica – Máquinas Mortais


Review Crítica – Máquinas MortaisQuando escrevi sobre o péssimo Mentes Sombrias (2018) falei sobre como o subgênero da “distopia adolescente” já estava desgastado e parecia não dar sinais de renovação. Eis que chega aos cinemas Máquinas Mortais, mais uma aventura jovem baseada em uma obra literária sobre um mundo distópico, dessa vez há o nome de Peter Jackson, responsável pelas trilogias O Senhor dos Anéis e O Hobbit, na produção e no roteiro, mas nem mesmo Jackson consegue resgatar esse filão das suas estruturas cansadas e repetitivas, fazendo de Máquinas Mortais mais uma distopia genérica.

A trama se passa em futuro no qual a humanidade foi quase que inteiramente dizimada e as poucas cidades que restaram vagam o mundo como fortalezas móveis em busca de recursos que estão cada vez mais escassos, destruindo umas as outras para se manterem funcionando. Em meio à tudo isso está Hester Shaw (Hera Hilmar), uma jovem misteriosa que invade a cidade móvel de Londres para assassinar o cientista Thaddeus Valentine (Hugo Weaving) para vingar a morte da mãe.