segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Lixo Extraordinário – O Sacrifício


Resenha  – O Sacrifício


Review  – O SacrifícioEm termos de produção, O Sacrifício é o melhor filme tratado até agora nessa coluna, já que é realmente um filme feito com orçamento profissional, diretor e elenco conhecidos e um relativo esmero na construção de sua atmosfera (A Reconquista até tinha atores conhecidos, mas sua produção era tosquíssima e parecia um seriado da década de 60). Ter uma boa produção, no entanto, não impediu que este filme acabasse sendo muito ruim. Felizmente ele é daquele tipo de filme ruim que constantemente descamba para a comédia involuntária e com isso se torna divertidíssimo de assistir.

O Sacrifício é um remake do clássico cult britânico O Homem de Palha (1973), embora não chegue aos pés do original. A trama é centrada em Edward (Nicolas Cage), um policial que um dia recebe uma carta de Willow (Kate Beahan), uma antiga ex-namorada pedindo ajuda para encontrar a filha perdida. Willow mora em uma isolada ilha na costa do Pacífico e diz que alguém da pequena comunidade deve ter sequestrado a filha dela. Assim, Edward viaja até a ilha e aos poucos percebe os segredos sombrios da pequena comunidade.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Crítica – Fyre Festival: Fiasco no Caribe


Análise Crítica – Fyre Festival: Fiasco no Caribe


Review – Fyre Festival: Fiasco no Caribe
Em 2017 o Fyre Festival foi vendido como o próximo grande festival de música. Mais que música, o festival seria uma experiência. As pessoas iriam para uma exótica ilha nas Bahamas, uma ilha que teria pertencido ao traficante Pablo Escobar, ficariam em casas de luxo de frente para o mar, conviveriam com celebridades e top models durante a estadia e, claro, assistiriam shows de grandes bandas. A questão é que o público pagante e até mesmo os convidados não receberam nada do que foi prometido.

Dirigido por Chris Smith, responsável pelo ótimo Jim & Andy: The Great Beyond (2017), o documentário faz uma crônica do desastre anunciado que foi a organização do evento. O festival, por sinal, deveria ser apenas uma plataforma para divulgar o aplicativo Fyre, uma espécie de Uber para artistas no qual o usuário poderia contratar diretamente artistas da música para shows privados.

Muito do tempo é usado para nos explicar quem é Billy McFarland, o empresário responsável pelo festival e o aplicativo Fyre. A narrativa nos mostra o histórico de diferentes empreendimentos fraudulentos de McFarland e como ele é mais um estelionatário do que empreendedor. Imagens de arquivo e depoimentos de funcionários que trabalharam com Billy na organização do festival ou na criação do aplicativo descrevem um sujeito que parecia não se importar nem um pouco com os problemas e potenciais riscos ao consumidor que eram comunicados a ele e constantemente mandava os empregados maquiarem esses problemas ao invés de resolvê-los. Em um dado momento um dos funcionários narra que Billy pediu que ele fizesse sexo oral em um oficial da alfândega das Bahamas para poder liberar mercadorias que estavam transportando para o festival.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Crítica – Green Book: O Guia


Análise Crítica – Green Book: O Guia


Review – Green Book: O GuiaGreen Book: O Guia é o tipo de filme que sempre ganha evidência durante a chamada “temporada de premiações” (como Oscar, Globo de Ouro, etc). Um filme que trata de um problema social complexo de maneira acessível (e por vezes rasa), mas que trabalha para mandar seu público para casa se sentindo bem após a sessão, mesmo confrontado com problemas sociais sérios.

A narrativa é baseada na história real de Tony “Lip” Villalonga (Viggo Mortensen) que, durante a década de 60, passa a trabalhar de motorista para o pianista negro Don Shirley (Mahershala Ali) durante uma turnê pelos estados do extremo sul dos Estados Unidos que ainda mantinham leis de segregação racial.

É basicamente Conduzindo Miss Daisy (1989), mas com a dinâmica étnica invertida e desde os primeiros minutos sabemos que os dois protagonistas forjarão uma grande amizade na qual aprenderão valiosas lições um com o outro. Tony irá aprender a ser menos malandro e mais sensível enquanto que Don vai aprender a ser menos rígido e certinho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Crítica - Creed 2


Análise Crítica - Creed 2


Review - Creed 2
Eu não esperava que Creed (2016) fosse tão bom como foi, mas o resultado era bastante digno do legado do universo criado por Sylvester Stallone, apresentando novos e interessantes personagens, além de levar velhos conhecidos por novos caminhos. Creed 2, por sua vez, não tem o mesmo frescor do primeiro, mas ainda assim é um desenvolvimento competente do que foi apresentado no filme anterior.

A narrativa começa com Adonis Creed (Michael B. Jordan) se tornando campeão dos pesos-pesados. Após ganhar atenção da mídia mundial, Adonis é desafiado por Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan Drago (Dolph Lundgren), o boxeador que matou Apollo Creed (Carl Weathers) e foi derrotado por Rocky (Sylvester Stallone). Sentindo a necessidade de defender a memória do pai, Adonis decide aceitar a luta mesmo com os conselhos contrários de Rocky, da mãe e da noiva, Bianca (Tessa Thompson).

Apesar de remeter a eventos de Rocky IV (1985), a estrutura da trama é mais parecida com a de Rocky III: O Desafio Supremo (1982), com o protagonista recebendo um desafio de um lutador novato e bruto, embarcando em uma luta para a qual não estava plenamente preparado e precisando se refazer depois. Nesse sentido, Creed 2 acaba sendo bem mais previsível do que seu antecessor, repetindo batidas já conhecidas e deixando pouca dúvida em relação ao que vai acontecer.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Crítica – Sou Carnaval de São Salvador


Análise Crítica – Sou Carnaval de São Salvador


Review – Sou Carnaval de São Salvador
O carnaval da cidade de Salvador é um fenômeno bastante amplo e poderia ser observado sob diferentes pontos de vista, como manifestação cultural, como negócio, como ferramenta política, pela produção musical. Cada um desses aspectos renderia um documentário inteiro por si só e Sou Carnaval de São Salvador tenta a difícil tarefa de falar de tudo isso de uma vez só.

Narrado pelo ator João Miguel, o documentário demonstra uma ampla pesquisa histórica a respeito desta festa popular, explicando com clareza as origens do tema, as diferentes formas que a festa teve ao longo dos anos e também como as diferentes matrizes culturais influenciaram tanto na estrutura da festa quanto nos ritmos musicais tocados. Inclusive há um segmento considerável no qual músicos e maestros explicam de maneira bem didática a influência de deferentes estruturas rítmicas tornando um conhecimento bastante específico acessível até mesmo para leigos. É possível ver a paixão do filme pelo carnaval soteropolitano e o esforço em transmitir essa paixão para o espectador, com muito desse afeto emergindo da acertada narração de João Miguel.

Conheçam os indicados ao Oscar 2019


Oscar nominees 2019

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou hoje, 22 de janeiro, os indicados para a 91ª edição do Oscar. Liderando em número de indicações estão Roma e A Favorita, ambos com dez indicações cada. Pantera Negra fez história ao ser o primeiro filme de super-herói a ser indicado como melhor filme e levou sete indicações ao todo. A entrega dos prêmios acontecerá no dia 24 de fevereiro e depois da polêmica envolvendo o comediante Kevin Hart, a cerimônia não terá um apresentador fixo, contando com diferentes celebridades para apresentar cada bloco da premiação. Confiram abaixo a lista completa de indicados.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Crítica – A Favorita


Análise Crítica – A Favorita


Review – A Favorita
O diretor grego Yorgos Lanthimos constantemente recorre a narrativas que flertam com o fantástico, o sobrenatural e o surrealismo. Nesse sentido, A Favorita é talvez seu filme mais “normal”, mas isso não significa que temas caros ao diretor, como sua investigação do que há no ser humano para além do seu verniz de civilidade, estejam ausentes de seu mais recente trabalho.

A trama se passa na Inglaterra do início do século XVIII durante o reinado da Rainha Anne (Olivia Colman). O país está envolvido em uma dispendiosa guerra e a monarca não vai bem de saúde, delegando a maioria de suas atividades à Lady Sarah (Rachel Weisz), que goza de extrema confiança e favorecimento da rainha. As coisas começam a mudar quando Abigail (Emma Stone), prima distante e pobre de Sarah, chega ao palácio para trabalhar como criada da prima. Abigail aproveita a proximidade da prima com a rainha como uma oportunidade de recuperar o status de outrora, mas para isso precisará tomar o lugar de Sarah como favorita da rainha.

Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2019


Razzies 2019


O Framboesa de Ouro (ou Razzies em inglês), premiação que “celebra” os piores filmes do ano, divulgou hoje seus indicados. Liderando a premiação com maior número de indicações está Gotti, que ainda não foi lançada comercialmente no Brasil. Dirigido por Kevin Connoly (o Eric da série Entourage) o filme é uma biografia do mafioso John Gotti com John Travolta no papel principal. Além de Gotti, Robin Hood: A Origem e Cinquenta Tons de Liberdade, ambos presentes em nossa lista de piores filmes de 2018, também receberam múltiplas indicações. A entrega dos Framboesas acontecerá no dia 23 de fevereiro, um dia antes do Oscar. Confiram abaixo a lista completa que indicados.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Crítica – O Justiceiro: 2ª Temporada

Análise Crítica – O Justiceiro: 2ª Temporada


Review – O Justiceiro: 2ª Temporada
Considerando que a Netflix vem cancelando todas as suas séries com a Marvel em virtude de seu contrato de parceria estar chegando ao fim e a Disney/Marvel estar criando uma plataforma própria streaming, não estava particularmente empolgado para assistir essa segunda temporada de O Justiceiro apenas para que ela fosse cancelada algumas semanas depois de ser disponibilizada independente do quão boa seja. Demolidor, por exemplo, entregou uma excelente terceira temporada e ainda assim foi cancelada por conta do iminente fim da parceria entre Marvel e Netflix, então é bem provável que O Justiceiro também seja, mesmo com esse segundo ano sendo razoavelmente tão bom quanto o primeiro.

Frank Castle (Jon Bernthal) está viajando pelo interior dos Estados Unidos tentando reconstruir sua vida. Ele conhece Beth (Alexa Davalos) em um bar e se mostra disposto a se envolver com outra pessoa. Tudo muda quando ele vê a garota Amy (Giorgia Wingham) sendo perseguida por um grupo de criminosos e decide intervir. Aparentemente a jovem carrega consigo um rolo de filme contendo material comprometedor e alguém poderoso quer garantir que ela e o material sejam destruídos, colocando o assassino John Pilgrim (Josh Stewart) no rastro da garota. Ao mesmo tempo, Billy Russo (Ben Barnes) acorda do coma depois de quase ter sido morto por Frank na temporada anterior. Sem memória do que ocorreu, Billy quer descobrir quem destruiu seu rosto.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Crítica – Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava


Análise Crítica – Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava


Review Crítica – Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava
A pornochanchada é uma espécie de “gênero maldito” do cinema brasileiro, talvez o único que ainda não foi plenamente redimido tal como aconteceu com as chanchadas dos anos 30 e 40 ou o Cinema Marginal. A pornochanchada tinha esse nome por misturar narrativas eróticas, sexuais e carregadas de nudez com um quê de comédia popular, tal como as antigas chanchadas, daí o termo “pornochanchada”. O documentário Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava tenta restaurar a memória desse gênero maldito e examinar o que eles tinham a dizer.

A diretora Fernanda Pessoa fez um enorme trabalho arquívistico em coletar uma quantidade enorme de filmes do período e vai montando cenas dos filmes pesquisados para mostrar os diferentes e recorrentes temas que apareciam nas produções do gênero. A ideia parece ser demonstrar a importância da preservação desses filmes ao mostrar o quanto eles refletiam a sua época, para o bem e para o mal, lembrando que mesmo a mais a arte considerada por muitos como “baixa” (e coloco o termo entre aspas por não crer que exista essa separação entre alta ou baixa arte e cultura) pode ser um veículo para compreendermos um momento da nossa história.