sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Crítica – Carmen Sandiego: 1ª Temporada


Análise Crítica – Carmen Sandiego: 1ª Temporada


Review – Carmen Sandiego: 1ª Temporada
A série animada Carmen Sandiego (1994 – 1999) seguia uma dupla de jovens detetives que viajava pelo mundo caçando a elusiva ladra que dava o título à animação. Ela era uma antagonista, mas uma figura envolta em mistério, que despertava fascínio por sabermos tão pouco a seu respeito, pelo visual icônico e pela esperteza dos seus assaltos. Este novo Carmen Sandiego mantem o clima de aventura, mas perde um pouco do suspense.

Carmen (voz de Gina Rodriguez) é uma órfã encontrada por agentes da V.I.L.E uma agência secreta de supercriminosos que se dedica a enriquecer roubando objetos valiosos. Ela é treinada desde cedo para ser uma hábil agente, sem saber o real propósito da organização. Quando finalmente descobre que está trabalhando para um grupo de ladrões, ela abandona a V.I.L.E e se dedica a recuperar os itens roubados por eles com a ajuda do hacker Player (voz de Finn Wolfhard, o Mike de Stranger Things).

Sim, a nova versão transforma a protagonista de vilã em heroína. Isso não é um problema em si, mas a transição tira dela muito de sua mística e senso de mistério, principalmente pelos dois primeiros episódios já começarem contando a origem da personagem. Os demais não tem muito desenvolvimento. Zack e Ivy, que animação original caçavam Carmen, agora são seus ajudantes, mas não há muito espaço para eles crescerem. Player, por sua vez, se limita a ser uma voz de auxílio. O principal incômodo vem do inspetor Deveraux, que é tão atrapalhado e equivocado em suas conclusões que o tempo todo me perguntei porque a agência ACME o recrutou.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Crítica - Vice


Análise Crítica - Vice


Review - Vice
Espera-se que uma biografia exiba algum esforço para entender quem foi o sujeito biografado, o que motivou suas ações ou como ele se tornou daquele jeito, o que moldou seu caráter, seus anos formativos. Vice, cinebiografia do ex-vice-presidente Dick Cheney, exibe uma ampla pesquisa sobre os fatos da vida do político e empresário, mas não parece interessado em entendê-lo.

A narrativa acompanha a trajetória política de Cheney (Christian Bale), do seu começo trabalhando com Donald Rumsfeld (Steve Carell) até o momento em que se tornou vice-presidente do governo de George W. Bush (Sam Rockwell), passando a exercer um poder e influência que nunca se viu de um vice.

O filme trabalha para mostrar como Cheney foi diretamente responsável por políticas que afetam os Estados Unidos até hoje, apontando-o como o responsável pela ascensão de figuras cada vez mais reacionárias como o criador da Fox News Roger Ailes ou mesmo do atual governo. Ao longo da projeção vemos como Cheney manipulou e dobrou o sistema político do país para deixá-lo subjugado a interesses corporativos e não ao bem comum, pensando mais no próprio enriquecimento e no de seus parceiros comerciais do que no bem da população.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Crítica – A Sereia: Lago dos Mortos


Análise Crítica – A Sereia: Lago dos Mortos


Review – A Sereia: Lago dos Mortos
O terror russo A Sereia: Lago dos Mortos mostra que as distribuidoras brasileiras não entendem a razão do público pedir filmes legendados. Imagino que os distribuidores pensam que espectadores que gostam de filmes legendados apreciam ler legendas. Essa é a única explicação para que A Sereia: Lago dos Mortos chegue aqui dublado em inglês com legendas em português ao invés de legendado com o áudio original em russo ou simplesmente dublado em português. Se alguém ainda não entendeu, algumas pessoas preferem legendado para ter acesso ao áudio original, então exibir cópias legendadas com áudio dublado em outro idioma não faz sentido.

A trama acompanha os noivos Roman (Efim Petrunin) e Marina (Viktoriya Agalakova), que estão prestes a casar. Roman ganha do pai uma antiga casa de campo como presente de casamento e ao chegar lá encontra uma sereia no lago aos fundos da propriedade. Vítima da maldição da criatura, ele precisa achar um jeito de quebrar o encanto.

A ideia de um terror calcado na figura da sereia poderia render algo diferente, mas o filme escolhe os caminhos mais convencionais possíveis. A produção ao menos faz algum esforço em criar uma atmosfera sinistra, em especial na sombria e decrépita casa de campo, o problema é que o texto nunca tem nada interessante a dizer ou mostrar sobre esses lugares ou personagens.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Lixo Extraordinário – O Sacrifício


Resenha  – O Sacrifício


Review  – O SacrifícioEm termos de produção, O Sacrifício é o melhor filme tratado até agora nessa coluna, já que é realmente um filme feito com orçamento profissional, diretor e elenco conhecidos e um relativo esmero na construção de sua atmosfera (A Reconquista até tinha atores conhecidos, mas sua produção era tosquíssima e parecia um seriado da década de 60). Ter uma boa produção, no entanto, não impediu que este filme acabasse sendo muito ruim. Felizmente ele é daquele tipo de filme ruim que constantemente descamba para a comédia involuntária e com isso se torna divertidíssimo de assistir.

O Sacrifício é um remake do clássico cult britânico O Homem de Palha (1973), embora não chegue aos pés do original. A trama é centrada em Edward (Nicolas Cage), um policial que um dia recebe uma carta de Willow (Kate Beahan), uma antiga ex-namorada pedindo ajuda para encontrar a filha perdida. Willow mora em uma isolada ilha na costa do Pacífico e diz que alguém da pequena comunidade deve ter sequestrado a filha dela. Assim, Edward viaja até a ilha e aos poucos percebe os segredos sombrios da pequena comunidade.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Crítica – Fyre Festival: Fiasco no Caribe


Análise Crítica – Fyre Festival: Fiasco no Caribe


Review – Fyre Festival: Fiasco no Caribe
Em 2017 o Fyre Festival foi vendido como o próximo grande festival de música. Mais que música, o festival seria uma experiência. As pessoas iriam para uma exótica ilha nas Bahamas, uma ilha que teria pertencido ao traficante Pablo Escobar, ficariam em casas de luxo de frente para o mar, conviveriam com celebridades e top models durante a estadia e, claro, assistiriam shows de grandes bandas. A questão é que o público pagante e até mesmo os convidados não receberam nada do que foi prometido.

Dirigido por Chris Smith, responsável pelo ótimo Jim & Andy: The Great Beyond (2017), o documentário faz uma crônica do desastre anunciado que foi a organização do evento. O festival, por sinal, deveria ser apenas uma plataforma para divulgar o aplicativo Fyre, uma espécie de Uber para artistas no qual o usuário poderia contratar diretamente artistas da música para shows privados.

Muito do tempo é usado para nos explicar quem é Billy McFarland, o empresário responsável pelo festival e o aplicativo Fyre. A narrativa nos mostra o histórico de diferentes empreendimentos fraudulentos de McFarland e como ele é mais um estelionatário do que empreendedor. Imagens de arquivo e depoimentos de funcionários que trabalharam com Billy na organização do festival ou na criação do aplicativo descrevem um sujeito que parecia não se importar nem um pouco com os problemas e potenciais riscos ao consumidor que eram comunicados a ele e constantemente mandava os empregados maquiarem esses problemas ao invés de resolvê-los. Em um dado momento um dos funcionários narra que Billy pediu que ele fizesse sexo oral em um oficial da alfândega das Bahamas para poder liberar mercadorias que estavam transportando para o festival.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Crítica – Green Book: O Guia


Análise Crítica – Green Book: O Guia


Review – Green Book: O GuiaGreen Book: O Guia é o tipo de filme que sempre ganha evidência durante a chamada “temporada de premiações” (como Oscar, Globo de Ouro, etc). Um filme que trata de um problema social complexo de maneira acessível (e por vezes rasa), mas que trabalha para mandar seu público para casa se sentindo bem após a sessão, mesmo confrontado com problemas sociais sérios.

A narrativa é baseada na história real de Tony “Lip” Villalonga (Viggo Mortensen) que, durante a década de 60, passa a trabalhar de motorista para o pianista negro Don Shirley (Mahershala Ali) durante uma turnê pelos estados do extremo sul dos Estados Unidos que ainda mantinham leis de segregação racial.

É basicamente Conduzindo Miss Daisy (1989), mas com a dinâmica étnica invertida e desde os primeiros minutos sabemos que os dois protagonistas forjarão uma grande amizade na qual aprenderão valiosas lições um com o outro. Tony irá aprender a ser menos malandro e mais sensível enquanto que Don vai aprender a ser menos rígido e certinho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Crítica - Creed 2


Análise Crítica - Creed 2


Review - Creed 2
Eu não esperava que Creed (2016) fosse tão bom como foi, mas o resultado era bastante digno do legado do universo criado por Sylvester Stallone, apresentando novos e interessantes personagens, além de levar velhos conhecidos por novos caminhos. Creed 2, por sua vez, não tem o mesmo frescor do primeiro, mas ainda assim é um desenvolvimento competente do que foi apresentado no filme anterior.

A narrativa começa com Adonis Creed (Michael B. Jordan) se tornando campeão dos pesos-pesados. Após ganhar atenção da mídia mundial, Adonis é desafiado por Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan Drago (Dolph Lundgren), o boxeador que matou Apollo Creed (Carl Weathers) e foi derrotado por Rocky (Sylvester Stallone). Sentindo a necessidade de defender a memória do pai, Adonis decide aceitar a luta mesmo com os conselhos contrários de Rocky, da mãe e da noiva, Bianca (Tessa Thompson).

Apesar de remeter a eventos de Rocky IV (1985), a estrutura da trama é mais parecida com a de Rocky III: O Desafio Supremo (1982), com o protagonista recebendo um desafio de um lutador novato e bruto, embarcando em uma luta para a qual não estava plenamente preparado e precisando se refazer depois. Nesse sentido, Creed 2 acaba sendo bem mais previsível do que seu antecessor, repetindo batidas já conhecidas e deixando pouca dúvida em relação ao que vai acontecer.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Crítica – Sou Carnaval de São Salvador


Análise Crítica – Sou Carnaval de São Salvador


Review – Sou Carnaval de São Salvador
O carnaval da cidade de Salvador é um fenômeno bastante amplo e poderia ser observado sob diferentes pontos de vista, como manifestação cultural, como negócio, como ferramenta política, pela produção musical. Cada um desses aspectos renderia um documentário inteiro por si só e Sou Carnaval de São Salvador tenta a difícil tarefa de falar de tudo isso de uma vez só.

Narrado pelo ator João Miguel, o documentário demonstra uma ampla pesquisa histórica a respeito desta festa popular, explicando com clareza as origens do tema, as diferentes formas que a festa teve ao longo dos anos e também como as diferentes matrizes culturais influenciaram tanto na estrutura da festa quanto nos ritmos musicais tocados. Inclusive há um segmento considerável no qual músicos e maestros explicam de maneira bem didática a influência de deferentes estruturas rítmicas tornando um conhecimento bastante específico acessível até mesmo para leigos. É possível ver a paixão do filme pelo carnaval soteropolitano e o esforço em transmitir essa paixão para o espectador, com muito desse afeto emergindo da acertada narração de João Miguel.

Conheçam os indicados ao Oscar 2019


Oscar nominees 2019

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou hoje, 22 de janeiro, os indicados para a 91ª edição do Oscar. Liderando em número de indicações estão Roma e A Favorita, ambos com dez indicações cada. Pantera Negra fez história ao ser o primeiro filme de super-herói a ser indicado como melhor filme e levou sete indicações ao todo. A entrega dos prêmios acontecerá no dia 24 de fevereiro e depois da polêmica envolvendo o comediante Kevin Hart, a cerimônia não terá um apresentador fixo, contando com diferentes celebridades para apresentar cada bloco da premiação. Confiram abaixo a lista completa de indicados.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Crítica – A Favorita


Análise Crítica – A Favorita


Review – A Favorita
O diretor grego Yorgos Lanthimos constantemente recorre a narrativas que flertam com o fantástico, o sobrenatural e o surrealismo. Nesse sentido, A Favorita é talvez seu filme mais “normal”, mas isso não significa que temas caros ao diretor, como sua investigação do que há no ser humano para além do seu verniz de civilidade, estejam ausentes de seu mais recente trabalho.

A trama se passa na Inglaterra do início do século XVIII durante o reinado da Rainha Anne (Olivia Colman). O país está envolvido em uma dispendiosa guerra e a monarca não vai bem de saúde, delegando a maioria de suas atividades à Lady Sarah (Rachel Weisz), que goza de extrema confiança e favorecimento da rainha. As coisas começam a mudar quando Abigail (Emma Stone), prima distante e pobre de Sarah, chega ao palácio para trabalhar como criada da prima. Abigail aproveita a proximidade da prima com a rainha como uma oportunidade de recuperar o status de outrora, mas para isso precisará tomar o lugar de Sarah como favorita da rainha.