Há um estranhamento inicial em ver Willem Dafoe, um homem de
63 anos, interpretando o pintor Vincent Van Gogh em seus últimos dias, morrendo
aos 37 anos. Não é nada que prejudique a imersão no filme ou existe qualquer
problema na interpretação de Dafoe, só comento porque é uma escolha de casting bem curiosa.
A narrativa acompanha Van Gogh (Willem Dafoe) no período que
ele passou morando no interior da França, no qual ele produziu um enorme número
de pinturas, mas também foi acometido por sucessivos ataques de ansiedade,
sendo eventualmente internado em um sanatório.
O diretor Julian Schnabel, do ótimo O Escafandro e a Borboleta (2007), parece tentar aqui construir uma
experiência sensorial, nos fazendo ver o mundo do modo como Van Gogh via. Ele
faz isso pelo uso de cores fortes e do contraste entre essas cores, criando
imagens que parecem saídas diretamente de pinturas, como na cena em que o verde
intenso das árvores é contrasta com os fortes tons de dourado da luz solar que
banha suas copas.