Tal como aconteceu em Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), filme anterior do diretor Barry Jenkins, este Se A Rua Beale Falasse é, em seu cerne,
a história de vidas cheias de potencial prejudicadas por uma prisão. A trama se
passa na década de 70 e foca no casal Fonny (Stephan James) e Tish (Kiki
Layne). Fonny foi preso por um crime que não cometeu e Tish está grávida dele,
precisando encontrar uma maneira de se sustentar.
Jenkins poderia enquadrar essa história como um suspense,
com uma corrida contra o tempo para provar a inocência de Fonny, mas tal como
seu filme anterior, este aqui é menos sobre grandes momentos bombásticos e mais
sobre o cotidiano das pessoas e como o afeto ou a busca por afeto guia essa
vida do dia a dia. Seu interesse é na subjetividade da experiência de vida da
população negra dos Estados Unidos.
Seus planos são longos, sem pressa, e tem um caráter
bastante contemplativo e poético, encontrando beleza e lirismo nas vidas
daquelas pessoas apesar das dificuldades vivenciadas por elas. Um exemplo é a
narração de Fonny falando sobre querer estar com Tish é colocada em paralelo
com imagens dos dois juntos e de Tish dando banho no filho em um plano cuja
câmera está dentro da banheira, filmando o bebê por baixo, como se a criança
flutuasse no ar.