Na década de 50, na Polônia comunista, uma jovem cantora,
Zula (Joanna Kulig), se apaixona por um maestro francês, Wiktor (Thomasz Kot).
Ao longo dos anos, eles se encontram e se afastam por conta das vidas que cada
um leva, mas se mantem apaixonados um pelo outro. Em seu cerne Guerra Fria é uma típica história de
“amor proibido”, de duas pessoas separadas por questões políticas e sociais que
muitas vezes escapam seu próprio controle. Com essa premissa o filme poderia
ser um dramalhão meloso feito para forçar o choro da audiência, mas o diretor
Pawel Pawlikowski vai na contramão de como esperamos que uma história assim
seja contada.
Essa impressão já surge desde o começo do filme. Nos
primeiros minutos vemos Wiktor perguntar a Zula se os boatos de que ela matou o
pai são verdadeiros. Ela percebe o interesse de Wiktor nela e diz que sabe como
os homens são, parecendo rejeitar o maestro. Na cena seguinte há uma elipse
temporal e já os vemos deitados na grama, em clima de romance. A trama não se
interessa em mostrar o que aconteceu para provocar esse enlace amoroso e
conforme o filme progride, mais e mais elipses acontecem, sempre saltando as
eventuais reviravoltas que provocam afastamentos ou desencontros e indo direto
para os momentos em que estão juntos de novo.