terça-feira, 5 de março de 2019

Lixo Extraordinário – O Mestre do Disfarce


Crítica – O Mestre do Disfarce


Review Lixo Extraordinário – O Mestre do Disfarce
O comediante Dana Carvey se tornou famoso na década de oitenta por conta de seu trabalho no humorístico Saturday Night Live e seu talento para imitações, em especial o modo como imitava o então presidente George H. W. Bush. A fama nos cinemas veio pouco depois quando estrelou ao lado de Mike Myers em Quanto Mais Idiota Melhor (1992) como o headbanger Garth.

Tudo parecia certo de que Carvey se tornaria um comediante tão famoso quanto outros colegas de sua época no SNL como Adam Sandler, Chris Rock ou o próprio Mike Myers, mas um sério problema cardíaco em 1997 o fez diminuir o ritmo. Este O Mestre do Disfarce, escrito pelo próprio Carvey, foi lançado em 2002 com o intuito de retomar sua carreira e relançá-lo ao estrelato, mas foi (merecidamente) um fracasso e Carvey nunca protagonizou outro longa-metragem desde então.

A trama é centrada em Pistachio Disguisey (Dana Carvey) um garçom nova-iorquino de origem italiana que descobre que seu pai, Fabbrizio (James Brolin), secretamente combatia o crime como um “Mestre do Disfarce”, alguém que é capaz de assumir a aparência e voz de qualquer um. Quando Fabbrizio e a mãe de Pistachio (que não tem nome) são sequestrados pelo vilão Devlin Bowman, o protagonista precisará dominar as habilidades de sua família para resgatá-los. Para isso, contará com a ajuda do avô e da assistente, Jennifer (Jennifer Esposito).

segunda-feira, 4 de março de 2019

Crítica – Albatroz


Análise Crítica – Albatroz


Review – Albatroz
Nem sempre uma mistura de ingredientes muito bons resulta em uma boa comida. Às vezes o problema está no preparo e em outros casos está na dificuldade de harmonizar sabores muito díspares entre si. A questão é que nem tudo que é bom isoladamente consegue funcionar em conjunto. Este Albatroz parece misturar Bergman com Lynch, Nolan, Terry Gilliam, Cronenberg e Sebastião Salgado, mas o resultado acaba sendo menor que a soma das partes, quase como se alguém tentasse bater no liquidificador uma mistura de feijoada, sorvete de morango e batata frita.

O fotógrafo Simão (Alexandre Nero) acorda em um hospital sem muita memória de como chegou lá. Ele procura a esposa, Catarina (Maria Flor), mas não a encontra. Confuso, ele vai para casa e encontra uma ex-namorada, Alícia (Andrea Beltrão), que lhe dá uma passagem de trem, informando a Simão onde encontrar Catarina. A partir daí ele embarca em uma jornada na qual ficção, realidade, sonho e delírio se misturam.

O início parece dar a entender que será uma trama mais próxima do noir, com um homem traumatizado jogado em uma investigação sem ter muita certeza do que está acontecendo ou da sua própria realidade. A fotografia reforça a confusão mental dos personagens, trabalhando contrastes entre luz e sombra ou entre cores intensas. Um uso constante de planos horizontalmente inclinados que deixam tudo torto e deformado, além de inserções de fotografias que parecem dialogar com o fluxo de pensamento do personagem.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Crítica – True Detective: 3ª Temporada


Análise Crítica – True Detective: 3ª Temporada


Review – True Detective: 3ª Temporada
Depois de uma excelente primeira temporada, True Detective retornou para uma divisiva segunda temporada que pegava emprestado as estruturas labirínticas do noir e não agradou muita gente. A série ficou em banho-maria por anos, com muitos cogitando que ela não voltaria depois do baixo rendimento do ano dois. Felizmente a HBO reconheceu sua parcela de culpa no problema da segunda temporada, admitindo ter apressado o criador e roteirista Nic Pizzolato para entregar a continuação do excelente ano de estreia. Assim, o canal decidiu dar uma chance à série e essa nova temporada certamente agradará mais os fãs da primeira, embora não chegue a ser tão boa.

A trama se passa no estado Arkansas e segue uma investigação que se desenvolve ao longo de mais de duas décadas. Na década de 70, o detetive Wayne Hays (Mahershala Ali) e seu parceiro Roland (Stephen Dorff) investigam o desaparecimento de duas crianças. Quase dez anos depois o caso é reaberto quando novas provas surgem que indicam que a investigação inicial incorreu em conclusões erradas e décadas depois, um Wayne já idoso e esclerosado dá uma entrevista para um documentário que tenta preencher as lacunas do caso.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Crítica – Não Olhe

Análise Crítica – Não Olhe


Review – Não Olhe
Adolescência é um período de insegurança, de transformação constante, de olhar para o espelho e não se reconhecer refletido ali. Nesse sentido, a ideia de um filme de terror no qual o medo vem do reflexo no espelho parece ser uma promissora metáfora sobre os problemas de autoimagem e autoestima que permeiam essa fase da vida.

A narrativa é protagonizada por Maria (India Eisley) uma adolescente introvertida e com poucos amigos que também se sente inadequada por não atender ao padrões de perfeição de seu exigente pai, Dan (Jason Isaacs). Aos poucos, ela percebe que seu reflexo no espelho se move de maneira autônoma e começa a conversar com Maria, se identificando com Airam (Maria ao contrário, sacaram?). Airam é tudo que Maria queria ser, confiante, segura de si, sem se deixar se abalar pela cobrança dos pais, então a garota vai cada vez mais dando ouvidos ao seu próprio reflexo.

Tudo isso poderia render um bom suspense psicológico, com a personagem cedendo aos seus piores impulsos internos na tentativa de provar a todos que não é a garotinha frágil que todos imaginam e literalmente fazer as pazes com o que vê no espelho. O desenvolvimento, porém, descamba para um slasher genérico no qual Airam vai matando uma a uma todas as pessoas que maltrataram Maria.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Crítica – Calmaria


Análise Crítica – Calmaria

Review – Calmaria
Um ex-militar traumatizado, alcoólatra e sem dinheiro é procurado pela ex-mulher, agora casada com um ricaço. Ela diz que seu atual marido é abusivo e pede ao protagonista que o mate, oferecendo uma enorme soma de dinheiro como recompensa pelo crime. É uma premissa que parece saída diretamente de um noir da década de 40 como A Dama de Xangai (1947) e poderia render uma releitura contemporânea interessante, mas Calmaria prefere ir por um caminho completamente diferente por volta da metade de sua projeção.

Dill (Matthew McConaughey) vive na paradisíaca ilha de Plymouth trabalhando com pesca de atum. Com pouco dinheiro, ele ocasionalmente se deita com Constance (Diane Lane) por dinheiro ou leva turistas para pescar. Sua sorte parece virar quando Karen (Anne Hathaway), sua ex-mulher, aparece em seu barco. Ela oferece dez milhões para que Dill leve seu abusivo marido, Frank (Jason Clarke), em uma pescaria e o mate simulando um acidente. A proposta cria um dilema moral para Dill, que reluta em aceitar.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Crítica – Crimes Obscuros


Análise Crítica – Crimes Obscuros


Review – Crimes Obscuros
No papel, a história real que inspirou este Crimes Obscuros poderia render um ótimo filme. Um escritor polonês assassinou um empresário e anos depois escreveu um romance no qual narrava o crime com precisão, o que acabou chamando atenção da polícia e levando à sua prisão. Seria possível usar essa história para discutir os limites da ficção ou fazer uma narrativa policial metalinguística que tratasse como o gênero em si constrói tramas sobre personagens que buscam evidências do mundo real para criar narrativas que expliquem os fatos investigados. Crimes Obscuros, porém, não faz nada disso e se contenta em ser banal e violento.

No filme, o policial polonês Tadek (Jim Carrey) decide reabrir um caso de assassinato de três anos atrás quando descobre que o escritor Kozlov (Marton Csokas) narrou o crime em detalhes em um de seus romances sendo que as informações do assassinato nunca foram divulgadas ao público. Aos poucos Tadek vai se tornando obcecado em resolver o crime e acaba se aproximando da ex-namorada de Kozlov, Kasia (Charlotte Gainsburg), e cruza limites éticos que comprometem a investigação.

Vencedores do Oscar 2019

Oscar winners 2019

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas entregou ontem, 24 de fevereiro, os prêmios da 91ª edição dos Oscars. Sem apresentador, a premiação acabou correndo de maneira surpreendentemente mais fluida e eu diria que talvez seja um formato melhor para a cerimônia, mais direto, mais focado nos filmes e menos em esquetes engraçadinhos que nem sempre funcionam.

A biografia do cantor Freddie Mercury, Bohemian Rhapsody, levou para casa o maior número de estatuetas, vencendo em quatro categorias. O Oscar de melhor filme, porém, foi para Green Book: O Guia. Além deles, outros grandes vencedores da noite foram Roma e Pantera Negra, cada um com três estatuetas. Confiram abaixo a lista completa, com os vencedores destacados em negrito.

Melhor Filme

Melhor Atriz
Yalitza Aparicio (Roma)
Glenn Close (A Esposa)
Olivia Colman (A Favorita)
Lady Gaga (Nasce Uma Estrela)
Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?)

Melhor Ator
Christian Bale (Vice)
Bradley Cooper (Nasce Uma Estrela)
Willem Dafoe (No Portal da Eternidade)
Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
Viggo Mortensen (Green Book: O Guia)

Melhor Atriz Coadjuvante
Amy Adams (Vice)
Marina De Tavira (Roma)
Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
Emma Stone (A Favorita)
Rachel Weisz (A Favorita)

Melhor Ator Coadjuvante
Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
Adam Driver (Infiltrado na Klan)
Sam Elliott (Nasce uma Estrela)
Richard E. Grant (Poderia Me Perdoar?)
Sam Rockwell (Vice)

Melhor Direção
Spike Lee (Infiltrado na Klan)
Pawel Pawlikowski (Guerra Fria)
Yorgos Lanthimos (A Favorita)
Alfonso Cuarón (Roma)
Adam McKay (Vice)

Melhor Roteiro Original
First Reformed

Melhor Roteiro Adaptado

Melhor Figurino
Duas Rainhas

Melhor Cabelo e Maquiagem
Border
Duas Rainhas

Melhor Direção de Arte/Design de Produção

Melhor Trilha Sonora Original

Melhor Canção Original
All the Stars – Pantera Negra
I’ll Fight – RBG
The Place Where Lost Things Go – O Retorno de Mary Poppins
Shallow – Nasce Uma Estrela
When A Cowboy Trades His Spurs For Wings – A Balada de Buster Scruggs

Melhor Fotografia
Guerra Fria
Never Look Away

Melhor Edição

Melhor Edição de Som

Melhor Mixagem de Som

Melhores Efeitos Visuais
Christopher Robin

Melhor Documentário
Free Solo
Hale County This Morning, This Evening
Minding the Gap
Of Fathers and Sons
RBG

Melhor Animação
Os Incríveis 2
Mirai
Wifi Ralph

Melhor Filme Estrangeiro
Capernaum (Líbano)
Guerra Fria (Polônia)
Never Look Away (Alemanha)
Roma (México)

Melhor Curta Animado
Animal Behavior
Bao
Late Afternoon
One Small Step
Weekends

Melhor Curta em Documentário
Black Sheep
End Game
Lifeboat
A Night at the Garden
Period. End of Sentence.

Melhor Curta em Live-Action
Detainment
Fauve
Marguerite
Mother

Skin

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Vencedores do Framboesa de Ouro 2019

Razzies Winners 2019


O Framboesa de Ouro (ou Razzies em inglês), premiação que “celebra” os piores filmes do ano, entregou hoje suas estatuetas. Apesar de liderar a premiação com maior número de indicações Gotti,  não foi o grande "vencedor" e sim a comédia Holmes & Watson. Ainda não lançada comercialmente no Brasil e estrelada por Will Ferrell e John C. Reilly, a comédia não só levou o prêmio de pior filme e como também foi a que venceu em mais categorias. Entre os demais vencedores estão o presidente Donald Trump e  Cinquenta Tons de Liberdade. Confiram abaixo a lista completa com os vencedores destacados em negrito.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Crítica – The Umbrella Academy: 1ª Temporada


Análise Crítica – The Umbrella Academy: 1ª Temporada


Review – The Umbrella Academy: 1ª Temporada
Considerando o fim iminente da parceria entre a Netflix e a Marvel, além do fato de que todas as séries fruto dessa parceria já foram oficialmente canceladas pela gigante do streaming, era de se imaginar que a Netflix ia buscar outras fontes para abastecer seu catálogo de histórias de super-heróis. Uma das escolhidas foi a graphic novel Umbrella Academy (que não li) criada por Gerard Way e Gabriel Bá, que tem uma boa temporada de estreia.

A trama é praticamente uma versão mais pé no chão do que aconteceria se alguém juntasse um grupo de adolescente e os treinasse para ser super-heróis (pensem nos X-Men). Uma ocorrência extraordinária faz quarenta e três mulheres ao redor do mundo parirem filhos mesmo sem que estivessem grávidas. O bilionário Reginald Hargreeves (Colm Feore) reúne sete dessas crianças e as treina para utilizar suas habilidades especiais combatendo o crime. A equipe se revela ao público quando eles ainda são adolescentes, mas com o tempo ela se dissolve. A equipe se reencontra anos depois quando Reginald morre misteriosamente. Luther (Tom Hopper), o antigo líder da equipe desconfia que ele pode ter sido assassinado e as coisas ficam ainda mais estranhas quando Cinco (Aidan Gallagher), que tinha desaparecido anos atrás ao tentar viajar no tempo, reaparece através de um portal, ainda com a mesma aparência de quando sumiu.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Crítica – High Flying Bird


Análise Crítica – High Flying Bird


Review – High Flying Bird
O diretor Stephen Soderbergh continua a experimentar com novos dispositivos ou meios de distribuição. Em High Flying Bird, produzido pela Netflix, o diretor volta a filmar usando iPhone tal como fez em Distúrbio (2018). Escrito por Tarell Alvin McCraney, responsável pelo texto de Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), o filme se passa nos bastidores a NBA, a liga de basquete dos Estados Unidos.

Na trama, a temporada está paralisada há meses por conta de um impasse nas negociações entre jogadores e cartolas. Por conta disso ninguém está sendo pago, incluindo o agente esportivo Ray Burke (André Holland) que corre o risco de perder o emprego caso a paralisação não seja resolvida. O principal cliente de Ray, Erick Scott (Melvin Gregg), um jovem jogador que acabou de ser contratado pelos Knicks, também está sendo prejudicado. Diante dos problemas, Ray decide armar uma situação arriscada para forçar a situação a se resolver.

O que começa como um drama ao estilo Jerry Maguire: A Grande Virada (1996) logo se torna uma espécie de filme de golpe ou filme de assalto conforme Ray cria estratégias para tirar o foco das negociações e trazer de volta para os jogadores. O agente não faz isso para sabotar a NBA, mas justamente o amor ao jogo em si que, para ele, se perdeu em um pensamento apenas focado em negócios, marcas e politicagens internas da cartolagem, um “jogo dentro do jogo” como diz o veterano treinador Spence (Bill Duke).