Dirigido por Panos Cosmatos, este Mandy: Sede de Vingança é daqueles filmes cuja força não vem da
história que conta, mas de como ele conta sua história. Em termos de trama é
uma narrativa de vingança bem típica, mas em termos de ritmo ou visual é algo
singular demais para ser ignorado.
A narrativa é centrada no casal Red (Nicolas Cage) e Mandy
(Andrea Riseborough). Os dois vivem de modo pacato em uma cabana na floresta à
beira de um lago, mas o cotidiano do casal é brutalmente interrompido com a
chegada do culto liderado por Jeremiah (Linus Roache), que sequestra Mandy por
pensar que ela terá um papel importante a desempenhar em seu culto. Assim, Red
embarca em uma insana jornada de vingança.
Era de se imaginar que um filme com essa premissa fosse
enfiar o pé no acelerador desde o início, mas Cosmatos parece entender que a
catarse da violência precisa de investimento emocional para acontecer. Assim, a
primeira metade do filme caminha lentamente para nos mostrar o cotidiano
idílico daquele casal, a vida na natureza sem preocupações ou problemas e o
afeto que há entre eles. E o diretor consegue fazer isso com poucos diálogos,
se fiando apenas na força de suas imagens, constantemente tratadas com filtros
de cor que fazem o azul do lago e o verde da floresta parecerem ainda mais
intensos, e no desempenho dos atores, que convocam esse senso de afeto apenas
pela maneira como olham um para o outro.