Com mais de dez anos e duas dezenas de filme, o universo
cinematográfico da Marvel já mostrou claramente que tem um “padrão” para
introduzir seus personagens e contar suas origens e em geral esse formato tem
funcionado, apesar de claramente já podermos ver as engrenagens funcionando e a
essa altura o cansaço começa a se assentar. Eu imaginei que Capitã Marvel poderia mexer com essa
fórmula ao mostrar a personagem em busca de seu passado, mas o resultado acaba
sendo só mais uma história de origem com pouca personalidade.
A trama é centrada em Carol Danvers (Brie Larson), membro da
Força Estelar dos Kree, raça de alienígenas que está envolvida em uma longa
guerra com os transmorfos Skrull. Carol, no entanto, tem sonhos com uma vida no
planeta Terra e durante uma missão envolvendo o líder Skrull, Talos (Ben
Mendelsohn), ela acaba vindo parar no nosso planeta e parte em busca da própria
origem ao mesmo tempo em que tenta descobrir os planos de Talos.
Carol é o arquétipo do herói em busca do próprio passado
(pensem em Jason Bourne ou no Wolverine), alguém presa às lacunas de sua origem
e que por isso carece de um senso de propósito. O problema nem é o lugar-comum
do arco narrativo da protagonista, mas a maneira como o filme resolve contá-lo,
preferindo recorrer a uma quantidade excessiva de diálogos expositivos e uma
montagem picotada que falam sobre as dificuldades de Carol sem, no entanto, dar
o devido espaço para que sintamos o peso disso tudo sobre a personagem.