Há séculos a comédia é considerada um gênero “inferior”. Na
Idade Média, por exemplo, instituições como a Igreja Católica concebiam o riso
e o cômico como frutos de mentes ignóbeis, incultas e de baixa espiritualidade.
Essa visão sobre a comédia como uma arte “menor” segue ainda nos dias de hoje
então é sempre válido levantar a discussão sobre a legitimidade da comédia e
foi isso que me atraiu a assistir este Chorar
de Rir. Tudo bem que não é a primeira vez que um comediante desnuda em tela
suas angústias por ser subestimado enquanto artista “sério”, Chris Rock já
tinha feito algo semelhante alguns anos atrás no excelente No Auge da Fama (2014), mas ainda assim é importante que o cinema
brasileiro levante essa bola e traga essa discussão para o nosso contexto.
Nilo (Leandro Hassum) é um comediante de sucesso e está
prestes a receber um prêmio como melhor comediante do ano. Durante a cerimônia
ele se sente desprezado, ignorado e maltratado pelos vencedores das categorias
dramáticas. Assim, ele se torna determinado a ser levado a sério por seus pares
e ser considerado um artista “de verdade” ao produzir sua própria montagem de
Hamlet e se colocando no papel-título.