O diretor Jordan Peele pegou todo mundo de surpresa com o
excelente Corra! (2017), no qual
usava o terror para falar sobre questões de racismo. Diante de uma estreia tão
extraordinária como diretor, a expectativa para este Nós, seu segundo filme, era alta e ele não decepciona.
A trama acompanha a família formada pelo casal Addy (Lupita
Nyong’o) e Gabe (Winston Duke) e seus dois filhos, Jason (Evan Alex) e Zora
(Shahadi Wright Joseph), que estão de férias em sua casa de praia. A
tranquilidade da família é interrompida quando casa é atacada por um grupo de doppelgängers,
ou “duplos”, pessoas completamente iguais a cada um dos membros da família.
Falar mais seria estregar a experiência de quem ainda vai
assistir, já que esse é um daqueles filmes que é melhor ver sabendo o mínimo
possível do que acontece. Tal como Corra!
a narrativa se presta a diferentes leituras enquanto metáfora para a sociedade e o
seu funcionamento. É possível ler os “duplos” que viviam no subterrâneo da
sociedade como uma metáfora para as camadas marginalizadas e desfavorecidas,
com a ideia de torná-los idênticos a outras pessoas um meio de identificar a
humanidade que há neles e o fato de que não são diferentes de nós.