A 3ª Mostra Lugar de Mulher é No Cinema começa a partir do
dia 25 de março em Salvador com atividades na Sala Walter da Silveira, Goethe
Institut e Sesc Pelourinho. Com exibições de curtas
protagonizados e dirigidos por mulheres de todo país, o evento busca
disseminar o conteúdo brasileiro realizado pelo olhar feminino, promover debate
sobre o assunto e fomentar a cultura do audiovisual nacional. Criado pelas
cineastas Hilda Lopes Pontes, Lilih Curi e Moara Rocha, o festival entra em sua
terceira edição apenas pelo desejo das três artistas e da equipe que reuniram
de trazer para a cidade um projeto com esta perspectiva e enfoque.
domingo, 24 de março de 2019
3 ª Mostra Lugar de Mulher é No Cinema chega a Salvador
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Notícias
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sexta-feira, 22 de março de 2019
Crítica – O Retorno de Ben
Muitos filmes tratam sobre o vício em drogas, sobre as
consequências dele nas pessoas ao redor do viciado. O recente Querido Menino tentou fazer isso a
partir de uma relação entre pai e filho, mas se perdia em um excesso de
exposição. Este O Retorno de Ben foca
na relação entre mãe e filho e nas feridas abertas que o vício do filho deixou
em ambos.
Na véspera de Natal, Holly (Julia Roberts) chega em casa e
descobre que seu filho Ben (Lucas Hedges), um viciado em tratamento, saiu da
reabilitação para passar o feriado com a família. O retorno dele é visto com
alegria por Holly, mas com desconforto pelo resto da família, em especial pela
irmã mais velha, Ivy (Kathryn Newton), e pelo padrasto, Neal (Courtney B.
Vance), que lembram bem dos problemas trazidos por ele.
Com uma narrativa que se passa inteira ao longo de um dia, o
filme usa o reencontro de mãe e filho para explorar as marcas deixadas em cada
um deles por conta dos problemas de Ben. Ao longo do dia vemos vir à tona
sentimentos acumulados e não ditos há anos e como todas essas feridas
culminaram no modo como esses personagens são no momento em que nós os
conhecemos.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quinta-feira, 21 de março de 2019
Crítica – Operação Fronteira
Um grupo de soldados monta uma operação ilegal e fora dos
registros para roubar dinheiro de um criminoso internacional, essa é a premissa
inicial do ótimo e pouco visto Três Reis
(1999). Este Operação Fronteira parte
de um similar ponto de partida, mas o objetivo do diretor J.C Chandor é
relativamente diferente.
A trama começa quando Santiago (Oscar Isaac), que está em
missão na Colômbia, descobre que um poderoso narcotraficante está escondido em
uma mansão na selva no qual guarda toda sua fortuna. Ele então bola um plano
para atacar a mansão matar o traficante, a quem persegue há anos, e roubar todo
seu dinheiro. Para isso resolve chamar antigos companheiros de exército. Tom
(Ben Affleck), que agora tenta ganhar a vida como corretor de imóveis, é o que
mais demora a ser convencido, enquanto os demais aceitam rapidamente a
oportunidade de voltar à ação.
Se Três Reis mostrava
os protagonistas se dando conta dos problemas causados pela presença dos EUA em
uma zona de guerra que nada tinham a ver e que suas ações faziam pouco para
ajudar a população local, Operação
Fronteira está mais preocupado em abordar as consequências morais dos atos
de ganância de seus personagens. Desta maneira, conforme eles tentam sair do país
cheios de malas de dinheiro, o filme se torna uma mistura de O Tesouro da Sierra Madre (1948) e O Comboio do Medo (1977).
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 20 de março de 2019
Crítica – Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral
O primeiro Cine Holliúdy (2013), produção do diretor cearense Halder Gomes, era uma comédia
falha, mas bastante simpática, que conquistava por seu carisma e sinceridade.
Essa continuação, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral traz o mesmo
encantamento de antes, mas também uma parcela dos mesmos problemas.
Avançando alguns anos, a trama agora se passa nos anos 80 e
com a consolidação da televisão nas cidades do interior, o cinema de
Francisgleydisson (Edmilson Filho) vai à falência e ele vende o imóvel para uma
igreja evangélica liderada pelo Apóstolo (também Edmilson Filho). Falido, ele
vai com a esposa, Maria das Graças (Miriam Freeland), e o filho Francin
(Ariclenes Barroso) morar com a sogra. Uma nova ideia surge na mente dele
quando, depois de uma noite de bebedeira, vê um amigo do bar ser abduzido por
alienígenas e assim ele pensa em fazer um filme sobre o tema. Para tal, ele
pede financiamento para o prefeito Olegário (Roberto Bomtempo), que está tentando
eleger a amante, Justina (Samantha Schmutz) como sua sucessora.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
terça-feira, 19 de março de 2019
Crítica – Nós
O diretor Jordan Peele pegou todo mundo de surpresa com o
excelente Corra! (2017), no qual
usava o terror para falar sobre questões de racismo. Diante de uma estreia tão
extraordinária como diretor, a expectativa para este Nós, seu segundo filme, era alta e ele não decepciona.
A trama acompanha a família formada pelo casal Addy (Lupita
Nyong’o) e Gabe (Winston Duke) e seus dois filhos, Jason (Evan Alex) e Zora
(Shahadi Wright Joseph), que estão de férias em sua casa de praia. A
tranquilidade da família é interrompida quando casa é atacada por um grupo de doppelgängers,
ou “duplos”, pessoas completamente iguais a cada um dos membros da família.
Falar mais seria estregar a experiência de quem ainda vai
assistir, já que esse é um daqueles filmes que é melhor ver sabendo o mínimo
possível do que acontece. Tal como Corra!
a narrativa se presta a diferentes leituras enquanto metáfora para a sociedade e o
seu funcionamento. É possível ler os “duplos” que viviam no subterrâneo da
sociedade como uma metáfora para as camadas marginalizadas e desfavorecidas,
com a ideia de torná-los idênticos a outras pessoas um meio de identificar a
humanidade que há neles e o fato de que não são diferentes de nós.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 18 de março de 2019
Crítica – Chorar de Rir
Há séculos a comédia é considerada um gênero “inferior”. Na
Idade Média, por exemplo, instituições como a Igreja Católica concebiam o riso
e o cômico como frutos de mentes ignóbeis, incultas e de baixa espiritualidade.
Essa visão sobre a comédia como uma arte “menor” segue ainda nos dias de hoje
então é sempre válido levantar a discussão sobre a legitimidade da comédia e
foi isso que me atraiu a assistir este Chorar
de Rir. Tudo bem que não é a primeira vez que um comediante desnuda em tela
suas angústias por ser subestimado enquanto artista “sério”, Chris Rock já
tinha feito algo semelhante alguns anos atrás no excelente No Auge da Fama (2014), mas ainda assim é importante que o cinema
brasileiro levante essa bola e traga essa discussão para o nosso contexto.
Nilo (Leandro Hassum) é um comediante de sucesso e está
prestes a receber um prêmio como melhor comediante do ano. Durante a cerimônia
ele se sente desprezado, ignorado e maltratado pelos vencedores das categorias
dramáticas. Assim, ele se torna determinado a ser levado a sério por seus pares
e ser considerado um artista “de verdade” ao produzir sua própria montagem de
Hamlet e se colocando no papel-título.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sexta-feira, 15 de março de 2019
III Mostra Lugar de Mulher é No Cinema divulga filmes selecionados
A terceira edição da Mostra Lugar de Mulher é No Cinema, que
acontecerá em Salvador entre os dias 25 e 31 de março, anunciou o conjunto de
produções selecionadas para a exibição no evento. Foram 653 produções inscritas
e 99 escolhidas, sendo 51 da "Selecionada" e 48 da
"Matinê". No último dia de exibição, no Goethe-Insitut, serão
anunciados os vencedores da noite, pelo júri formado por artistas e
pesquisadoras da área, durante a cerimônia de premiação, às 21h.
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Notícias
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 13 de março de 2019
Crítica – Atlanta: Robbin’ Season
Quando escrevi sobre a primeira temporada de Atlanta, mencionei o quanto a série era
esquisita. Pois essa Robbin’ Season,
sua segunda temporada, aposta ainda mais no bizarro e no absurdo, com muitos
episódios entrando diretamente no terreno do realismo fantástico ou até mesmo
do surrealismo. O título dessa segunda temporada, Robbin’ Season é referência ao período de algumas semanas antes do
Natal no qual os roubos aumentam exponencialmente conforme o feriado se
aproxima, criando uma literal “temporada de roubos”. O texto a seguir contem
alguns SPOILERS.
Apesar de haver um arco grande envolvendo a tentativa de
Earn (Donald Glover) em consolidar a carreira de seu primo Alfred (Brian Tyree
Henry), o rapper Paper Boi, a maioria dos episódios funciona como histórias
autocontidas com apenas algumas poucas referências ao arco maior. Tal como na
primeira temporada, a série experimenta bastante com o formato e aqui arrisca a
fazer vários episódios centrados em apenas um personagem, como o que mostra
Alfred tentando cortar o cabelo, ou o que Vanessa vai a uma festa na casa do rapper
Drake.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
terça-feira, 12 de março de 2019
Crítica – Megarromântico
A proposta inicial de Megarromântico
parece ser a de criticar os restritos ideais de beleza e excesso de
idealização dos relacionamentos nas comédias românticas hollywoodianas. Ao
longo de sua execução o filme demonstra certa confusão em relação à sua
proposta, aderindo às próprias convenções que parecia criticar. Dessa maneira,
ele nunca atinge a contundência de algo como 500 Dias Com Ela (2009) que também mostrava as consequências de
idealizar demais um relacionamento e imaginar que na vida tudo se desenrola
igual a uma comédia romântica.
A narrativa é centrada em Natalie (Rebel Wilson) uma
arquiteta que desde pequena foi ensinada pela mãe a não acreditar no que o
cinema diz sobre o amor e cresceu rejeitando a ideia de amor romântico
construída pelo cinema. Um dia ela é assaltada no metrô e bate a cabeça com
força, ao acordar ela descobre que está dentro de uma comédia romântica na qual
um bonitão, Blake (Liam Hemsworth). se apaixona por ela sem motivo algum, da
mesma forma que uma bela instrutora de yoga, Isabella (Priyanka Chopra), se
apaixona por Josh (Adam Devine), melhor amigo de Natalie.
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domingo, 10 de março de 2019
Crítica – Capitã Marvel
Com mais de dez anos e duas dezenas de filme, o universo
cinematográfico da Marvel já mostrou claramente que tem um “padrão” para
introduzir seus personagens e contar suas origens e em geral esse formato tem
funcionado, apesar de claramente já podermos ver as engrenagens funcionando e a
essa altura o cansaço começa a se assentar. Eu imaginei que Capitã Marvel poderia mexer com essa
fórmula ao mostrar a personagem em busca de seu passado, mas o resultado acaba
sendo só mais uma história de origem com pouca personalidade.
A trama é centrada em Carol Danvers (Brie Larson), membro da
Força Estelar dos Kree, raça de alienígenas que está envolvida em uma longa
guerra com os transmorfos Skrull. Carol, no entanto, tem sonhos com uma vida no
planeta Terra e durante uma missão envolvendo o líder Skrull, Talos (Ben
Mendelsohn), ela acaba vindo parar no nosso planeta e parte em busca da própria
origem ao mesmo tempo em que tenta descobrir os planos de Talos.
Carol é o arquétipo do herói em busca do próprio passado
(pensem em Jason Bourne ou no Wolverine), alguém presa às lacunas de sua origem
e que por isso carece de um senso de propósito. O problema nem é o lugar-comum
do arco narrativo da protagonista, mas a maneira como o filme resolve contá-lo,
preferindo recorrer a uma quantidade excessiva de diálogos expositivos e uma
montagem picotada que falam sobre as dificuldades de Carol sem, no entanto, dar
o devido espaço para que sintamos o peso disso tudo sobre a personagem.
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