quinta-feira, 11 de abril de 2019

Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas


Análise Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas


Resenha Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas
Dirigido por John Cameron Mitchell a partir de uma história escrita por Neil Gaiman (responsável também por escrever Deuses Americanos), Como Falar Com Garotas em Festas encanta pelos personagens esquisitos e senso visual, mas nem sempre tem substância suficiente para acompanhar seu estilo.

A trama se passa na Londres da década de 70 e acompanha um grupo de jovens em uma banda punk rock. Um desses jovens é o tímido Enn (Alex Sharp), que durante uma festa encontra um grupo de alienígenas que está viajando pelo universo e conhece a curiosa Zan (Elle Fanning), que fica muito entusiasmada com a possibilidade de sair daquele lugar e conhecer o mundo dos humanos. Assim, os dois começam a passear por Londres ao mesmo tempo em que os líderes do povo de Zan começam a procurá-la por ela ter abandonado o grupo.

Se a premissa “punks vs aliens” não for o suficiente para despertar a curiosidade sobre este filme, nada mais a respeito dele o fará, já que a melhor qualidade da trama é justamente sua atmosfera aloprada, investindo em personagens insólitos e visuais psicodélicos. Mesmo sem muito desenvolvimento em muitas das figuras que encontramos ao longo da narrativa, a trama consegue criar figuras curiosas e excêntricas como a rainha punk interpretada por Nicole Kidman ou a deslumbrada mãe de Enn que passa seus dias rememorando seus quinze minutos de fama.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Rapsódias Revisitadas – Ladrões de Bicicleta


Análise Crítica - Ladrões de Bicicleta


Review - Ladrões de Bicicleta
Dirigido por Vittorio De Sica, Ladrões de Bicicleta é um dos principais e mais lembrados filmes do neo-realismo italiano. O marco inicial do movimento é normalmente considerado Roma, Cidade Aberta (1945), de Roberto Rossellini, mas Ladrões de Bicicleta tem um olhar um pouco menos pessimista que filmes de Rossellini do período como o próprio Roma, Cidade Aberta ou Alemanha Ano Zero (1948).

A narrativa se passa na Itália devastada após a Segunda Guerra Mundial. Antonio (Lamberto Maggiorani) precisa desesperadamente de um emprego para sustentar sua família. Quando ele consegue um trabalho colando cartazes, seu chefe diz que ele precisa ter uma bicicleta, mas Antonio penhorou a sua. Sem escolha, a esposa de Antonio vende alguns bens da família para resgatar a bicicleta, mas já nos primeiros dias de trabalho a bicicleta de Antonio é roubada. Sem meios para fazer seu trabalho, Antonio e o filho correm pelas ruas de Roma em busca da bicicleta e do ladrão.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Crítica – Loja de Unicórnios


Análise Crítica – Loja de Unicórnios


Review – Loja de Unicórnios
Estreia da atriz Brie Larson como diretora, Loja de Unicórnios parecia ser algo excêntrico e aloprado como Quero Ser John Malkovich (1999), mas lamentavelmente vai ficando cada vez mais convencional conforme a trama segue, mais por conta do texto do que das escolhas de Larson como realizadora.

Kit (Brie Larson) é um jovem que sonha em ser artista, mas é expulsa da faculdade pelos professores, que detestam seu trabalho. Voltando a morar com os pais e sem perspectiva de vida, ela aceita um trabalho temporário em uma empresa que fabrica aspiradores de pó. Infeliz nesse trabalho convencional, ela vê a perspectiva de mudar de vida quando é contatada por um misterioso vendedor (Samuel L. Jackson) que lhe promete um unicórnio se Kit se mostrar digna e responsável o suficiente.

O visual colorido da loja contrastando com a fotografia naturalista ajuda a criar um clima de realismo fantástico, assim como a interpretação exagerada de Samuel L. Jackson como o bizarro vendedor de unicórnios. A questão é que a despeito de toda essa premissa incomum, quanto mais o filme avança, mais ele vai se tornando extremamente similar a uma onda de indies similares sobre pessoas jovens excêntricas e imaturas precisando encontrar seu lugar no mundo e inevitavelmente amadurecer.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Crítica – Power Rangers: Battle For The Grid


Análise Crítica – Power Rangers: Battle For The Grid


Review – Power Rangers: Battle For The Grid
Os últimos jogos realmente bons dos Power Rangers foram lançados lá na era 16 bits, com as versões para Mega Drive e Super Nintendo de Power Rangers The Movie, que eram relativamente diferentes entre si. De lá para cá foram lançados jogos para diferentes consoles, a imensa maioria de qualidade duvidosa.

Os dois últimos que joguei foram Lightspeed Rescue e Time Force ambos para o primeiro Playstation e ambos muito ruins. O que saiu até então me escapou, inclusive porque parei de acompanhar a série, mas confesso que fiquei curioso com o anúncio deste Power Rangers: Battle For The Grid, jogo de luta em equipes de 3 vs 3 estilo Marvel Vs Capcom. Depois de ter passado um considerável tempo com ele, devo dizer que é o melhor game dos Rangers em muito tempo.

A narrativa é baseada no arco Shattered Grid dos quadrinhos no qual o vilão Lord Drakkon, uma versão do Tommy Oliver de um universo paralelo que se manteve maligno mesmo depois do feitiço de Rita Repulsa ser quebrado, viaja pelo multiverso caçando Rangers para roubar seus poderes e assim controlar a grade de morfagem. Explico tudo isso porque quem não estiver familiarizado com a história não irá receber muito mais do modo Arcade que vem no jogo.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Crítica – Um Ato de Esperança


Análise Crítica – Um Ato de Esperança


Review – Um Ato de Esperança
Um Ato de Esperança começa propondo um debate moral bastante complexo. A juíza Fiona Maye (Emma Thompson) precisa julgar um caso envolvendo um adolescente com leucemia que precisa de uma transfusão de sangue urgente, mas os pais estão proibindo o procedimento por serem Testemunhas de Jeová e a religião proíbe esse tipo de operação. Seria, em essência, um questionamento acerca de liberdade religiosa versus proteção da vida humana. Até que ponto o Estado deve ou não intervir no princípio da liberdade religiosa e de expressão ou se a proteção da vida de um menor de idade é suficiente para interferir nas liberdades individuais, o que poderia configurar um precedente perigoso.

O problema é que a narrativa praticamente não realiza essa discussão, com o caso sendo decidido antes mesmo que o filme chegue à metade e com a argumentação do julgamento não chegando nem perto de alcançar a complexidade dos temas em pauta. O que sobra depois que Fiona decide sobre a vida do jovem Adam (Fionn Whitehead, que protagonizou Dunkirk) não é suficiente para sustentar cerca de uma hora de projeção.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Crítica – Duas Rainhas


Análise Crítica – Duas Rainhas


Review – Duas Rainhas
Duas Rainhas parecia aquele tipo de filme feito para ser indicado a vários prêmios. Era um drama histórico, protagonizado por duas jovens atrizes badaladas e talentosas e com um grande apuro técnico. O filme, no entanto, só conseguiu duas indicações ao Oscar, não levando nenhuma e talvez tenha sido esse baixo desempenho que fez as distribuidoras brasileiras empurrarem para abril o lançamento do filme por aqui, já que sem o burburinho das premiações seria difícil ele competir com obras com mais menções lançadas no mesmo período.

A narrativa, baseada em fatos reais, conta a história de Mary (Saoirse Ronan) rainha da Escócia que aos dezessete anos volta ao país para assumir trono depois de ficar viúva do monarca francês com o qual estava casada. O retorno dela não é bem visto por membros da corte como líder religioso John Knox (David Tennant), que não aceita ser governado por uma católica (a Escócia e a Inglaterra eram protestantes) e uma mulher. Mary tenta conseguir apoio com a prima, a rainha Elizabeth I (Margot Robbie) da Inglaterra, mas aos poucos a relação das duas começa a erodir graças a diferentes conselheiros que instigam conspirações entre as duas.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Crítica – Shazam!


Análise Crítica – Shazam!


Review – Shazam!
Desde sua divulgação Shazam! se vendia como uma espécie de Quero Ser Grande (1988) com super-heróis e, bem, o resultado final é exatamente isso. Uma mistura de comédia e aventura que remete ao mesmo padrão e estrutura das coisas que a Marvel vem fazendo, com tudo de bom e ruim que isso acarreta.

Billy Batson (Asher Angel) é um jovem adolescente que constantemente foge dos lares adotivos nos quais reside para tentar encontrar a mãe biológica, de quem se perdeu quando ainda era muito novo. Ele acaba indo parar na Filadélfia e é colocado em um novo lar adotivo, no qual conhece Freddy (Jack Dylan Grazer), um jovem deficiente, que caminha com ajuda de muletas e fã de super-heróis. Um dia Billy é transportado para a caverna na qual vive o mago Shazam (Djimon Hounsou), que transfere seus poderes Billy, transformando-o em um herói (Zachary Levi) capaz de proteger o mundo dos monstros que representam os sete pecados capitais.

O filme reverbera temas de poder e responsabilidade de maneira relativamente similar ao que fez Homem Aranha: De Volta ao Lar (2017), com o protagonista se deslumbrando com a possibilidade de ser super-herói, relegando os amigos e seu cotidiano escolar. Também trabalha com a noção de família, em especial com a ideia de que família não apenas aquela na qual nascemos, mas também a que escolhemos. Nesse sentido, o filme acerta ao apresentar o lar adotivo de Billy com um espaço de acolhimento e aceitação, evitando o clichê típico de representar esses lugares como um espaço de abandono e maus tratos.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Crítica – Coisa Mais Linda


Análise Crítica – Coisa Mais Linda


Review – Coisa Mais Linda
Comecei a assistir Coisa Mais Linda, nova série brasileira da Netflix, sem saber muita coisa exceto que se passava no Rio de Janeiro na década de 50 e mostrava um pouco do cenário musical da cidade. O que encontrei acabou me surpreendendo positivamente, já que a série não apenas visava uma mera reconstrução histórica, mas também contemporizar várias questões do período, como o machismo, o racismo e um certo elitismo cultural, ao mesmo tempo que celebra essa belle époque da cultura carioca e brasileira.

A narrativa é centrada em Malú (Maria Casedevall), um jovem mulher da elite agrária paulista que vai ao Rio de Janeiro encontrar o marido, que foi para a cidade para abrir um restaurante. Chegando lá Malú descobre que o marido a abandonou e levou consigo todo o dinheiro do casal. Sem perspectivas, ele decide continuar o empreendimento do marido por conta própria, dessa vez transformando-o em um clube de música. Para tal, ela contará com a ajuda das amigas Adélia (Pathy Dejesus), Lígia (Fernanda Vasconcellos) e Thereza (Mel Lisboa).

A trama mostra a dificuldade dessas mulheres em conseguirem independência e respectivos espaços de trabalho. Thereza é jornalista, mas é relegada a pautas consideradas “femininas” como moda e culinária, cujo objetivo é ensinar as mulheres que leem esse material a serem “belas, recatadas e do lar”. Mais de uma vez ela ouve do chefe que mulheres são mais difíceis de trabalhar e homens são mais objetivos na função. Inclusive, o único meio de convencer os superiores a contratar outra redatora mulher, é que ela será mais barata do que contratar um homem.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Crítica – Vox Lux: O Preço da Fama


Análise Crítica – Vox Lux: O Preço da Fama


Review – Vox Lux: O Preço da Fama
Ano passado Nasce Uma Estrela contou uma história de amor que exibia um certo pessimismo e desencanto em relação ao mundo da música. Quem não era destruído por ele, como o protagonista Jackson (Bradley Cooper), arriscava perder sua identidade e se tornar mais um produto pasteurizado dessa máquina de moer gente, como a protagonista Ally (Lady Gaga). Este Vox Lux: O Preço da Fama tenta também fazer um comentário desencantando sobre o meio, o egocentrismo que o domina e como as pessoas se perdem em meio a tudo isso. A questão é que Vox Lux: O Preço da Fama parece deslumbrado demais com suas próprias afetações para ser contundente na sua crítica das afetações do meio.

A trama começa ainda na década de 90, com a protagonista, Celeste (Raffey Cassidy), ainda uma adolescente que sonha em fazer sucesso no mundo da música. Quando um atirador entra na escola de Celeste, matando vários de seus colegas e ferindo a própria, Celeste e a irmã, Eleanor (Stacy Martin), compõem uma canção sobre superar o trauma. A música chama a atenção da mídia nacional, catapultando Celeste ao estrelato. A fama leva à sua perda de inocência e a reencontramos já adulta, agora interpretada por Natalie Portman, como uma diva pop que tenta reerguer a carreira depois de vários escândalos envolvendo drogas.

terça-feira, 26 de março de 2019

Rapsódias Revisitadas – Crônica de um Verão


Resenha – Crônica de um Verão


Review – Crônica de um Verão
Lançado em 1961, Crônica de um Verão, dirigido por Jean Rouch e Edgar Morin, se pretendia a ser “um experimento em cinema verdade” (cinema verité em francês). Sua ideia era retratar a verdade de um encontro e como, nesse encontro, se negociaria uma interação entre realizador e sujeitos filmados e dessa negociação emergiria a verdade dessas interações.

Assim, se no documentário tradicionalmente observativo o cineasta assume a função de “mosca na parede” ficando invisível do registro e fazendo o máximo para não interferir, no cinema verité proposto por Rouch e Morin neste filme, o cineasta seria uma “mosca na sopa”, completamente imbricado no registro e interagindo diretamente com os sujeitos.

O começo é relativamente simples, com uma pessoa vagando pelas ruas de Paris perguntando as pessoas se elas são felizes. Essas cenas iniciais mostram encontros fortuitos e interações não planejadas nas quais a entrevistadora constrói o conteúdo ao reagir às respostas dos entrevistados.